Entre Lobos e Cordeiros



Cumprimos nossa obrigação de cidadãos. Saímos para votar em uma manhã escura, o céu encoberto pelas nuvens negras e a chuva que insistia em cair, em grande quantidade. Eu não votei, ou seja, votei sim, mas só no primeiro turno; minha esposa justificou no primeiro turno e no segundo destinou-se ao colégio. Foi tudo muito rápido, poucas pessoas pelos corredores da escola e na sua seção era a única, além dos mesários.

Lá fora várias eram as pessoas que se utilizavam do táxi, que tempo ruim este. Tudo girava para ficarmos em casa, programa em família e após o almoço tirar um cochilo. Mas não, tínhamos a obrigação de votar, mesmo que este seja nulo ou branco, mas a locomoção era inevitável.

Pensei em minha filha Beatriz, ter que trocá-la, colocá-la em um carro e enfrentar toda esta chuva. O tempo não quis cooperar. Parece que São Pedro já anunciara a decisão. Segundo dito popular, as chuvas varrem a imundície do mundo, mas parece que por cá limpou pouco mais que alguns papéis espalhados pelas ruas, mas esqueceu-se de varrer a sujeira política.

Em Porto Alegre, cidade onde resido e não voto, o PT mais uma vezolhou o atual prefeito ganhar e acabar de vez com a hegemonia petista que governava esta cidade há 16 anos. Apostaram que Maria do Rosário seria mais importante que Miguel Rosseto e pagaram pra ver. Resultado: Fogaça foi o primeiro prefeito reeleito da Capital Gaúcha. Sabemos que a mendicância por estes lados impera, que a construção de casas populares e viadutos guiou a administração do atual e próximo prefeito, mas o povo quis assim. Vitória da inteligência, dignamente orquestrada por um compositor, escritor, professor, poeta e mais: homem das Diretas Já. Em São Paulo a coisa não foi muito diferente, ganhou o Democrata Gilberto Kassab, amparado pelo governador José Serra (PSDB). Estava claro que Serra jamais explicitaria seu apoio a Alckmin, pois este emperrou as articulações do grupo de Serra para a disputa presidencial com Luiz Inácio (PT) em 2006. Observem: Geraldo parece ser muito bom, foi um grande governador, mas depois desta derrota deverá começar por baixo, nem mesmo o governo de São Paulo ele irá recuperar. Foi uma pena o Partido dos Trabalhadores ter oPTado por Marta Suplicy em uma disputa tão acirrada. Ela, sexóloga, esta preocupada com outras coisas, menos com o povo. Parece que o seu partido relaxou e não gozou e Marta teve provas que o povo não é mais bobo. Está certo que Kassab tem muitos defeitos, grita com pessoas do povo, sorri das desgraças do ocorrido com o metrô, mas a Marta é intragável, chega de apostar nessa massa falida. Quero Eduardo Suplicy ou mesmo seus filhos: João e Supla. Mas minha mágoa foi ver Gabeira (PV) perder para Eduardo Paes (PMDB). Eduardo foi o homem que denunciou José Dirceu (PT), que agora o apóia. Foi ele quem chamou Luiz Inácio (PT) de chefe da quadrilha do mensalão e Lula agora destina seu apoio ao candidato. A honestidade de Gabeira, sua conduta política e histórica foi deixada de lado e ganhou a demagogia, a mentira, o preconceito e a aniquilação de uma cidade que merecia mais, merecia a verdade, o combate.

O povo tem sim uma parcela de culpa nesses resultadose a ideologia perde espaço, o passado histórico também, originando uma farsa: o lobo com pele de cordeiro.


Autor: Sergio Sant'Anna


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