O Muro



Há 20 anos países decidiram que não deveria haver barreiras para suas economias. E o muro que dividia Berlim em duas veio abaixo. Era o início da globalização. Para muitos era a salvação para suas economias destruídas, para outros era uma utopia que em breve teria conseqüências desastrosas para todos. O mundo agora estava unificado e teríamos que conviver com isso.

Hoje, o mundo vive um caos econômico, igual ou pior que a crise americana em 1929. Os Estados Unidos, considerado o país mais forte economicamente, está quebrado. E junto com ele, sejam países emergentes ou ricos, sofrem a mesma dor da perda. Dizem que esse é o preço que se paga por se fazer parte do mundo. No entanto, me pergunto se realmente vale a pena pagar esse preço. Indago-me como é que nações, desde quando o homem passou a conviver em sociedade, conseguiram manterem-se de pé. É sabido que muitas delas viviam da pilhagem e, talvez seja isso que está acontecendo com algumas nações hoje. Estão sendo pilhadas. O que está acontecendo nessa relação profana é: "Na hora do lucro, é meu. Na hora do prejuízo, é nosso." Uma sistemática para enriquecer alguns e oferecer "pão e circo" a outros.

Uma economia forte deve ser baseada em suas próprias riquezas, tanto materiais como humanas. Foi com esse pensamento que o Japão conseguiu chegar a 2ª potência econômica mundial, apesar de ter sido arrasado durante a Segunda Guerra. Imagino o que aconteceria conosco se cada um dependesse do sucesso financeiro do vizinho. A economia unificada lembra, de certa forma, a criação da raça ariana de Hitler. Uma raça pura e única. Mas, esqueceu-se que a mistura torna as coisas mais fortes, pois elimina a possibilidade de um predador comum, ocasionando sua extinção. Seria pueril dizer que a globalização não trouxe benefícios para a economia brasileira. Mas depender de capital estrangeiro para que ela continue crescendo, é como construir uma casa em solo arenoso. Até mesmo porque muitas empresas que chegaram a nosso país através da privatização de estatais, não desembolsaram um tostão para comprá-las. Utilizaram recursos do BNDES. Ou seja, dinheiro nosso, dinheiro criado aqui mesmo por cada trabalhador.

Vejo a globalização como uma utopia de egoístas tresloucados. As pessoas passaram a ser predadoras de outros de sua própria espécie. Coisa que não ocorre nem mesmo entre os animais ditos irracionais. O próximo não é visto mais como um cidadão, ele é visto como um concorrente. É preciso rever urgentemente o sistema financeiro mundial vigente. O que está acontecendo hoje já foi previsto há muito tempo, mas pode se consertar. É hora da globalização dar aos países emergentes, pobres e aos que faziam parte da cortina de ferro, o que ela havia prometido. Parece-me que começamos a descobrir qual era o lado vergonhoso do muro.


Autor: Alexandre Assis


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