Quadrinhos Institucionais



Os quadrinhos no Brasil começam praticamente de forma simultânea com outros países. Ângelo Agostini já apresentava tiras seqüenciais nos jornais Dominicais do Nhô Quim em 1867.

Enquanto isso, o educador Töpper produzia na Suíça Quadrinhos Institucionais, ou se preferir, Quadrinhos Educacionais. Töpper produziu quadrinhos em livros pedagógicos, por julgar que a associação de palavras e desenhos em seqüência poderia facilitar a assimilação e alfabetização das crianças.

Como podemos ver, os quadrinhos Institucionais são na verdade, a origem dos quadrinhos, e não uma ramificação dos quadrinhos de super-heróis, como geralmente frisamos. A Arte seqüencial teve a sua origem na comunicação e mais especificamente, voltada para a educação.

Apesar disso, os quadrinhos acabam ganhando popularidade quando veiculado à imprensa escrita. No Brasil, de 1905 à 1943 os quadrinhos foram publicados somente em jornais e revistas comoTico-Tico (1905 – com artistas como Ângelo Agostini, J.Carlos, Alfredo e Osvaldo Storni, Loureiro, A.Rocha, Paulo Affonso e Miguel Hochman e como personagem principal o Chiquinho), O Suplemento Juvenil (1934- Lançado pelo jornal A Nação Juvenil com HQs nacionais como Roberto Sorocaba de Monteiro Filho.), Gazeta Juvenil (1937 - Francisco Armond e Renato Silva lançam o Garra Cinzenta), O globo Juvenil e a revista Gibi (1939) e a Revista O Cruzeiro (1943, com Péricles Maranhão e o Amigo da Onça).

Enquanto os Quadrinhos impulsionavam vendas em seus meios de Publicação (O Suplemento Juvenil chegou a vender 360 mil exemplares), entre os educadores havia uma dicotomia sobre uso ou não de quadrinhos na Educação. Segundo Azis Abrahão, as duas posições mais usuais entre os professores são:

"a) De um lado, aparecem os incondicionais defensores, que, naquela literatura (os Quadrinhos) nada encontram de nocivo ou prejudicial, quer quanto ao conteúdo quer quanto ao processo. Nenhuma restrição é colocada, a despeito da enorme diversidade de tipos e de procedências das revistas do gênero.

b) No pólo oposto, situa-se intransigente a legião dos que, com implacável fúria, se arremetem contra as histórias em quadrinhos, como que ungidos da ardente cólera dos antigos profetas e inquisidores ante uma praga universal ou pecado coletivo. Não faltam aqueles que, de ânimo exaltado, numa espécie de proclamação herodiana, afirmam a necessidade da supressão legal de toda e qualquer edição de literatura em quadrinhos."

A situação dos Quadrinhos Institucionais muda após o término da 2º Guerra Mundial, com o Mestre Will Eisner.

Eisner realizou trabalhos educacionais no período que atuou no Exército Americano. Manual de instrução técnica e táticas de guerra, manuais sobre controles de uma ou outra tecnologia que exigia determinado conhecimento em um curto espaço. O desenho associado à uma seqüência e textos concisos ajudaram na compreensão e utilização dos equipamentos e armamentos necessários para a Guerra.

Segundo Eisner "O desempenho dessas tarefas é em si, de natureza sequêncial, e o sucesso desta arte como ferramenta de ensino está no fato de que o leitor pode facilmente estabelecer uma relação com a experiência demonstrada. Por exemplo, a melhor maneira de expor um procedimento é fazê-lo a partir da perspectiva do leitor. A disposição dos quadrinhos, a posição dos balões e/ou a posição do texto explanatório na página – tudo é calculado de modo a envolver o leitor. Quando a execução é adequada, esses elementos devem se combinar para dar ao leitor uma familiaridade apoiada pela experiência, algo que a arte seqüencial tem condições de fazer muito bem."

No Brasil, as primeiras HQs com cunho educacional nesse período pós guerra foram comEdições Maravilhosas (1949), a EBAL lança adaptações de obras literárias, onde destaca-se o desenhista Nico Rosso.

Em 1975, Emilson Ribeiro, professor de história na Paraíba, percebeu que os alunos tinham muita dificuldade em assimilar os livros didáticos da época e ainda pior, pouca noção sobre o próprio lugar onde viviam, no caso específico, na Paraíba.

Baseado na obra do Mestre Horácio de Almeida, Emilson Ribeiro resolveu realizar tiras em quadrinhos contando a história da Paraíba. O desenhista responsável pelas tiras foi o filho dele, o criador de Velta Emir Ribeiro. As tiras começaram a ser publicadas no jornal a União e estrelava um personagem chamado Itabira.

Em 2003 foi lançada "A História da Paraíba em Quadrinhos" uma compilação destas histórias com outras recentes.

No Brasil, muitas empresas perceberam a importância dos quadrinhos como veículo de transmissão de conhecimento. Empresas como Empax embalagens, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Gessy Lever entre outras utilizam os quadrinhos para realizarem campanhas de segurança no trabalho, ISO 9000, gestão de meio ambiente e outros assuntos relacionados às necessidades das empresas.

Percebendo o grande filão que o segmento educacional estava gerando no mercado de quadrinhos, estúdios como Maurício de Souza, Montandon & Dias, Artcetera, Alberto Pessoa e Antônio Cedraz realizam trabalhos em um setor onde os quadrinhos nacionais não são sufocados por comics, fumettos e mangas, já que os trabalhos são personalizados em sua maioria, atendendo as necessidades da empresa.

Qual o futuro dos quadrinhos institucionais? Considerando o volume de pesquisas no segmento, o baixo custo da produção e o ganho na praticidade da informação, tanto para empresários como para alunos, só pode ser considerado como um mercado promissor.


Autor: Alberto Pessoa


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