O Que é Um Seminário



O processo de transmissão/aquisição da cultura, apesar de todo o avanço tecnológico observado na área científica, ainda é fundamentalmente realizado através da leitura. Há, contudo, entre os professores universitários, a mesma queixa generalizada: os alunos não têm o hábito da leitura. O fato é que os estudantes não estão habituados a encarar a leitura como um processo mais abrangente, que envolva o leitor com o autor, não conseguindo prestar atenção, entender e analisar o que lêem. Tendo isso em vista, criou-se a "metodologia do trabalho científico" como um instrumento para aprimorar a aquisição de conhecimento nos meios universitário.

Podemos visualizar a "metodologia do trabalho científico" em duas partes. A primeira parte enfatiza a importância da leitura, técnicas para elaboração dos trabalhos de graduação, técnicas de pesquisa bibliográfica, fases de pesquisa bibliográfica, partes que compõem um trabalho de graduação, normas para redação dos trabalhos e a elaboração de seminários. A segunda parte traz informações sobre métodos e técnicas de pesquisa, pesquisa de campo e relatório de pesquisa.

A presença de tantas regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem nenhuma exigência metodológica, faz com que o estudo de metodologia científica nas universidades raramente seja bem aceito pelos alunos. Mas não podemos nos esquecer que a metodologia científica objetiva bem mais do que levar o aluno a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela almeja levar o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam à prática da leitura, da análise e interpretação de textos e conseqüentemente a formação de juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação plausível e coerente. As regras e passos metodológicos que são ensinados nas universidades, visam à inserção do estudante no mundo acadêmico-científico desenvolvendo nele hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura e o espírito crítico maduro e responsável.

A metodologia científica ajuda os alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas.

O QUE É SEMINÁRIO

Se fossemos procurar um conceito de seminário, encontraríamos inúmeros conceitos formulados por diversos professores doutores em metodologia científica. Porém, acredito que o conceito de Lakatos[1] apresentado em seu manual de metodologia científica nos é cabido suficientemente para entendermos o que é um seminário. Segundo o autor citado o seminário é uma técnica de aprendizagem que inclui pesquisa, discussão e debate.

O seminário não é feito somente para o professor, mas essencialmente para a turma de alunos. Ele não é uma leitura de um texto, mas sim uma troca de idéias entre quem apresenta e quem o assistem. Geralmente os organizadores apresentam um tema com o apoio de um texto distribuído entre os assistentes e usa o recurso de figuras, mapas, transparências, recortes de revistas ou jornais, vídeos, entre outros.

ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDO

Ensino superior exige nova postura de estudo, explorando-se o que aprendeu em estudos anteriores. Doravante o resultado do processo depende do aluno, exigindo condições de aprendizagem de maior autonomia na efetivação da aprendizagem. Exige maior independência em relação aos subsídios da estrutura de ensino e dos recursos que a instituição oferece. Vida acadêmica exige postura de auto-atividade didática, crítica e rigorosa, requer um novo estilo de estudo em que a presença física às aulas e o cumprimento de tarefas mecânicas não mais é satisfatório.

1.Instrumentos de trabalho.

Segundo Antonio Joaquim Severino[2] o objetivo da formação universitária é fornecer competências e habilidades, necessitando de fundamentação teórica das ciências, das artes e das técnicas.

É Necessário formar uma biblioteca pessoal especializada e qualificada na área de formação com livros, dicionário, textos introdutórios e clássicos da área, revistas especializadas.Exercem papel propedêutico (ensinamentos introdutórios ou básicos de uma disciplina): criam um contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a aprendizagem e a maturação do pensamento. Textos complementam a exposição dos professores, possibilitam a comparação de idéias de diferentes autores e fornecem instrumental de trabalho na área bem como o vocabulário básico.

2.Exploração dos instrumentos de trabalho.

As idéias principais das informações debatidas nas aulas devem ser anotadas e ao retornar para casa o aluno deve reconstruí-las em textos sintéticos do assunto abordado.

Tomar nota não significa anotar palavra por palavra, pois isto atrapalha a concentração do aluno para pensar no que está sendo dito. Registre expressões que traduzam as idéias fundamentais mediante a elaboração de algumas categorias básicas. Preste atenção na fala do professor e compreenda o que está sendo dito. Se algum conceito anotado ficou impreciso recorra à pesquisa bibliográfica sobre o assunto para completá-lo. Faça um resumo com as principais contribuições da exposição. Ao se fazer isso, não existe a preocupação em decorar ou memorizar, antes em aprender de forma inteligente e racional: pesquisando, comparando informações e adquirindo maior familiaridade com o assunto.

3.A disciplina do estudo.

Apesar da rigidez da proposta de metodologia de estudo esta é eficiente. Pressupõe organização da vida de estudos tornando-a produtiva.

Falta de tempo exige grande organização do aluno para o estudo em casa, indispensável para um aproveitamento mais inteligente do curso de graduação. Essencial é aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma ordenação de atividades. Estabeleça um horário para estudo em casa, respeitando suas condições físicas e psíquicas, compra rigorosamente para manter um ritmo de estudo.

Vencida a fase de aquecimento, a produção do trabalho se tornará eficiente, fluente e agradável. Recomenda-se distribui o tempo de estudo em vários dias durante a semana a fim de revisar e preparar a matéria nos períodos imediatamente mais próximos das aulas.

4.Sugestões para o estudo ou trabalhos em grupo.

Evite grupos numerosos, pois sempre causa a dispersão de alguns. Grupos acima de 04 pessoas requerem atenção cuidadosa. Estabeleça um horário acordado para o encontro do grupo. Defina as tarefas, as etapas a serem vencidas e as formas de procedimento. Quando um período de estudo ultrapassar a duas horas, faz-se necessário um pequeno intervalo. Sejam francos com algum componente que não esteja contribuindo efetivamente para a realização do trabalho: não carregue ninguém nas costas! Desta forma, o trabalho acadêmico será mais eficiente e proveitoso.

ANÁLISE TEXTUAL

É o que você vai fazer assim que puser as mãos no texto. E aqui é preciso um cuidado especial. Para entender o que vai ler, primeiro deve conhecer bem o texto e chamá-lo pelo seu nome. É preciso saber se ele é um artigo de uma revista, um capítulo de um livro, ou o que mais. Com o texto na mão, veja qual o seu tamanho e quantos tópicos ele tem. Isso é importante para você dimensionar o tempo que vai levar lendo o texto. Durante a leitura é preciso:

a) Marcar o texto: Fazer anotações nas margens. Inventar símbolos para marcar o que se julga mais importante, que parágrafos deverão ser relidos depois, o que não foi entendido, onde achar as idéias principais. Isso pode ser feito sublinhando linhas ou parágrafos, fazendo marcas nas margens ou anotando suas observações nos cantos do papel. Um livro da biblioteca, jamais poderá ser marcado desta forma, mas sim em uma folha em branco, anotando o número da página e o parágrafo a que a nota se refere.

b) Levantar vocabulário: Anotar as palavras não entendidas e buscar seu significado no dicionário.

c) Buscar informações complementares: Devem-se buscar informações complementares sobre os fatos citados no texto, sobre as doutrinas e linhas de pensamento apresentados e mesmo sobre o próprio autor.

d) Por fim, faça um esquema do texto.

A análise textual é a leitura que busca dar uma visão de conjunto do texto, nos permitir buscar esclarecimentos sobre o autor, fatos, doutrinas e autores citados no texto, bem como vocabulário utilizado no texto[3].

ANÁLISE TEMÁTICA

É o momento de se perguntar se realmente compreendemos a mensagem do autor no texto. Aqui devemos recuperar o tema do texto, o problema que o autor coloca e a idéia central e a secundárias do texto.

Normalmente isto é feito junto com o esquema do texto. Nele, se indicará cada um desses itens acima, reconstruindo o raciocínio do autor do texto. [4]

FICHAMENTO

O Fichamento é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Para isso, é preciso usar fichas que facilitam a documentação e preparam a execução do trabalho. Não só, mas é também uma forma de assimilar criticamente os melhores textos num curso universitário[5].

Um fichamento completo deve apresentar os seguintes dados:

a)Indicação bibliográfica – mostrando a fonte da leitura.

b)Resumo – sintetizando o conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode fazer uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa).

c)Citações – apresentando as transcrições significativas da obra.

d)Comentários – expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e outras obras.

e)Ideação – colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura reflexiva.

RESUMO

Segundo Antônio Joaquim Severino[6] em seu célebre manual de metodologia científica resumir é apresentar de forma breve, concisa e seletiva certo conteúdo. Isto significa reduzir a termos breves e precisos à parte essencial de um tema. Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante em especial por lhe permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.

Em geral um bom resumo deve ser:

a) Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários

b) Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto

c) Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.

RESENHA

Resenha[7] é um texto que serve para apresentar um outro (texto-base), desconhecido do leitor. Para bem apresentá-lo, é necessário além de dar uma idéia resumida dos assuntos tratados, apresentar o maior numero de informações sobre o texto.: fatores que, ao lado de uma abordagem critica e de relações intertextuais, darão ao leitor os requisitos mínimos para que ele se oriente quanto ao grau de interesse do texto-base.

Numa resenha é necessário se informar, pelo menos, o nome do autor, o nome do texto, onde e quando foi publicado. Outras vezes nascerá a necessidade em querer ter acesso ao texto resenhado e, para tanto, a necessidade dessas informações básicas. Elas podem aparecer no corpo do texto ou no final , como uma citação bibliográfica. Se forem apresentadas no corpo do texto, devem ser bem integradas à exposição dos assuntos tratados.

RESENHA CRÍTICA

A resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica. Expõe-se claramente e com certos detalhes o conteúdo da obra, o propósito da obra e o método que segue para posteriormente desenvolver uma apreciação crítica do conteúdo, da disposição das partes, do método, de sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentação tipográfica, formulando um conceito do livro.

A resenha crítica consiste na leitura, resumo e comentário crítico de um livro ou texto. Para a elaboração do comentário crítico, utilizam-se opiniões de diversos autores da comunidade científica em relação às defendidas pelo autor e se estabelece todo tipo de comparação com os enfoques, métodos de investigação e formas de exposição de outros autores.

Evidentemente, uma resenha crítica bem feita pode converter-se num pequeno artigo científico e até mesmo num trabalho monográfico, podendo ser publicada em revistas especializadas. A resenha crítica compreende uma abordagem objetiva (onde se descreve o assunto ou algo que foi observado, sem emitir juízo de valor) e uma abordagem subjetiva (apreciação crítica onde se evidenciam os juízos de valor de quem está elaborando a resenha crítica).

A resenha facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma avaliação da mesma.

Na introdução o acadêmico deve apresentar o assunto de forma genérica até chegar ao foco de interesse, ou ao ponto de vista o qual será focalizado. Uma vez apresentado o foco de interesse, o acadêmico procura mostrar a importância do mesmo, a fim de despertar o interesse do leitor. Por último, deixa-se claro, o caminho/método que orienta o trabalho.

A descrição do assunto do livro, texto, artigo ou ensaio compreende a apresentação das idéias principais e das secundárias que sustentam o pensamento do autor. Para facilitar a descrição do assunto sugere-se a construção dos argumentos por progressão, que consiste no relacionamento dos diferentes elementos, mas encadeados em seqüência lógica, de modo a haver sempre umarelação evidente entre um elemento e o seu antecedente. A apreciação crítica deve ser feita em termos de concordância ou discordância, levando em consideração a validade ou a aplicabilidade do que foi exposto pelo autor. Para fundamentar a apreciação crítica, deve-se levar em conta a opinião de autores da comunidade científica, experiência profissional, a visão de mundo e a noção histórica do país. Nas considerações finais, devem-se apresentar as principais reflexões e constatações decorrentes do desenvolvimento do trabalho[8].

EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO

Como integrar a teoria ensinada nas faculdades com a realidade das empresas é uma antiga questão em que ambas as partes vêm repensando seus papéis. Aprimorar e adaptar o currículo acadêmico às exigências do mercado de trabalho é uma maneira de ampliar a chance de o estudante ingressar na profissão que escolheu. Dessa forma, a organização que aumenta o número de vagas para estagiários, absorve mais pessoas competentes e tem um poderoso crédito de potenciais. Tal integração é essencial em qualquer carreira, e na área de administração de empresas, especialmente em recursos humanos, o estudante deve ir além de mostrar que domina os conceitos do mercado. Vivenciar a teoria na prática no período da faculdade é uma experiência rica em descobrimentos e surpresas. De acordo com Narcélio José dos Santos[9], para enfatizar o aspecto empreendedor, durante os anos de estudo o aluno realiza trabalhos acadêmicos para prepará-lo para uma condição de disciplina nas tarefas que um dia irá realizar um dia já formado como profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A responsabilidade pela formação científica está interrelacionada à formação

profissional. A sociedade demanda profissionais com sólida formação científica que,

valendo-se dos conhecimentos aprendidos, sejam capazes de ampliá-los, solucionando

até novos problemas que venham a encontrar no desempenho de suas atividades. Entretanto, quando se fala sobre a formação profissional, tende-se a relacioná-la com o mercado de trabalho.

A preocupação em atender às exigências do mercado de trabalho ganha tal proporção que corremos o risco de pautar as atribuições da Universidade somente pelas exigências desse. Ora, é claro que as instituições de ensino superior, quando se propõem a formar profissionais, não podem não prestar atenção ao mercado de trabalho com suas exigências atuais. Este, porém, em nossos dias, tende a ser cada vez mais restrito, conservador, altamente competitivo, não somente pelo nível de exigência, mas também pela tendência atual de organizar os processos de trabalho com o mínimo de mão-de-obra. A Universidade corre o risco, dessa maneira, de formar profissionais de saída já descartáveis e descartados.

Nesse sentido, a Universidade precisa não só de prestar atenção ao mercado de trabalho, mas de ampliar sua visão na direção do campo de atuação profissional. Assim, enquanto o mercado de trabalho consiste na oferta de empregos existente, o campo de atuação profissional constitui, nas possibilidades de atuação do profissional na sociedade. Essas possibilidades são percebidas, estruturadas e propostas com base em pesquisas e investigações promovidas pela Universidade, por um lado, e pelas atividades empreendedoras promovidas de forma acadêmica que capacite o aluno universitário a este campo tão exigente de disciplina.

Assim sendo, o metodologia científica tem papel fundamental, pois capacita o aluno a disciplina, pesquisa e construção de argumentos sólidos que o segure na realidade de mercado de emprego atual.

BIBLIOGRAFIA LIVROS

1. LAKATOS, E.M. e MARCONI, M.A.- Fundamentos de Metodologia Científica. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.

2. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientifico. São Paulo: Editora Cortez, 2002.

BIBLIOGRAFIA SITES

1.http://www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/normas_leitura_textual.htm

2.http://www.abnt.org.br/default.asp?resolucao=800X600

3.http://pt.wikipedia.org/wiki/Resenha

http://www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/normas_leitura_textual.htm




Autor: Silvano Tenorio Felix


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