Urbanização do Caos e do Progresso
Entendendo isso, pode-se inferir que o processo de urbanização de uma cidade, quando analisado na sua trajetória histórica, possibilita a construção de uma identidade, de uma compreensão da razão de ser de um povo, de seus costumes e tradições. Contemplando os aspectos da sociedade de ontem os sujeitos podem entender, por exemplo, a sua condição de exclusão econômica e sócio-cultural de hoje.
A sociedade urbana trouxe consigo não somente os progressos conseqüentes da estruturação das atividades de comércio e indústria. Para compor a mão de obra nesses dois planos econômicos, houve um vigoroso êxodo rural. Ao longo desse período de mudanças de concepções de sociedade camponeses, artesãos e escravos começaram a povoar as cidades sem qualquer critério de organização.
Aqui no Brasil, os escravos, após receberem as cartas de alforria, foram, na maioria dos casos, despejados da casa de respectivos donos para, nos morros, comporem a imensa sociedade das favelas, onde se concentram os frutos do descaso da sociedade burguesa perante os desfavorecidos.
Como diz Freire (1996, p.111), “...Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora das verdades...”. Então, com o intuito de permitir aos sujeitos um posicionamento crítico diante da sua realidade, entender o processo de urbanização de sua cidade, estado e país, significa visualizar em uma determinada dimensão, as articulações das classes dominantes em prol da manutenção da própria hegemonia e, conseqüentemente, da ordem social vigente.
Nesse sentido, o estudo dos documentos de fotos e filmes da Cidade de Salvador, traz um sentido especial ao direito de conhecer a própria história, fazendo a interpretação do seu passado sobre outra perspectiva que não seja a dos vencedores. E isso, possui um valor identitário, construtor e transformador da condição humana dos sujeitos. Fazer um passeio histórico sob o ponto de vista do oprimido e refletir sobre isso, é como o sair de um local escuro para outro iluminado, no início há um certo choque, mas depois será como um novo nascimento, momento em que surge potencialmente o sujeito.
Referências:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Editora paz e terra. São paulo, 1996. (Coleção leitura).
Autor: PAULO SANTOS
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