Doença de Chagas: Estudo Epidemiológico do Triatomíneo e Incidência da Doença no Município de Barreiras - BA



BEZERRA, A. M. da S.1.; SOUZA,S.M.de.,SANTOS,K.C.B. Dos.3,ALVES,J.de.O.4,FILHO,M.M5

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Palavras- chave: Infecção,, Profilaxia; Tratamento; Doença de Chagas, Sangue.

Introdução

A partir de informações obtidas pelo Ministério da Saúde, no Brasil e outros países do Cone Sul é cada vez menos expressiva a incidência da doença de Chagas, em razão do continuado controle de triatomíneos domiciliados e de rigorosa seleção de doadores de sangue, fatos aliados ao esvaziamento demográfico e à modernização das zonas rurais. Como resultado, cada vez mais rara e excepcional deverá ser a detecção da forma aguda da doença entre nós nos próximos anos, esperando-se que a mesma se restrinja a eventuais casos de transmissão congênita e a esporádicas situações de transmissão vetorial ou oral em áreas sob vigilância e ambientes silvestres, inclusive da Amazônia.

Indubitavelmente, a maioria dos casos de doença de chagas aguda em nosso país sempre passou despercebido, fato já assinalado por Carlos Chagas nos alvores de sua descoberta. Seja por problemas de acesso, capacitação dos médicos e caracterização clínica, seja por deficiências de diagnóstico laboratorial ou pelo predomínio de uma grande maioria de casos óligo-sintomáticos e inaparentes, mesmo nas épocas dos maiores índices de triatomíneos domiciliados (primeira metade do século XX) a proporção de casos agudos detectados da tripanossomíase sempre foi imensamente menor que a de crônicos. De modo geral, a total maioria dos casos agudos registrados no Brasil dependeu de transmissão pelo triatomíneo vetor, basicamente correspondendo a quadros clínicos sintomáticos de indivíduos de baixa idade. Em geral foram detectados no verão, em regiões onde se registraram triatomíneos domiciliados, especialmente das espécies Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, Triatoma brasiliensis, Triatoma pseudomaculata e Triatoma sordida. Como elemento comum, o âmbito da ocorrência é o rural, envolvendo populações pobres e casas de má qualidade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE).
Diante do exposto, através do pressuposto teórico identifica-se que os fatores de risco são de caráter extremamente socioeconômico, e este artigo cientifico tem por finalidade determinar as características clínicas e epidemiológicas da doença de Chagas no Município de Barreiras – Ba.


Marco Teórico

A doença de chagas é uma antropozoonose determinada pela Tripanosoma Cruzi. Incluída entre uma das maiores endemias, sendo considerada como um dos principais problemas de saúde pública no Brasil (AUTO, 2002 P.211). O T. Cruzi é um protozoário, agente etiológico da doença de Chagas que constitui uma antroponose freqüente nas Américas. Este protozoário e a doença foram descobertas e descritas pelo grande cientista Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (NEVES, 2005).
Segundo NEVES (2005), o ciclo biológico do T. Cruzi, é do tipo heteroxênico, passando o parasito por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular no interior do inseto vetor. No ciclo biológico do hospedeiro vertebrado, o mecanismo natural de infecção pelo T. Cruzi, ocorre quando os tripomastigotas metacíclicos são eliminados nas fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetra pelo local da picada e interagem com células do SMF da pele ou mucosas.
Segundo AUTO (2002), a fase aguda é marcada pela presença de febre que pode assumir a forma continua ou irregular, sendo algumas vezes moderada ou, em outros casos, chegar a 40°C. Sua duração oscila em geral entre 30 e 60 dias. A maioria dos pacientes apresenta forte reação inflamatória no ponto de inoculação, com a formação do chagoma. Existem alguns casos que sua localização é facial, constituindo o sinal de Romana que se caracteriza por edema bipalpebral elástico e não dolorosa reação conjuntival, dacrioadenite e adenomegalia satélite pré-auricular.
Na fase diferenciada ou de latência, o paciente permanece assintomático durante 10 ou 20 anos, algumas vezes durante toda a vida, sendo o diagnóstico firmado apenas pelo laboratório. Alguns pacientes possivelmente infectados podem cronificar o problema com tardio acometimento do miocárdio e/ou aparecimento dos “megas” do aparelho digestivo. Trata-se de uma miocardite geralmente grave e, não raro, resistente às medidas terapêuticas cardiológicas habituais. Distúrbios de ritmos os mais variados e progressiva assistolia são suas principais manifestações. Pode-se encontrar assim, dispnéia, edema maleolar, turgência das jugulares, hepatomegalia e possível precordialgia (Auto, 2002).
O caso crônico não é objeto de notificação e investigação. Quando eventualmente seja conhecido pelos serviços de vigilância epidemiológica, a indicação é para que se faça o encaminhamento do caso à rede de serviços de assistência médica, para acompanhamento e tratamento apropriado. As unidades de referencia que deverão receber os casos agudos para tratamento etiológico, devem estar também capacitados, senão para o atendimento especializado ao paciente chagásico crônico, para a triagem e eventual referenciamento a serviços de cardiologia ou gastroenterologia que possam assistir a esses casos (DATASUS, 2006).
De acordo com NEVES (2005), o mecanismo de transmissão da doença de chagas ocorre por transmissão pelo vetor ou por transfusão sanguínea. A transmissão pelo vetor é um mecanismo de maior importância epidemiológica. A infecção ocorre pela penetração de tripomastigotas metacíclicos em solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra, já a transfusão sanguínea constitui o segundo mecanismo de importância epidemiológica na transmissão da doença de chagas onde a alta prevalência se estabelece nas grandes cidades. A doença de chagas pode ser disseminada através da transmissão congênita, acidentes laboratoriais, transmissão oral, coito e transplante.
Os métodos profiláticos fundamentais são de variáveis socioeconômicas, consistindo na melhoria da habitação, evitando-se as casas de taipa ou, pelo menos, determinando o seu rebocamento. Outra medida adequada é a borrifação das paredes com inseticidas como DDT ou BHC. Para evitar a transmissão por transfusões sanguíneas, deve ser feito um controle rígido dos doadores. Em emergências tem sido aconselhado o uso de uma solução de violeta de gentaciano a 0,25/1000 adicionada ao sangue a ser transfundido. A doença de chagas será eliminada como problema, com certeza, com o avanço do progresso em um futuro que infelizmente ainda nos parece remoto (Auto, 2002).
A terapêutica da doença de chagas continua parcialmente ineficaz, apesar dos grandes esforços que vem sendo desenvolvidos por vários laboratórios e pesquisadores. Além do problema da terapêutica especifica, uma dificuldade enfrentada refere-se ao critério e cura. Apesar de todos os problemas, entre inúmeras drogas testadas, duas tem sido usada com cautela e acompanhamento criterioso. São o Nifurtimox (Lampit) e o Benzonidazol (Rochagan), que são indicados especialmente nos casos agudos (NEVES, 2005).


Metodologia

O artigo trata-se de uma pesquisa descritiva - explorativa, objetivando proporcionar um estudo sistemático da doença. Realizamos um levantamento de dados na 25ª DIRES, no município de Barreiras - Ba, onde foram coletados informações da incidência da Doença de Chagas, dentre os anos de 2000 e 2006, e realizado um estudo epidemiológico do triatomíneo, entre os anos de 2005 e 2006, informações estas adquiridas por meio de tabelas e quadros. Além das bases literárias (AUTO, 2002; NEVES, 2005; GIL, 2002; ANDRADE, 2003), foram utilizadas endereços eletrônicos (DATASUS e SINAM) e estudos de incidência (25ª DIRES).


Resultados e Discursão

Com a realização de um levantamento de dados, a respeito da incidência da doença de chagas e do vetor da mesma, no município de Barreiras - Ba, a partir de dados coletados na 25ª DIRES, pode-se observar a quantidade de triatomíneos capturados e examinados, detectando-se assim os resultados positivos desse vetor infectado e as espécies mais comumente capturadas no município nos anos de 2005/2006 (ver tabelas em anexo). Além da obtenção dos dados que se referem à incidência da doença de chagas no município entre os anos de 2000 a 2006. Veja os dados no quadro a seguir:
Segundo fonte: 25ª Diretoria Regional deSaúde de Barreiras, o número de casos notificados de coeficientes de incidência por agravos no município de Barreiras-Ba, foram respectivamente, nos anos de 2000(547 casos); 2001 (534 casos); 2002 (486 casos); 2003 (221 casos); 2004 (0 casos); 2006 (0 casos).
Com estes dados, podemos analisar a incidência da doença, no município de Barreiras – Ba. Chama-se a atenção, para o fato de não haver notificação de nenhum caso da doença aguda dentre os anos de 2004 a 2006. Esse resultado evidência um paradoxo. Será que houve um controle eficaz dos triatomíneos, não detectando novos casos da doença, ou, não foi efetivada uma notificação compulsória adequada da doença?
A partir das informações acima citadas, acredita-se que haja a possibilidade de ter uma maior incidência da crônicidade da doença, devido ao fato da população não buscar um tratamento adequado na fase aguda da doença, fato que justifica a não notificação de novos casos entre os anos de 2004 e 2006, o que difere dos anos de 2000 a 2003, onde houve o registro dos novos casos da doença de chagas.

Conclusões

A doença de chagas é um problema de saúde pública no Brasil, que implica a adoção de políticas publicas adequada para o controle da mesma. Pois, os fatores de risco relacionam-se a aspectos socioeconômicos da população. E em nosso país, esse fato é evidenciado com os elementos comuns, condições habitacionais, tendo no âmbito da ocorrência a zona rural, envolvendo populações pobres e casas de má qualidade.
O presente artigo revelou a realidade do município de Barreiras - BA, referente à doença de chagas, determinando as principais espécies de triatomíneos que acometem a região e especificando em valores numéricos a incidência da doença.
Visto que não existe vacina contra a doença é necessário enfatizar a importância da identificação e notificação na fase aguda, a fim de mimetizar o agravamento do quadro clínico que acarretará no indivíduo complicações cardiovascular.
Conclui-se que a melhor medida profilática da doença é o combate ao vetor, e medidas de saneamento básico com a melhoria das moradias dos indivíduos que residem na áreas endêmicas e o uso de telas em portas e janelas, mosquiteiros como proteção individual.


Referências Bibliográficas

ANDRADE, Maria Margarida de. – Introdução à Metodologia do Trabalho Cientifico. – 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

AUTO, José de Farias; e colaboradores. – Doenças Infecciosas e Parasitárias. – Rio de janeiro: Revinter, 2002.

Dados Epidemiológicos do município de Barreiras-Ba. 25ª DIRES do município de Barreiras – Ba.

DATASUS. - Histórico da Doença de Chagas. – Disponível em: http://w3.datasus.gov.br/datasus , acessado em: 10/06/2007.

GIL, Antonio Carlos. – Como Elaborar Projetos de Pesquisa. – 4ª ed. São Paulo: Athas, 2002.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Manual Prático de Subsídio à Notificação Obrigatória no SINAN. – Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_chagas.pdf , acessado em: 10/06/2007.

NEVES, David Pereira. – Parasitologia Humana – 11º ed. São Paulo: Atheneu, 2005.


Autor: Kelle Bastos


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