Larguei O Cigarro
No dia primeiro de Maio de 1998 parei de fumar. Um grande final de uma brincadeira que durou mais de trinta anos. Estava por completar 50 anos e resolvi dar um golpe fatal naquele hábito horroroso com o qual não me conformava desde que o adquirira na década de sessenta. Naquele tempo todo mundo fumava, era chique, bonito, apreciado. Nos tempos de cursinho e faculdade, nem se fale!
Comecei filando do meu pai que deixava o maço em casa e só fumava um cigarrinho depois do cafezinho. Depois comecei filar dos amigos, e um dia comecei a comprar. Fumava pouco, mas fumava.
Quando tinha uns vinte e poucos anos descobri que por detrás do hábito havia um pensamento em minha mente que o representava e que precisava ser controlado para não crescer demais. E foi o que fiz; cuidei dele, mas não o matei de fome, do que me arrependo, mas em tempo o fiz, com quase cinqüenta anos.
Quando larguei, descobri que além do hábito representado por aquele pensamento, havia uma dependência química, os anticorpos que pediam a dose diária de nicotina e que em 15 dias de abstinência foram eliminados do organismo. E como o pensamento estava fraquinho pelo combate que travei durante aqueles longos anos, venci a batalha sem remédios nem apoio psicológico, com minha própria vontade!
Foi uma longa e árdua luta como tantas que devemos travar com certos pensamentos estranhos e que têm vida própria em nossa mente e acabam por mandar em nossa vida.
Como escreveu certa vez o educador González Pecotche, vivemos num mundo onde imperam os pensamentos. Temos a impressão de sermos os donos de nossa vida e de nosso destino, mas na verdade somos levados de lá pra cá por pensamentos estranhos, exóticos, ditadores.
Como muito bem explicou-nos noutro dia o amigo Antonini, a mente do ser humano assemelha-se à uma praça pública com uma multidão de pensamentos de toda índole que por lá perambulam num burburinho e numa desorganização sem precedentes.
Qualquer mudança naquele ambiente deve começar por ordená-la e organizá-la, identificando os transeuntes e selecionando aqueles que podem servir. Uma espécie de estado de sítio mental subordinado à autoridade de um pensamento central.
Reverter a condição humilhante em que a maioria das pessoas vive, escravizadas por pensamentos alheios e estranhos à própria vontade e realidade, é uma tarefa cujos resultados são infinitamente superiores ao esforço empreendido.
Nagib Anderaos Neto
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Autor: Nagib Anderáos Neto
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