Último Trago
Saio para trabalhar, um turno numa noite como essa me faz pensar quanto tempo ficarei neste cargo de policial. Pego meu cigarro da marca "Angel of the luck" e acendo o mesmo, uma sensação de que a paz é uma efemeridade; sempre faço isso quando estou estressado.
Chego à delegacia e um colega de trabalho põe em minha mesa o caso do dia, na realidade ele não vai com minha cara desde o dia em que pus meus pés aqui, seu nome era Otávio; seu jeito arrogante me faria sentir o mesmo por ele; reciprocidade. O caso do dia me chamou muita atenção, era o de um homem acusado de molestar sexualmente uma jovem com seus dezoito anos de idade, o meliante não era comum, era o prefeito da cidade; aquela mesma história, ele era indiciado, mas seu título de prefeito era mais relevante e seria solto, porém a pobre garota que tivera sofrido a moléstia teria sua vida marcada pela crueldade; a verdadeira face da justiça? Tinha certeza de que o prefeito era o criminoso, meu sangue ferveu mais que a lava do "Etna", quando vi a impunidade ser tão real quanto o sofrimento daquela garota; decidi fazer justiça com as próprias mãos.
Passados alguns dias pensando sobre o caso, tomei uma atitude que mudaria minha vida para sempre; fui á prefeitura. Era noite e o prefeito não deixara a prefeitura por causa da intensa chuva; entrei. Com meu sobretudo molhado respingando gotas dágua sobre aquele chão que mais parecia um espelho, minha alma estava como se não estivesse em meu corpo, o clima gélido que perdurava favorecia á que meu coração fosse mais gelado que a qualquer outro equivalente, entrei na sala do prefeito com violência, ele logo exclamou, mas quando viu minhas feições nada amistosas se conteve a um determinado tempo, mostrei para ele a foto da garota que havia molestado, ele sorriu ironicamente e me disse que nada do eu fizesse iria desfazer o mal feito, dei um soco no miserável, ele exclamou que iria me prender por isso, eu disse que nada iria me acontecer depois do mal feito tão perfeito, o amarrei numa cadeira depois de have-lo espancado no topo da hierarquia citadina; a prefeitura. Acendi meu "Angel of the luck", o miserável me fez seu ultimo pedido; um último trago.
Eu não pude negar esse favor, peguei o cigarro, dei um trago, apaguei meu cigarro, aspirei a fumaça, peguei minha arma e a engatilhei, "clic", um estampido ao longe anunciava a morte de um indigente, fugi do local como um louco desesperado; porém aliviado. A policia chega ao lugar pela manhã, depois de ser chamada por um funcionário da limpeza. Viaturas e mais viaturas, policiais armados até os dentes, como se fossem enfrentar um exército, uma ação inútil, pois o que aconteceu foram horas atrás. O corpo do prefeito foi encontrado assentado numa cadeira no terraço do prédio, em suas mãos havia a foto da garota estuprada por ele, no verso da fotografia estava escrito: "A justiça não é uma efêmeridade". (...)
* To be continued
Autor: Tomaz Almeida
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