Bichos De Encanto, Bichos De Espanto E Bichos Personagens De Todo Canto.



  Gato, cachorro, pássaro, cobra, lagarto, bicho grande , bicho pequeno, bicho médio ou qualquer outro animal irracional encantam-me nos desenhos na TV, em livros e no seu habitat. Nem mesmo em circo ou no zoológico eu gosto de ver bicho, pois, além de cheirar mal cheira também à falta de respeito e de liberdade. Nenhum bicho ganha em posar para as pessoas como numa exposição, além do que , é crime contra a natureza .
Já deu para perceber que não me amarro em quem se comporta como bicho , apesar de não ter nenhum animal de estimação, eu não os odeio, muito pelo contrário: eu os amo tanto, tenho temor e respeito, pois nem sou capaz de possuir um ser vivo como propriedade minha. Isto tem gente que faz com bicho e com gente! Mesmo tendo receio da safadeza das pessoas não escondo o meu medo de machucar ou não cuidar bem de um bicho, racional ou irracional.
Do mesmo modo que tem bichos que encantam pela sua beleza, esperteza e graça; têm os bichos que espantam tais como cobras, morcegos, ratos, baratas, leão, onça e gorila; também os bichos que deixam sujeira por todo canto. Aí incluo também o bicho-homem sujismundo, aquele que não se atreve a limpar por anda. Os bichos de pêlo assustam, por isso levo-os para as histórias da Aldeia de Trancoso para serem personagens das mentiras de caçadores, pescadores e ribeirinhos da região do Tapajós no sudoeste do Pará. Os bichos de pena que encantam quase sempre colaboram com seus sons, magias e mistérios com o espírito do além e mitos da natureza. Para eles reservei espaço nos Contos da Carochinha. Já os bichos dos cantos , dos bueiros, dos canos, dos esgotos, sótãos e subsolos só servem para ocupar o tempo sombrio dos cientistas e alimentar a imaginação dos contistas de assombração.
Assim, minha repulsa por bichos talvez esteja explicada e eu tenha me redimido com o mundo por não gostar de criar animais. Se em vida os bichos não me ajudam e nem eu a eles, o melhor é que, pelo menos na morte nos entendamos. Por isso, almejo uma boa convivência com os micróbios em vida, mesmo com aqueles que após a minha morte com certeza irão me devorar. Por fim, fica a minha promessa: amar os bichos para sempre, nas fábulas, nas parábolas, no respeito, na saúde e na doença. Mas, por favor, bichos do mundo inteiro não venham perto de mim, fiquem nos encantos, no espanto e nas histórias que conto e nos contos de todo canto.



Vocabulário:


Histórias de Trancoso: anedotas originárias da região de Beira Alta de Portugal.

Contos da Carochinha: contos populares, de diversas origens, que na maioria das vezes sofrem modificações ao se mesclarem com histórias semelhantes de outras regiões.








Gato, cachorro, pássaro, cobra, lagarto, bicho grande , bicho pequeno, bicho médio ou qualquer outro animal irracional encantam-me nos desenhos na TV, emlivros e no seu habitat. Nem mesmo em circo ou no zoológico eu gosto de ver bicho, pois, além de cheirar mal cheira tambémà falta de respeito e de liberdade. Nenhum bicho ganha em posar paraas pessoas como numa exposição, além do que , é crimecontra a natureza .

Já deu para perceberquenão me amarro em quem se comporta como bicho , apesarde não ter nenhum animal de estimação, eu não os odeio, muito pelo contrário: eu os amo tanto, tenho temor e respeito, pois nem sou capaz de possuir um ser vivo como propriedade minha. Isto tem gente que faz com bicho e com gente! Mesmo tendo receio da safadeza das pessoas não escondo o meu medo de machucar ou não cuidar bem de um bicho, racional ou irracional.

Do mesmo modo que tem bichos que encantam pela sua beleza, esperteza e graça; têm os bichos que espantam tais como cobras, morcegos, ratos, baratas, leão, onça e gorila; também os bichos que deixam sujeira por todo canto. Aí incluo também o bicho-homem sujismundo, aquele que não se atreve a limpar por anda. Os bichos de pêlo assustam, por isso levo-os para as histórias da Aldeia de Trancoso[1] para serem personagens das mentiras de caçadores, pescadores e ribeirinhos da região do Tapajós no sudoeste do Pará. Os bichos de pena que encantam quase sempre colaboram com seus sons, magias e mistérios com o espírito do além e mitos da natureza. Para eles reservei espaço nos Contos da Carochinha. Já os bichosdos cantos , dos bueiros, dos canos, dosesgotos, sótãos e subsolos só servem para ocupar o tempo sombrio dos cientistas e alimentar a imaginação dos contistas de assombração.

Assim, minha repulsa por bichos talvez esteja explicada e eu tenha me redimido com o mundo por não gostar de criar animais. Se em vida os bichos não me ajudam e nem eu a eles, o melhor é que, pelo menos na morte nos entendamos. Por isso, almejo uma boa convivência comos micróbios em vida, mesmo com aquelesque após a minha morte com certezairão me devorar. Por fim, fica a minha promessa: amaros bichos para sempre, nas fábulas, nas parábolas, no respeito, na saúde e na doença. Mas, por favor, bichos do mundo inteiro não venham perto de mim, fiquem nos encantos, no espanto e nas histórias que conto e nos contos de todo canto.

Vocabulário:

Histórias de Trancoso: anedotas originárias da região de Beira Alta de Portugal.

Contos da Carochinha: contos populares, de diversas origens, que na maioria das vezes sofrem modificações ao se mesclarem com históriassemelhantes de outras regiões.




Autor: Djalmira Sá Almeida


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