A Nova Ordem Econômica Mundial




     Gráfico da queda da bolsa em 1929

A nova ordem econômica mundial e as conseqüências da crise!

A eleição americana elegerá Obama ou McCain, não importa, o próximo presidente será peça chave na recuperação e na nova ordem econômica mundial, já reinante. A resiliência da economia americana dará provas mais uma vez, inclusive se fala por lá em um novo "New Deal" que o presidente Roosevelt aplicou junto com as idéias de Jonh Maynardes Keynes escrevendo um novo capítulo na teoria econômica. Agora não será diferente. Estamos vendo todos falando no fim do capitalismo, em depressão pior do que a crise de 1929, em nova conferência mundial nos moldes de Bretton Woods e outras coisas mais, a mídia está inquieta, as bolsas de valores apresentam volatilidade insana, o mercado ainda não está acomodado, a confiança não está completamente restabelecida. Mas para mim não estamos todos perdidos, afinal, não adianta perder a serenidade.

Vamos a alguns fatos:

1-) Existe uma nova ordem econômica mundial, a internet, a velocidade e intangibilidade são premissas (já dito aqui).Não podemos comparar a crise atual a de 1929. A lei de Say aplicada em 29 mudou muito com a alavancagem financeira. Havia excesso de produção, mas as variáveis de consumo eram outras, o mundo era completamente diferente do atual. Hoje se sabe com precisão que a depressão que se seguiu a queda da bolsa de 1929 poderia ter sido evitada por ação do governo americano, só para registro a queda de Wal Street em 29 de outubro de 1929, dia do colapso foi de 12%, em 19 de Outubro de 1987 Wall Street caiu 22% com o problema das "Savings & Loans" e em 17 de setembro de 2001, pós atentado ao World Trade Center Wall Street caiu 14,3%. Bolsas são assim mesmo. Esta pela queda até aqui podemos considerar uma das piores, mas com uma característica, a velocidade da descida. Detalhe: Em nenhuma destas outras citadas havia a apreciação dos ativos como agora. Maior o galho, maior o tombo.

2-) Bretton Wood foi convocada em função da experiência de 29 e dos estragos que a II guerra estava causando, no final já, mas o mundo precisando limpar os escombros. Se analisarmos o papel do G-20 e o G 7, eles são analogamente uma nova Bretton Woods incipiente. Os países discutem mecanismos de combate ao problema sistêmico, característico da globalização e do mundo conectado e veloz. Podem até nomear uma nova conferência para discutir a economia mundial, mas isso já ocorre de maneira coordenada e competente até aqui.

3-) É forte a tendência de um aumento da regulamentação e mudanças nas regras de bolsas, fundos, derivativos, sistema financeiro e bancário, mas demora algum tempo o resultado. Não digo aqui anos, nem meses, mas muitos dias. Lembre-se uma das premissas é a velocidade. A movimentação e a liquidez de suporte que os BCs dão ao mercado são ágeis e rápidas, ainda bem.

4-) Tivemos o chamado "Baby Boom" da década de 50 e 60, conseqüência direta das mudanças pós guerra, inclusive tecnológica e o advento da comunicação. Prosperidade total, logo veio a crise do petróleo na década de 70 e os movimentos inflacionários em quase todos os países, causados pela mesma prosperidade basicamente. Aqui no Brasil foi um pouco diferente, pois experimentamos na década de 70, crescimento econômico médio de mais de 9%, como é a China hoje, o chamado milagre econômico. Depois os períodos de inflação crítica experimentados na década de 80. Em 1973 o primeiro choque do petróleo e início da inflexão mundial na riqueza gerada em 50 e 60. Não é fácl traçar um paralelo na prosperidade das décadas de 60 com as da década de 90, o mundo é outro.

5-) Insisto, o Capitalismo não acabou nem está sendo revisto. O lucro ainda é a melhor forma de gerar riqueza, emprego e renda. O sistema de mercado ainda é o mais democrático e livre. Intervenções de governos? Sempre que necessário. O melhor sistema é o que dá resultado e mostra desempenho, a nova ordem econômica é mandatária e real, quer queiramos ou não. A crise atual só precipita e dá os contornos de ajustes e mudanças.

6-) As bolsas estão voláteis não por causa das notícias de potencial recessão mundial. O mundo ainda crescerá 2,5% médio ao ano segundo diversas previsões. A China ainda crescerá 9% e os emergentes outros tantos. O Brasil deve ficar com 3,5% ou mais. As bolsas ainda se ressentem de falta de confiança, de ajuste de preços irreais e do momento de instabilidade, natural no meio da confusão.

7-) A confiança da população não poderia seguir caminho diferente neste momento, o pessimismo é total, mas o mundo não parou, não foi a primeira e nem será a última crise da economia, seja regional ou mundial. A diferença é que hoje, tudo ligado sistemicamente, as informações circulam rápido e acabam colocando freios em diversas atividades.Muito mais fábricas vão fechar e quebrar, assim como ocorre com as de brinquedo chinesas, é parte do processo, da inflexão pós prosperidade absoluta. A riqueza é gerada pela competitividade global, pela evolução do preço dos insumos, enfim, é parte da subida, mas lembre-se que existe a descida em contrapartida. Quebrou uma empresa espanhola de aviação e disseram que foi a crise? Espera ai, o setor de aviação está em crise há muito tempo, simplesmente foi neste momento que deu a sua bancarrota, nada mais. O ajuste iniciado no sistema financeiro vai atingir outros segmentos, é natural na economia globalizada, conectada e veloz, mas é parte de um processo, não conseqüência da crise que assistimos em si.

O Ciclo econômico, repito, é a essência de tudo. Nikolai Kondratiev (economista russo dos anos 30) mostrou modelo de ciclo econômico variando entre 40, 60 anos. Lembre-se novamente que a velocidade é um dos pilares da nova ordem, as variáveis são outras, alguém precisa dar ajustes no modelo matemático de Kondrantief.

Não adianta ficarmos a luz das previsões de pessimistas ou otimistas. As coisas aconteceram com uma lógica previsível, as ações estão sendo tomadas pelas autoridades. Bretton Woods jamais poderá ser repetida, assim como o New Deal. Algo, como no passado, está já em curso, parecido, melhorado. O efeito até lá será o que vemos agora, ainda desconfiança e acomodação nos negócios. Recessão e inflação devem acontecer, mas serão movimentos rápidos, repito sempre, as ferramentas de gestão são outras, mais modernas, mais eficazes, a experiência aliada a tecnologia e aos novos pilares da economia global vão fazer muita gente se surpreender. Vai ficar aqui registrado.


Autor: Murilo Prado Badaró


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