Desleixada Sinceridade



Essa semana estive lendo um artigo que dizia que bagunça faz bem. Minha teoria finalmente havia sido provada! Já era detentor de uma técnica de prevenção à saúde muito antes de algum teste ser realizado. Sim, falo da bagunça da manhã. Afinal, depois de uma longa noite de letras e palavras em um constante e desgastante “preto no branco”, acordar já trabalhando não é nada fácil. Então agora que sei que o tão sagrado leito em repouso todos os dias é mais saudável se não há organização. Sendo Assim, será que preciso mesmo tomar banho todos os dias?

Calma, calma, estava apenas brincando. Falando nisso, estive pensando esses dias: “Quantas verdades não dizemos em tais brincadeiras?” Sinto que situações das mais diversas passaram em sua mente ao ler este trecho. É eu tenho razão. Seria simpatia, receio, ou estupidez humana? Digo assim pelo simples fato de que é totalmente perceptível quando uma frase indireta ou irônica é direcionada a nós. Ou talvez quem sabe, seja só complexo meu. A verdade é que sempre eu surge uma piadinha sobre sujeira, faço um bela duma discreta vistoria em meu corpo inteiro, inclusive buscando o espelho mais próximo, em dar muito na cara.

Acredito com toda fé que coisas como esta nos tornam menos sinceros gradualmente durante nossa vida. E o pior, vivemos ironizando, traumatizando, e traumatizados por esse motivo. Desde então (de quando eu nasci), vivo encarando a todos como suspeitos, principalmente os que não falam nada, esses pensam longe.

Além da situação acima descrita, há também aquela em que a pessoa sabe que há algo errado e ainda assim, busca um jeito (geralmente, o mais tosco possível) de disfarçar ou fazer com que passe despercebido a tal displicência. Um clássico exemplo, é a velha frase: “Não olhe a bagunça”. Tenho que respirar fundo toda vez que a escuto. Se eu não sei onde a bagunça está, pode ser que olhe para a mesma mesmo sem querer, mas a consequência será a desobediência ao pedido. Se eu realmente quero saber onde está a bagunça, para evitar que meus olhos direcionem-se a mesma, não há duvida que irei procurar localizá-la. E quando localizar, já não estarei olhando? Tristes manias essas do ser humano.

Sou a favor do desleixo. Do exagero, não. Há aqueles que gostam de animais. Tenho que ser sincero, chega de indiretas. Não há nada mais feio que um animal que fede, dentro de sua casa. Tudo bem, você nem percebe, mas, é muito indelicado convidar alguém, e o levar a náuseas, pelo insuportável cheiro do animal (ou da pessoa). Se tem um bicho, trate-o, pelo menos quando for receber uma visita. Lembro-me de um casal de surdos, amigos meus. Nunca vi uma cachorrinha tão branquinha e tão cheirosa em toda a minha vida. E olhe que eles não precisam receber visitas para que zelem pelo animalzinho.

Não me incomodo com sua bagunça (afinal, quem sou para contraria-la?), desde que não afete meus sentidos, e que não me peçam para desviar o olhar.

Final de tarde. E pensar que pensei tudo isso após visitar o Leo, um cara muito legal quando você o encontra fora de casa. Enfim, a chuva passa, e eu posso abandonar o coreto. Não via a hora de fazê-lo, pois, senti que algum dos que ali estavam, fez o que não devia.


Autor: Abel Batista De Santana Filho


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