Topografia Do Terror



INTRODUÇÃO

O  século XX inaugurou uma nova modalidade de nacionalismo, tornando-o uma inquestionável força política de massa. Todavia, considerar a  adesão da massa apolítica a um sistema de delírio, 1 vivida na Alemanha nazista, como produto final de um projeto de sociedade, elaborado por grandes líderes e imposto de cima pode ser demasiado simplista. Reduziria a massa a um mero consumidor desse produto, desconsiderando sua função de fornecedora de matérias-primas para a construção do mesmo. O problema da adesão da massa a um movimento nacionalista de ultradireita, a um regime ditatorial, é delimitar até onde a consciência nacional substituiu a consciência de classe.

Convencionou-se tratar o movimento como fenômeno, aberração-patológica, histeria de massa, 2 fruto de mentes insanas e criminosas, numa tentativa de aliviar o povo alemão do peso de tantas mortes. Ora, em se tratando de um regime ditatorial, não faria sentido algum qualquer juízo de valor  no intuito de  culpabilizar um ou outro ator histórico pelos conhecidos massacres. Entretanto, a tentativa de melhor delimitar as fronteiras entre a coação e a adesão voluntária, não ajuda solucionar o problema, muito pelo contrário, ajuda a complicá-lo, a melhor problematizá-lo. Apesar do apartamento geográfico, o estudo do tema pode ser válido por abordar assuntos que constituem um espaço proibido no Brasil, o tabu do racismo e da identidade nacional, numa nação multi-étnica onde o racismo se apresenta como elemento estruturante da estratificação social.

Para analisar o nazismo em termos de dominação simbólica será preciso dividi-lo em dois momentos, ou posições distintas: uma como partido nacionalista de ultradireita e grupo para-militar, desenvolvendo um discurso determinado socialmente e dirigido a um determinado grupo social representante de interesses, aspirações e receios de  uma parcela considerável da sociedade. E outro de governo totalitário, como mandatário num Estado centralizado, capaz de exercer o poder de implementar seu projeto civilizador 3.

No caso específico do nazismo, o monopólio legítimo da violência física e simbólica, assume um discurso meio revolucionário, meio cosmogônico 4, na pressa de constituir um novo homem vivendo em uma nova sociedade - que exigem por sua vez uma nova educação, e um novo sistema de governo, respectivamente. Assumindo o dever de reorganizar a ordem social, suas categorizações, recriando o mundo à sua imagem e semelhança.


Autor: Ivan Peluso Cid


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