Reanimação Cardiorrespiratória Na Unidade De Emergência



REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA

Cinara Farias Bastos1
Mônica Arruda Machado1
Welliam Janne Pereira de Souza1

RESUMO

O presente artigo propõe a discutir a Parada Cardiorrespiratória como uma intercorrência inesperada em diversos momentos, constituindo grave ameaça à vida, demonstrando o atendimento do paciente, com um diagnóstico rápido, a pronta instituição da reanimação cardiorrespiratória e o uso precoce de agentes vasopressores como princípios básicos fundamentais para o sucesso terapêutico.

Palavras – chaves: Atendimento, Diagnóstico, Reestabelecimento,Sucesso terapêutico, Vida.

ABSTRACT

The present article considers to argue the Cardiorrespiratória Stop as an unexpectedintercorrência at diverse moments, constituting serious threat to the life, demonstrating the attendance of the patient, with a fast diagnosis, the ready institution of the cardiorrespiratória reanimação and the precoc of agent vasopressores as basic basic principles for the therapeutical success.

Words - keys: Stopped Cardiorrespiratória. Diagnosis. Reanimação. Therapeutical success. Life.
_________________________
1 Acadêmicas do curso de Enfermagem FASB, 8° Semestre “A”- 2008-2


INTRODUÇÃO

A parada cardiorrespiratória (PCR), acontece quando há uma interrupção súbita dos batimentos cardíacos, movimentos respiratórios e perda imediata da consciência representando uma emergência médica extrema, cujos resultados serão a lesão cerebral irreversível e morte, se as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a respiração não forem tomadas. Há um intervalo de aproximadamente 4 minutos entre a interrupção da circulação e o desenvolvimento da lesão cerebral irreversível. Esse intervalo varia com a idade do paciente (KNOBEL, 2006).
Devido a esse curto espaço de tempo, para a intervenção, faz-se necessário que as medidas adotadas em situações de parada cardiorrespiratória sejam comprovadamente eficazes e iniciadas no imediato diagnóstico da situação (SMELTZER E BARE, 2005).
O atendimento básico da reanimação cardiorrespiratória consiste na manutenção das condições vitais, por meio de ventilação artificial e massagem cardíaca externa, combinada a desfibrilação precoce quando, o que resulta em melhor sobrevida dos pacientes. O objetivo principal da reanimação cardiorrespiratória é a restauração das funções fisiológicas evitando e/ou minimizando as possíveis lesões cerebrais e para isso, as intervenções devem ser realizadas não apenas rapidamente, mas eficientemente.
Assim, ao estarmos diante de uma PCR, o tempo é o principal determinante do sucesso, visto que cada minuto perdido reduz a chance de sobrevida. Para conseguir este intento é fundamental estabelecer condutas e normas de procedimentos. O emergencista, mas não somente ele, deve estar apto a rapidamente reconhecer, diagnosticar e executar manobras instituindo o tratamento adequado (KNOBEL, 2006).
Em situações de risco iminente de vida, a tomada de decisão tem que ser rápida. Por esse motivo é que foi escolhido a temática do artigo, pois nos permite avaliar a real magnitude do problema bem como conhecer as medidas necessárias para a o atendimento da parada cardiorrespiratória, enfatizando a importância do suporte básico de vida e a conduta diferenciada na unidade de emergência, como também tratamento farmacológico e os cuidados pós-reversão, a serem implementados, e sua importância na sobrevida .


OBJETIVO GERAL

Estudar e esclarecer o processo de atendimento da Parada Cardiorrespiratória na Unidade de Emergência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar a Parada Cardiorrespiratória, sinais e sintomas;
• Conhecer as manobras técnicas utilizadas na reanimação cardiorrespiratória;
• Identificar as principais medicações utilizadas na reanimação cardiorrespiratória;

MÉTODO

Foi realizada uma revisão bibliográfica com a finalidade de verificar a produção do conhecimento sobre Reanimação Cardiorrespiratória na Unidade de Emergência. A busca reuniu artigos publicados a partir da base de dados do SCIELO, ACLS e o embasamento em fontes complementares como livros e periódicos.
A reanimação cardiorrespiratória será tratada neste artigo através de um método de abordagem dedutivo, pelo qual irá procurar alcançar um denominador comum entre os autores, assim, a partir da análise de uma realidade geral, teremos condições de pensar o problema em dimensões particulares tomando como referências, as teorias que tratam do tema, optamos também, por uma abordagem qualitativa, uma vez que permite apresentar indicação de caminhos para sua atenção.

DISCUSSÃO

REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

Desde os primórdios da humanidade, que a ausência de respiração e de batimentos cardíacos é considerada sinal de morte. Atualmente, encontra-se como definição de parada cardíaca a inadequação do débito cardíaco para a manutenção da vida, resultando em um volume sistólico insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da interrupção súbita da atividade mecânica ventricular. (MESQUITA, 2004).
Segundo Jama, (2005) a interrupção súbita das funções cardiopulmonares se constitui num tipo de problema que sempre foi um desafio para as equipes médicas. Esta é uma emergência médica extrema, cujos resultados serão a lesão cerebral irreversível e a morte, se as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a ventilação não forem tomadas.
As manobras de reanimação cardiopulmonar é realizada com a finalidade de restabelecer a circulação com objetivo principal de oxigenação tecidual predominante cerebral. As compressões torácicas devem ser realizadas mantendo em média 12 ciclos respiratórios e 60 ciclos cardíacos por minuto, representando 30:2 (30 compressões para 02 ventilações), na presença de 01 atendente, manter a mesma proporção. Estudos recentes demonstram que a maior importância concentra-se na manutenção do fluxo cardíaco para perfusão cerebral. Evitar a interrupção da massagem cardíaca (ACLS, 2003).
O tempo máximo de anóxia que pode ser suportado pelo cérebro é muito variável, dependendo das condições existentes; assim, durante a hipotermia profunda (cerca de 12°C), estados de parada circulatória é feita artificialmente em alguns casos de cirurgia cardíaca e, eventualmente poderá ser observada na prática clínica, em casos de afogamento em águas geladas. É de notar que, quanto mais jovem o paciente, maior a capacidade de tolerar a isquemia cerebral. Apenas para fins didáticos, o tempo máximo de isquemia tolerável é considerado como sendo de 5 minutos.
A maioria dos casos de parada cardiorrespiratória ocorre na própria residência do paciente ou em via pública. Devido à demora no socorro, grande parte dos pacientes chega ao hospital com poucas chances de recuperação. Como, através de tratamento precoce, tem-se maior probabilidade de sucesso, se compreende que a recuperação dos pacientes é maior quando eles são atendidos prontamente por leigos treinados em reanimação cardiorrespiratória, no próprio local onde ocorreu o colapso, sendo, em seguida, transportados, rapidamente, para hospitais de referência. A parada cardíaca deve ser considerada no diagnóstico diferencial de um colapso súbito de qualquer paciente, e seu diagnóstico e atendimento devem ser imediatos (PIRES, et al, 2006).
Os serviços de pronto atendimento, sobretudo nos grandes centros urbanos, recebem alta demanda de pacientes, e a tendência da equipe é trabalhar com rapidez e eficácia para minimizar as situações de risco de vida. Diante de uma pessoa em situação de risco iminente, ocorre, nesses profissionais e, sobretudo, na equipe de enfermagem, uma diversidade de respostas subjetivas, produto de uma reação intensa a essas experiências e das relações que se estabelecem com o indivíduo e sua família, como conseqüência da sensibilidade característica dos seres humanos e, em especial, dos profissionais que atuam.
No atendimento numa situação de emergência, o enfermeiro desenvolve diferentes ações, dentes elas a de administrar os recursos humanos, técnicos e auxiliares de enfermagem, como também garantir a disponibilidade e a qualidade de recursos materiais e de infra estrutura que permitam à equipe atuar no atendimento emergencial, sendo esses aspectos identificados.
Como parte da organização desse ambiente, a monitorização do paciente e a sua avaliação durante a PCR são vitais no atendimento emergencial, possibilitando informações para prosseguir com medidas avançadas de Reanimação Cardiopulmonar.
Além da manutenção da sala de emergência em condições para pronto uso, a maior parte das atividades executadas é de competência do enfermeiro e, mesmo aquelas ações privativas do médico, requerem a colaboração desses profissionais para as quais têm que estar preparados. (SCIELO, 2003).

INDICAÇÕES PARA REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

Afirma Pires et al, (2006), que todos os pacientes são candidatos à RCP (reanimação cardiopulmonar). Discute-se sua indicação apenas nos seguintes casos: quando já houver evidência inquestionável de morte, como em presença de rigor mortis, decapitação etc.; pacientes oncológicos terminais; nos casos em que o paciente se encontre em fase terminal e nos quais não exista qualquer esperança de tratamento adicional; pacientes com morte cerebral comprovada há mais de 24 horas, nos quais ocorra parada cardíaca; estados sépticos terminais, nos quais não exista possibilidade de tratamento (p.ex.:AIDS terminal); tempo de parada cardiorrespiratória sabidamente prolongado, com sinais físicos de morte (cadavéricos), com exceção de afogados; nas situações em que as manobras de ressucitação podem colocar o socorrista em risco.
Na sala de emergência, não se sabe quais são as condições clínicas prévias dos pacientes, nem o tempo decorrido entre a parada e o primeiro atendimento prestado. Assim, em princípio, devem-se tentar ressucitar todos os pacientes na Unidade de Emergência, até que mais informações pertinentes ao caso sejam obtidas.

DIAGNÓSTICO

Faz-se inicialmente o diagnóstico clínico do evento da parada cardiorrespiratória, instituindo-se de imediato a RCP (reanimação cardiopulmonar); o diagnóstico etiológico só será feito mais tarde. Todos os pacientes que se apresentem com cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios deveriam ser avaliados, obtendo –se uma história completa, exame físico e alguns exames de laboratório. A história deveria incluir os detalhes do evento, incluindo possível abuso de drogas, sintomas que sugiram doença cardíaca ou condições iatrogênicas capazes de causar a PCR (parada cardiorrespiratória), uma história familiar de morte súbita e sintomas tais como dor torácica, falta de ar ou palpitações (ACLS, 2003).
Segundo Smeltzer e Bare, (2003), clinicamente, utilizamos os seguintes parâmetros no diagnóstico da PCR: ausência de pulso em uma grande artéria, este é o parâmetro mais utilizado e mais confiável, pois muitas vezes a ausculta cardíaca pode ser negativa ou dificultada e, entretanto, podem existir batimentos do coração (p.ex., pacientes enfisematosos, pacientes no respirador artificial, presença de pneumotórax etc.). Deverão ser pesquisadas as artérias femorais e as carótidas (nas crianças pequenas, pesquisar femorais e braquiais); paciente em apnéia ou apresentando movimentos respiratórios agonizantes; paciente inconsciente ou semi-inconsciente; sinais clínicos de choque, com sudorese, hipotonia e hiporreflexia.
O mecanismo causal da parada cardíaca, do ponto de vista eletrocardiográfico, só será descoberto com a observação do registro de ECG ou ao monitor. As possibilidades são: assistolia (ausência de atividade elétrica e mecânica); dissociação eletromecânica (presença de atividade elétrica, geralmente com complexos QRS alargados e aberrantes, sem atividade contrátil correspondente); fibrilação ventricular (incoordenação da atividade elétrica, sem contração muscular correspondente); bradi e taquiarritmias, destacando-se os bloqueios cardíacos, a síndrome de Brugada e a síndrome de Wolff-Parkinson-White (SWPW), (SMELTZER e BARE, 2003).

TRATAMENTO

As manobras de ressucitação cardiopulmonar são o melhor tratamento para a parada cardíaca – aplicadas precocemente, podem previnir a fibrilação ventricular de deteriorar-se para uma condição de assistolia, aumentando as possibilidades de uma desfibrilação bem-sucedida, e contribuem para a preservação das funções cardíaca e cerebral, com maior sobrevida (KNOBEL, et al, 2006).

MANOBRAS DE REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
MANUTENÇÃO DAS VIAS AÉREAS PERMEÁVEIS

No indivíduo inconsciente, em decúbito dorsal, frequentemente a base da língua entra em contato com a parede posterior da faringe, obstruindo as vias aéreas superiores. A manobra de elevação da mandíbula, com extensão da cabeça, permite a livre passagem do ar.
Deve-se proceder á limpeza da região da orofaringe, usando compressas, lenços, ou um aspirador, caso haja disponibilidade. Se houver suspeita de lesão cervical, fazer leve extensão da mandíbula, mantendo a cabeça alinhada com o corpo, sem a sua movimentação. Isto é obtido usando-se uma das mãos na face do paciente, enquanto dois dedos da outra mão elevam o mento, (MESQUITA, et al, 2004).

MÉTODOS DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

1. Respiração boca a boca

Colocar a mão atrás do pescoço da vítima, para manter a cabeça hiperestendida. Obstruir as narinas com o polegar e o indicador da outra mão, ao mesmo tempo pressionando a região frontal, para manter a hiperextensão da cabeça. O socorrista inspira profundamente, coloca sua boca entreaberta na boca do paciente e expira. Posteriormente, retira sua boca e permite que o paciente expire passivamente. Deve-se observar se há expansão torácica. Repetir o ciclo a cada 5 segundos, de maneira que se efetuem pelo menos 12 movimentos respiratórios por minuto. A efetividade da ventilação é verificada pela observação da elevação da caixa torácica, audição e percepção da saída de ar.

2. Respiração boca-nariz

É recomendada nos casos de empecilho á respiração boca a boca, como nos casos de determinadas lesões mutilantes. Neste caso, manter a cabeça hiperestendida e usar uma das mãos para fechar a mandíbula e os lábios. Inspirar profundamente, colocar a boca no nariz do paciente e expirar. Em seguida, retirar a boca e entreabrir a do paciente, para que ele expire passivamente. Repetir o ciclo, pelo menos, a cada 5 segundos.

3. Respiração boca-máscara

Trata-se de procedimento eficiente e higiênico. Idealmente, deve ser ligado a uma fonte de O2 puro. É um método eficiente de ventilação, quando as vias aéreas são permeáveis. A utilização ideal deste método requer a presença de dois socorristas, um para segurar a máscara e outro para comprimir o ambu.

4. Entubação Traqueal

É o método mais seguro, pois representa a própria garantia de uma via aérea permeável, além de possibilitar aspirações freqüentes, eliminando-se obstáculos á hematose. Deve ser feita por pessoa habilitada, para não acarretar lesões iatrogênicas e também para não retardar os procedimentos de RCP.
As manobras de RCP jamais devem ser retardadas, aguardando-se uma pessoa habilitada a realizar a entubação traqueal – os métodos descritos anteriormente podem perfeitamente ser efetuados, com obtenção de resultados mais satisfatórios, pela presteza em se oxigenar o paciente.

5. Traqueostomia/cricotereotomia

São procedimentos realizados na emergência, quando não se consegue ventilar o paciente de outras maneiras, e na impossibilidade de ele ser entubado. Seriam os casos, por exemplo, dos graves traumatismos e queimaduras da face e de inalação das vias aéreas superiores, (PIRES, et al, 2006).

MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA

Deve ser precedida de um soco precordial – usa-se a parte hipotênar da mão, com o punho fechado, a uma altura de 5-40cm. Esse golpe é capaz de produzir um pequeno estímulo elétrico de cerca de 4 joules, que pode converter a taquicardia ventricular (constatou-se recentemente que o golpe no precórdio não reverte a fibrilação ventricular). Com esta manobra, muitas vezes, a atividade cardíaca é retomada. Se isso não ocorrer, ou se a atividade cardíaca for ineficiente, proceder-se-á ao que se segue, juntamente com a s medidas já descritas de ventilação artificial. A percussão do precórdio não deve ser usada em crianças, (PIRES,et al, 2006).
O paciente deve ser colocado em uma superfície rígida, em decúbito dorsal. Em caso de estar no leito, uma tábua deve ser interposta entre ele e o colchão. A elevação das pernas do paciente a uma altura de cerca de 10 cm (para aumentar o retorno venoso)poderá ser executada, principalmente naqueles casos de parada cardíaca por hipovolemia. O socorrista coloca-se em um plano superior ao da vítima, de tal modo que seus braços em extensão possam executar a manobra; apóia as eminências tênar e hipotênar de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno, com os dedos estendidos; a outra mão é apoiada sobre a primeira, sem encostar no esterno do paciente. Os braços do socorrista são mantidos em extensão, e, aproveitando o peso de seu corpo, ele aplica uma pressão suficiente para deprimir o esterno do paciente cerca de 4-5cm, durante meio segundo. Em seguida, o socorrista retira subitamente a compressão, assim procedendo por 80 a 100 vezes por minuto. É essencial que a ressucitação cardiopulmonar não seja suspensa por mais de 7 segundos, exceto durante circunstâncias especiais, como, massagem não deve ser interrompida por mais de 30 segundos.
Obtém-se a melhor perfusão cerebral e coronária quando 50% do ciclo são dedicados á compressão do tórax e 50% descompressão (relaxamento).
Para ser eficaz, a RCP deve ser capaz de restaurar os fluxos sanguíneos coronário e cerebral de maneira adequada. Interrupções nas compressões do tórax diminuem a pressão de perfusão coronária e diminuem os índices de sobrevida a uma parada cardíaca. Nos primeiros minutos da parada cardíaca súbita causada por fibrilação ventricular, a ventilação parece não ser tão importante quanto as compressões torácicas. (PIRES, et al 2006).
O protocolo da American Heart Association, em Jama (2005), recomenda que, para obtenção de uma manobra de compressão ideal e reduzir a freqüência de interrupções nas massagens devido á ventilação, um índice de compressões :ventilações de 30:2 deveria ser estabelecido em todos os pacientes (excluindo recém – nascidos) com a presença apenas de um socorrista. Este índice de 30:2 deve ser mantido em adultos submetidos a RCP sendo atendidos, entretanto, por dois socorristas. Um índice de compressão:ventilação de 15:2 é recomendado na RCP de crianças pequenas e crianças até o início da puberdade atendidos por dois socorristas.
Em bebês, as compressões torácicas são feitas com os polegares do socorrista; o local da compressão está na largura de um dedo abaixo da linha intermamilar, na linha mediana. O número de compressões nos bebês é de 120 compressões/minuto.
Para avaliação da eficácia dos procedimentos verifica-se a presença de pulsações na artéria femoral e na artéria carótida, correspondentes ás compressões efetuadas. A reatividade das pupilas á luz também traduz uma boa resposta; contudo, a presença de pupilas midriáticas e não – reativas pode apenas significar edema cerebral.
Entre as complicações observadas com a massagem cardíaca externa, encontramos a fratura de arcos costais e de esterno, a disjunção costocondral, o hemotórax e o penumotórax, as contusões pulmonares, a laceração de vísceras abdominais (baço e fígado) e a embolia gordurosa, (PIRES, et al, 2006).

MASSAGEM CARDÍACA INTERNA

É indicada nas condições em que a massagem externa seja ineficaz em deformidades torácicas, enfisema pulmonar grave, tamponamento cardíaco, hemotórax volumoso, ferimentos penetrantes do tórax com lesão cardiopulmonar etc,(PIRES, et al, 2006).

DESFIBRILAÇÃO

A desfibrilação é o tratamento de escolha para a fibrilação ventricular (FV). Os protocolos 2005 da American Heart Association definiram novos parâmetros para o uso de desfibriladores na RCP. Recomenda-se que um período de RCP de 1 ½ a 3 minutos deva ser realizado antes de se tentar a desfibrilação em adultos com FV ou taquicardia ventricular (TV) sem pulso, atendidos fora do hospital. Não existem evidências que dêem suporte ao uso de RCP antes da desfibrilação em pacientes no ambiente hospitalar, (ACLS,2003).
Os modernos desfibriladores bifásicos têm alta eficácia de energia no primeiro choque (a eficácia é determinada pelo fim da FV pelo menos 5 segundos após o choque), sendo essa eficácia superior a 90%. Assim, existe alta possibilidade de que se consiga extinguir a FV com apenas um choque. Caso esse primeiro choque falhe em eliminar a FV, pode ser que esta seja de baixa amplitude, e, assim, um segundo choque possivelmente será também eficaz. Em tais pacientes o retorno imediato ás manobras de RCP, particularmente a realização de compressões torácicas eficazes, terá possivelmente um melhor efeito do que o segundo choque. Em qualquer situação, é recomendável que as compressões torácicas sejam reiniciadas imediatamente após o choque, caso o paciente não esteja com monitorização contínua, (PIRES, et al, 2006).
As recomendações para essa estratégia de apenas 1 choque criam um novo desafio:qual seria a energia mais adequada para o choque inicial? O consenso atual é de que seria razoável usar 150 a 200 joules para o choque inicial com uma onda bifásica exponencial truncada, ou 120 joules com uma onda retilínea bifásica. Sabendo-se, entretanto, que muitos sistemas de desfibrilação são ainda antigos equipamentos monofásicos, a recomendação do consenso tanto para o choque inicial em equipamento de onda monofásica, como para os choques subseqüentes, seria a de usar 360 joules, (ACLS, 2003).
Para crianças, a recomendação consensual é a de usar uma dose incial de 2J/Kg (monofásico ou bifásico); para o segundo e subseqüente choques bifásicos, o consenso recomenda a mesa dose ou maior (2 a 4J/Kg), (SCIELO, 2003).

TRATAMENTO COM MARCAPASSO TEMPORÁRIO

Tem indicação em pacientes cujo problema básico está na formação ou na condução do estímulo elétrico cardíaco. Está contra indicado na maior parte das paradas cardíacas, em que se observa assistolia por anoxia ou por deterioração da função cardíaca. Nestes casos, ele é habitualmente ineficaz, (PIRES, et al, 2006).
Os eletrodos temporários transvenosos são passados geralmente pela punção das veias subclávia ou jugular, sendo conectados a geradores externos de estimulação. Numa situação de extrema urgência, pode-se usar um eletrodo epicárdico passado por via transtorácica, por punção percutânea, desde que haja indicação, como já citado.
Um outro tipo de estimulação é transcutânea (externa), na qual os eletrodos são aplicados diretamente na pele da parede torácica, sendo este um procedimento não-invasivo e rápido. Em situações de parada cardíaca, são os mais indicados, devido á facilidade de sua aplicação, não necessitando que as manobras de ressucitação sejam interrompidas para seu implante. Tem como problema o desconforto que produz no paciente consciente, pela contratura muscular induzida, (PIRES, et al, 2006).

CONDUTAS PÓS-REANIMAÇÃO

O paciente nesta fase deve ser removido para a UTI externa. Ele deverá ser mantido sob monitoração cardíaca contínua, com avaliação cuidadosa de seu estado ácido-básico e hidroeletrolítico. Excelente complemento para o tratamento pós-parada cardíaca é o uso concomitante de dopamina e líquidos de reposição volêmica, para recuperação hemodinâmica do paciente. A anemia do paciente deverá ser corrigida, se estiver presente. Caso o nível de consciência e o padrão respiratório não sejam adequados, o paciente deverá ser colocado em ventilador mecânico. Cateters para medidas da PVC e da pressão em cunha pulmonar (Swan-Ganz), como também para medida do débito cardíaco, deverão ser posicionados. Crises convulsivas deverão ser imediatamente tratadas, (KNOBEL, et al, 2006).
Em situações de hipertensão intracraniana, o paciente deverá ser hiperventilado, sendo mantida a elevação da cabeceira do leito a 30°; nestes casos, a restrição hídrica e o uso de diuréticos deverão ser feitos de acordo com a necessidade de cada caso. A utilização de corticosteróides e barbitúricos pra a chamada “ressucitação cerebral” é questionada.
Mais tarde, em situações específicas, poderá ser avaliada a implantação de um aparelho de desfibrilador implantável no paciente, para prevenção de novos episódios de fibrilação ventricular e de arritmias potencialmente malignas. Um aumento na sobrevida é observado após o implante de desfibrilador implantável em portadores de arritmias ventriculares malignas e taquicardia ventricular após infarto do miocárdio, se comparados a pacientes que estavam em uso apenas de amiodarona. (PIRES, et al,2006).

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Obtém-se uma via venosa para a administração de drogas, inicialmente, pode-se utilizar uma veia periférica; posteriormente, deve-se providenciar a colocação de um cateter em posição central. A via deve ser mantida com uma solução fisiológica. Após a administração de cada medicação, a linha venosa deve ser lavada com a infusão de pelo menos 20ml da solução fisiológica de manutenção, (MESQUITA, et al, 2004).
Principais drogas utilizadas na parada cardiorrespiratória de acordo com a Portaria n° 1863/GM (2003):
- Lidocaína sem vasoconstritor; adrenalina, atropina; dopamina; aminofilina; dobutamina; hidrocortisona; glicose 50%; sulfato de morfina; bicarbonato de sódio; gluconato de cálcio; sulfato de magnésio; nitroprussiato de sódio;
- Soros: glicosado 5%; fisiológico 0,9%; ringer lactato;
- Psicotrópicos: hidantoína; meperidina; diazepan; midazolan.
- Medicamentos para analgesia e anestesia: fentanil; ketalar; quelecin;
- Outros: água destilada; metoclopramida; dipirona; hioscina; dinitrato de isossorbitol; furosemida; amiodarona. PORTARIA n° 1863/GM(2003).

CONCLUSÕES

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) constitui um grave problema e é o limite da gravidade que impõe o atendimento imediato por parte da equipe de saúde.
No processo do atendimento de emergência é de fundamental importância a identificação precoce da PCR, sinais e sintomas uma vez que a demora no atendimento diminui a sobrevida do paciente. O suporte imediato do atendimento compreende as manobras técnicas de reanimação cardiorrespiratória com a manutenção das vias aéreas permeáveis, métodos de ventilação artificial, massagem cardíaca externa e interna e o suporte avançado com a desfibrilação e tratamento medicamentoso. Contudo, vale ressaltar que a atuação mediadora do enfermeiro na Unidade de Atendimento Emergencial, contribui para manter a organização e o funcionamento da sala de emergência, por meio do controle de materiais, e aparelhos, da realização de protocolos de atendimento e capacitação da equipe de enfermagem, com a finalidade de garantir uma assistência ótima, rápida e eficaz para diminuir o risco de seqüelas e incapacidades do paciente em situação de emergência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NA RCP. Disponível em http.://www.scielo.br, acessado em 15 de junho de 2007.

JAMA. Comitê do cuidado da emergência e subcomissões Cardíacas, Associação Americana do Coração. Guia para a Ressucitação Cardiopulmonar e o cuidado Cardíaco da Emergência. 1992; 268: 2.171.

KNOBEL, Elias. Et al. Terapia Intensiva:Enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006.

MESQUITA, A.M.F. Et al. Procedimentos de Enfermagem- Semiotécnica para o cuidado. Editora Medsi, 2004.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 1863/GM de 29 de setembro de 2003.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA. Disponível em http.://www.acls.com.br, acessado em 15 de junho de 2007

PIRES, Marco Túlio, B. Et al. Erazo: Manual de Urgências em Pronto-Socorro. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 il.

SMELTZER, Suzanne, C. Et al. Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica. 10 ed. V. 4. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Autor: Cinara Farias Bastos


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