Do Livro tudo começou com Maquiavel: Hegemonia e Bloco Histórico em Gramsci.



Hegemonia e Bloco Histórico em Gramsci.

Luciano  Gruppi.

O que significa o conceito de hegemonia em Gramsci, para responder tal interrogação é necessário buscar a compreensão de outro conceito ao que se refere à ditadura do proletariado.

 A  uma situação prática desenvolvida por outro teórico Lenin, a reflexão a respeito da derrota operária soviética em 1905.  Quando a classe trabalhadora  não  tinha uma hegemonia ideológica  e cultural para revolução.

Gramsci chama a ditadura do proletariado de hegemonia, porque quer entender a função dos dirigentes políticos que orientam os procedimentos operários para o processo de transformação da sociedade.

 O que é fundamental a um processo de coerção de ideologia, de consenso de práticas e persuasão para transformação da sociedade, a mudança do sistema capitalista em defesa da sociedade socialista, formas diferentes de Estados.

Quando Gramsci salienta a ditadura do proletariado, existe um motivo para tal procedimento, o que explicarei aqui, esse conceito sempre foi considerado de forma distorcida, o que era explicado pelas classes dirigentes, não significava objetivamente sua etimologia.

Como se algo limitado apenas a uma ação de violência,  ou como a limitação de liberdade, e não como essencial a capacidade dos dirigentes para orientação da mudança política do Estado.

Gramsci sempre salientou esse aspecto na medida  em que avançava a construção para o regime soviético. Sempre usava o conceito para refletir a experiência que possibilitou a primeira revolução socialista na Rússia, porque foi possível a revolução nesse país e não em outros lugares na Europa, particularmente Itália.

Era necessário compreender as diferenças que existia entre uma sociedade e outras no mesmo continente europeu, a relação do poder político na Rússia czarista, e por outro,  em país  como a Itália onde o capitalismo era relativamente desenvolvido.  A grande pergunta de Gramsci existia ou não condições objetivas para revolução em outras partes do mundo?

A resposta dada por Gramsci na Rússia o Estado era tudo, a sociedade civil nada, primitiva e desarticulada, enquanto isso em outras partes da Europa havia uma relação mais equilibrada entre Estado e a sociedade, isso que tem que ser entendido, na questão hegemônica formulada por Gramsci.

Em outros países da Europa existia sólida relação entre o Estado e sociedade cível, o Estado era então apenas uma estrutura avançada, por trás dele tinha uma composição de classes que sustentavam a estrutura política do mesmo. Aqui está a diferença fundamental.

Esse mesmo mecanismo não existia na parte oriental da Europa, particularmente na Rússia, essa foi a tentativa de explicação dada por Gramsci o porquê do fracasso da revolução em outras partes do continente europeu, naturalmente que a resposta se prende também a outros fatores.  

A partir dessa conclusão Gramsci percebeu a necessidade de uma estratégia revolucionária diferente para outras partes da Europa, particularmente a Itália, é preciso conhecer a essência de uma sociedade política diz Gramsci, a partir desse conhecimento teorizado, que leve em conta a complexidade da sociedade e a articulação dela, suas relações de forças contra revolucionárias. Então a exigência de uma nova estratégia revolucionária, uma nova forma de compreender a revolução.

Não se pode fazer na Itália o que foi feito na Rússia, Gramsci percebe isso com sapiência, o movimento político real na Itália era outro, como poderia resolver a questão de hegemonia ideologia na Itália, imitando o que foi feito na Rússia, com o partido político de esquerda com os camponeses envolvendo os operários das fábricas.

A primeira diferença os camponeses da Itália não tinham as mesmas demandas dos seus colegas na Rússia. O importante para Gramsci seria penetrar no âmbito nacional, conhecer o processo histórico de cada país, a originalidade dos movimentos sociais, políticos e culturais de cada nação.

 Outra diferença refletiu Gramsci, os trabalhadores no ocidente são organizados, diferente da Rússia em que não havia sequer sindicatos, partido com raízes não profundas no ocidente existiam cooperativas, sindicatos, partidos conselhos municipais etc. Com efeito, no ocidente o cidadão de alguma forma participa da democracia o que não acontecia na parte oriental da Europa.

Por essas razões era obrigado nacionalizar as revoluções, penetrar profundamente na realidade nacional, era desse modo que pensava Gramsci, não poderia trazer o modelo revolucionário soviético para ser implantando na Itália.

 O que era então a hegemonia, nada mais que o conhecimento da realidade tal qual de fato ela era, para constituir uma ideologia política de orientação para revolução.

A hegemonia era exatamente a descoberta da realidade nacional, a identificação de novas táticas e estratégias para uma realidade revolucionária, um novo nível cultural pode se dizer um paradigma que sirva de orientação ao processo revolucionária na realidade histórica na qual será desenvolvida a revolução.

A classe dirigente revolucionária coloca de forma sistematizada aos operários, e formula a consciência do antagonismo entre riqueza e pobreza, do sistema capitalista levando uma reflexão coerente, mostrando os motivos da pobreza da classe operária. A partir desse momento com uma ideologia hegemônica desencadeia lutas sindicais imediatas numa linha política de superação dos modelos distintos, a ideologia do socialismo.

Uma nova concepção de mundo, fundamentada na epistemologia marxista, contrapondo os valores da moral capitalista. Os operários buscam retirar a hegemonia do ideário da burguesia, assumindo eles mesmos, outra perspectiva de análise.

 O bloco histórico de formação cultural procura desenvolver o consenso entre eles, opondo as ideias da sociedade capitalista, visando essencialmente à revolução.

A ideologia é o grande cimento, tanto de um lado, como do outro, faz parte da edificação para conservação ou para mudança, exatamente a esse respeito, que os operários têm que ter também suas ideologias visando à superação do capitalismo.

É necessário um processo de consciência política, isso denomina se de hegemonia, quando as classes oprimidas podem provocar a insurreição, o que aconteceu exatamente na velha Rússia e que precisa acontecer no resto do continente europeu e posteriormente uma revolução internacional a serviço da igualdade proletária.

Então reflete Gramsci, os trabalhadores tem uma filosofia real, que é da sua ação, uma filosofia política declarada que vive na consciência revolucionária, a qual está em contradição com a filosofia patronal.

 É preciso chegar a um processo de teoria e prática para ação libertária da opressão, a construção de uma cultura revolucionária e reforma intelectual e moral para as novas exigências de luta.

Por fim ele faz uma reflexão muito interessante a respeito do ocidente, para ele a Itália faltou alguma coisa, parecida com a reforma protestante, isso é uma reforma moral a respeito de uma nova concepção de mundo, que penetrasse no povo e que levasse a uma consciência crítica, mudança radical  de mentalidade.

Em lugar disso pelo contrário, o que aconteceu na Itália, foi a Contra Reforma, um movimento ainda mais reacionário, a absoluta separação da Igreja do povo, imposição de dogmas, limitação do conhecimento científico, atrasando o desenvolvimento político e humano, por meio da hipocrisia e da perseguição deturpando profundamente o caráter do latino, consequência que sofremos até hoje, transformando em cortesãos ou servos.

A Itália não faltou apenas a Reforma protestante, analisa Gramsci, faltou a ela toda uma evolução cultural da sua elite e do povo, algo semelhante à filosofia ilumista francesa do século XVIII, que de certo modo preparou para grande revolução, faltou a Itália coisas que precede a própria revolução democrática burguesa.

O que significa o bloco histórico a criação de uma concepção revolucionária da sociedade, dando a mesma, particularmente aos seus trabalhadores uma epistemologia sistemática e hegemônica, para compreensão de tudo visando essencialmente uma grande revolução levando a todos os princípios da igualdade principalmente na vida econômica de uma nação.

Edjar Dias de Vasconcelos.

  

  


Autor: Edjar Dias De Vasconcelos


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