Sociedade x Educação



O contexto atual é marcado fortemente pelos avanços tecnológicos presentes em todas as áreas do meio social. A tecnologia vem para tornar a vivência sob o aspecto prático, embora seja tão complexa. Porém, há que se refletir sobre essa "era tecnológica", sobre os avanços tecnológicos e as influências, tanto positivas quanto negativas no meio social.

Como a tecnologia está presente no contexto social, necessariamente deve estar também na educação. Para que uma educação chamada "tecnológica" aconteça, é necessário que a atitude educacional se transforme de modo a atender às necessidades, ou seja, o indivíduo deverá ser capaz de construir, obter, refletir e questionar o conhecimento. A educação tecnológica deve promover, portanto, atitudes filosóficas valorizando e utilizando-se dos sentimentos, da afetividade e da criatividade.

A tecnologia tem como objetivo a criação de recursos que farão com que o homem desfrute do seu avanço. Mas, o que muitas vezes têm-se visto, é o seu uso inadequado e até desnecessário.

A era da globalização, da pós-modernidade, do progresso, são novas visões de mundo, que a educação precisa desenvolver junto com o seu aluno. É a era das novas dimensões, do desenvolvimento pessoal, social, do questionar e posicionar-se. Sobretudo, a educação precisa formar cidadãos éticos, responsáveis e portadores de valores.

A escola que ensinou por muito tempo os "modelos" de cidadão a serem seguidos, já não tem razão de ser. O mundo agora é da incerteza e do risco, mas que, contudo, ainda tem condições de ter um bom desenvolvimento, se continuar sendo formado de maneira consciente e por cidadãos que desenvolvam suas potencialidades, criatividade e humanismo acima de tudo.

Segundo Giordani (2004), busca-se um ensino que faça do indivíduo, um sujeito que se compreende como "todo", envolto de uma razão, conhecimento, mas que também seja emoção e sentimento, compreendendo assim sua sociedade, da qual faz parte, para que possa interferir nela satisfatoriamente, junto com seus princípios éticos, seus valores e a consciência de contextualização própria social e historicamente, de ser humano.

O "todo" pode ser entendido na educação, no âmbito interdisciplinar, buscando a interdependência do saber, e transdisciplinar, que identifica a relação da passagem de um saber a outro. Entende-se por princípio, que tanto o homem, quanto o mundo, são indivisíveis, embora antropologicamente divididos. Essa consciência de totalidade não é percebida pelo homem, dentro do conjunto ao qual faz parte. A interdisciplinaridade é uma ciência que vem procurando formas de resgatar essa consciência de conjunto. A educação através da interdisciplinaridade necessita recompor a forma humana de conhecer e relacionar-se com o mundo, por uma estratégia de ação, que busca a formação integral do ser humano, com uma visão de globalidade superando a visão fragmentada, pois o indivíduo encontra-se inserido dentro de uma diversidade e através de interações, participa de uma transformação de seu modo de agir e de pensar.

Pensando-se desse modo, pode-se caracterizar a educação da era tecnológica, como educação do "conduzir", do "deixar crescer", indo além de qualquer currículo, objetivando a formação crítica, consciente e com a visão de mundo ampliada, promovendo o comprometimento com uma sociedade mais justa e mais humana.

Necessita-se de um novo paradigma, que venha a atender a era tecnológica na qual o indivíduo venha (re)criar sua própria participação na sociedade, e a escola propicie maneiras de se relacionar com esse novo mundo. A educação precisa ser objetiva, no sentido de favorecer ao aluno o domínio do conhecimento e da ciência. Vivemos no mundo da informação, em todo o tempo e lugar. Cabe à escola capacitar o aluno a transformar essa informação em conhecimento. Vendo assim, o papel da interdisciplinaridade tem fundamental importância na generalização de conceitos. A escola também precisa favorecer a subjetividade, a qual diz respeito aos valores e sentimentos e a convivência com o conhecimento, com os saberes. Também deve seguir o princípio da totalidade, vendo o aluno como um todo e com as perspectivas originais para a avaliação do indivíduo. É a chamada "visão holística".

Sabe-se que a tecnologia é resultado do conhecimento científico transformado em técnica, a qual amplia, sucessivamente a produção de novos conhecimentos científicos, cujo objetivo é ampliar a eficiência da atividade humana incluindo a produção. Essa técnica, porem, passa por um processo contraditório, o qual resulta na competitividade entre a máquina e a mão de obra, que por sua vez precisa de uma capacitação científica e por conseqüência, também de uma educação científica.

A era tecnológica, que vem se desenvolvendo desde o século XVIII com a invenção da máquina, vem conseqüentemente mudando a vida do homem. Cada vez mais, espera-se que, o conjunto de habilidades, conhecimentos e informações seja operacionalizado produzindo bens de consumo e de serviços. Nosso século segue carregado de avanços, conquistas, evoluções, mas que ao mesmo tempo em que se desenvolve tecnologicamente, sofre as conseqüências de sua administração equivocada. Conhecemos os impactos ambientais, sociais, enfim de vários aspectos e, sobretudo conhecemos a falta de ética e de comprometimento com tais circunstâncias, nas quais, fatores como o poder e o materialismo possuem um grande peso negativo nessa avaliação.

Aqui, entra decisivamente o papel da educação onde o indivíduo seja capaz de lidar com a tecnologia, compreendê-la, manejá-la e, sobretudo avaliá-la em todos os seus aspectos positivos e negativos, julgando esses pontos como necessários, ou nem tanto ao homem, ao mundo; ou que favoreçam ou desfavoreçam ao homem, ao mundo.

A visão de avaliação da tecnologia é uma das atitudes da educação tecnológica. A outra visão parte do princípio de que o homem tem capacidade de transformar o conhecimento em tecnologia, ou em novas tecnologias, aprendendo a aprender, através das pesquisas e da construção do conhecimento, ligados, sobretudo à ética e aos valores.

A escola, portanto, será a mediadora entre a sociedade e o homem, superando as percepções isoladas e fragmentadas do conhecimento.

Essa nova leitura de mundo, a interdisciplinaridade e a ação do indivíduo na sociedade são desafios para a educação, fazendo com que esse indivíduo venha ser transformador e progressivo, passando do saber-fazer para o saber-ser, pensar e agir.

Os desafios fazem parte do objetivo de uma escola dita "democrática", comprometida com o ensino, com as aprendizagens, dentro de um espaço de criação, desenvolvimento, participação ativa e reflexiva.

Entende-se por democracia, o resultado do comportamento de uma relação entre os sujeitos de um grupo. Porém, essa relação, pode vir a não ser democrática, de acordo com as atitudes dos sujeitos. A análise dessa relação é representada por várias formas de atitudes. Uma delas é a relação perceptiva, a qual representa a forma de como o sujeito recebe e comunica o que vê e a maneira como age consigo e com os outros. Outra é a relação de poder, que vai depender da interação dos sujeitos, vindo a ser positiva ou negativa.

A interação dentro de uma escola é múltipla e tem vários sentidos. Temos padrões de comportamento e de participação que vão agir sobre as relações de poder. A seletividade é outro ponto sob o qual o sujeito cria os estereótipos, selecionando os indivíduos segundo um modelo, um padrão pré-determinado, que poderá ter a aceitação ou negação desse sujeito. Os estereótipos tendem até a eliminar a subjetividade. Esse modelo ou estereótipo é resultado da observação por parte de um sujeito, seguindo seus princípios que podem vir a ser da própria educação ou da natureza do observador.

Na escola, ao invés de julgar, seria preferível entender certos comportamentos dos alunos. O julgamento que busca o enquadramento em alguns padrões de comportamento poderá ser errôneo.

Portanto, percebe-se que para que a democracia na escola aconteça efetivamente, ela precisa passar por grandes mudanças principalmente nas atitudes que levam ao enquadramento de uma diversidade em características semelhantes e que por sua vez possibilitam o aparecimento de problemas advindos dessa forma de ver o grupo.

Marília Kostecki – Pedagoga.

Artigo referente à disciplina: Paradigmas Contemporâneos em Educação, do curso de Pós-Graduação/Especialização em Interdisciplinaridade realizado em Itaiópolis.

Referências:

GIORDANI, E. M. Paradigmas Contemporâneos em Educação (apostila). Palmas, FACIPAL, 2004.


Autor: Marilia Kostecki


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