Não Somos Professores Por Acaso



No dia dos professores e todos merecidamente estão parabenizados!Escolhemos ser professores! Para que esta constatação tenha sentido pessoal é preciso saber que para fazer-se professor é uma tarefa muito difícil e demanda tempo, isto porque não me refiro somente a formação acadêmica inicial e sim ao processo de tornar-se professor. Este passa pela formação continuada de qualidade e pelo comprometimento pessoal com o ensino e vivência de valores que sejam responsáveis por um aperfeiçoamento social de caráter transformador. Neste quesito entra a tão questionada vocação em tempos onde "segurar" o emprego é questão de sobrevivência.

A formação de professores apresenta grandes deficiências e elas estão principalmente na grande diversidade de cursos de pedagogia e de outras habilitações que foram autorizados pelo MEC nos últimos anos. Percebe-se que o enfoque ora está na pesquisa, nas teorias, ou nas técnicas, configurando a falta de controle do Governo nas políticas públicas para a Formação de Professores no Brasil. A realidade do ensino, o trabalho na sala de aula principalmente nas escolas públicas mostra a camuflagem da formação, quando choca-se com a realidade do contexto educacional. O professor, enquanto agente de transformação social e que precisa estar preparado, atualizado para atuar numa sociedade heterogenia do ponto de vista sócio econômico e cultural encontra-se hoje dentro de um processo contínuo de desvalorização profissional. Se há esta lacuna na formação inicial, e há, é preciso sérios investimentos em salário, formação em serviço e na formação continuada dos professores.Os professores devem exigir e receber esses investimentos na sua formação como premissa básica do sucesso de seus alunos, como melhoria das condições de aprendizagem, como ponto fundamental para romper com a dualidade do ensino no Brasil. Somos co-responsáveis pelo crescimento social! Quem ainda não se deu conta disso? O professor deve exigir uma formação de acordo com a necessidade de cada trabalho realizado. Ações verticais mais tem atrapalhado do que contribuído. D e nada resolvem a prática da secretarias de educação em promover palestras com temas variados e aleatórios, relatos de experiência comunidades distantes e diferentes das nossas especificidades. Acredito que os professores precisam rotineiramente de encontros, de formação de grupos de estudos para discutir e aperfeiçoar seu trabalho carecem de troca de ações afirmativas e positivas em favor da educação. Nos grupos organizados de formação continuada os professores terão maiores possibilidades de criar competência formal e política para produzir conhecimento. È preciso convocar principalmente convencer teóricos, técnicos e especialistas para um debate com os professores, pois são eles os únicos quem tem legitimidade para desencadear um processo irreversível na qualidade do ensino no Brasil.

O compromisso "Todos Pela Educação" assinada recentemente, é um significativo avanço no sistema educacional brasileiro e deve ser tema debatido em congressos, fóruns de educação em todo o País. Levar este debate aos grupos sociais organizados vai ajudar aumentar a consciência política sobre a importância social da educação, que no Brasil ainda é muito baixa. O professor é hoje para a sociedade o bode expiatório de todos os seus males, desgraças e sucessos, até pela educação que deveria vir de cada família.Este descaso e despreparo de quem distribui as políticas públicas e legislam em relação à carreira profissional e a educação tem levado ao deteriora mento dos resultados na formação do aluno, hoje percebida pelo ingresso em vestibulinhos, vestibular e pelo mercado de trabalho. Existe também um déficit muito grande na formação de consciência cidadã, de criticidade de e atores praticantes de ações sociais transformadoras. A educação precisa estar em pauta em todos os sistemas de ensino. Deve ser divulgada com mais intensidade pela mídia. Não somos os únicos responsáveis! Somos parte desta história!Não somos professores por acaso!

Maria Rosely Poletto Ignácio
Professora de Educação - relações econômicas e tecnologia da RMC
Autor: rosely poletto


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