Iniciação Matemática Para Portadores De Deficiências Mentais
A primeira meta para o deficiente mental educável será ajuda-lo a desenvolver a independência tanto quanto qualquer outra criança, até que se torne capaz de agir economicamente como uma pessoa independente na comunidade, em vez de ser um peso econômico para a família e a comunidade. A criança retardada é socialmente marginal. Sua incompetência fica demonstrada quando as tarefas envolvem relações espaciais, temporais e numéricas. A natureza das tarefas sugeridas para aumentar a competência dependerá da criança e da família.
Nesse sentido, a matemática servirá como peça chave no processo de apreendência: A criança em idade escolar aprende a usar o dinheiro. Existem algumas formas de desenvolver a capacidade de lidar com o dinheiro em crianças de aprendizagem lenta como, por exemplo, permitir que paguem o almoço, dar-lhes algum dinheiro para ser usado como quiserem e ajudá-las a contar o dinheiro.
Em termos de conteúdo é preciso dar maior ênfase nas experiências concretas e “à mão” para se equipararem às limitações cognitivas especiais. Enfatizam-se as experiências práticas de trabalho e de aprendizagem sobre o lar e a comunidade. Em termos de Habilidades é muito importante dar-se ênfase no comportamento de cooperação, compreensão dos próprios sentimentos e dos outros, pontualidade, etc. As escolas devem procurar incluir as crianças deficientes mentais à sociedade tanto quanto possível.
As crianças treináveis não aprendem a aritmética formal apresentada nas séries primárias. Podem, entretanto, aprender alguns conceitos quantitativos, tais como mais e menos, pequeno e grande e o vocabulário elementar do pensamento quantitativo. Pode-se ensina-las a contar até dez e identificar quantias em pequenos grupos. As crianças mais velhas podem aprender a escrever números de um a dez, e algumas, então, podem aprender o conceito de tempo, principalmente a seqüência de atividades durante o dia, a hora marcada no relógio e possivelmente uma compreensão elementar do calendário. Algumas podem reconhecer e lembrar números de telefone, sua idade e alguns conceitos simples de dinheiro. Em geral, a aritmética ensinada se relaciona à vida diária.
O objetivo educacional máximo é a independência e o programa educacional gira em torno desse objetivo. Entretanto, a independência completa é altamente improvável para a maioria das crianças deficientes mentais treináveis. Portanto, o objetivo do programa educacional torna-se treinar a criança para enfrentar, num estado limitado de dependência, (problemas de ajuda e cuidados pessoais de utilidade econômica e de ajustamento social no lar e na vizinhança ou em um ambiente resguardado).
Atendendo à necessidade de o ensino ser encarado numa perspectiva individualizada, por forma a melhor servir as necessidades próprias de cada criança, não podemos afirmar que existam "receitas" específicas para o trabalho com alunos portadores de deficiência mental. No entanto, analisando as características gerais comuns a estas crianças, podemos enunciar alguns princípios educativos a ter em conta durante a programação e implementação desta, junto a estes alunos.
As aprendizagens processam-se de uma forma lenta pelo que é importante focarmos a atenção apenas nos objetivos que realmente queremos ensinar, criar situações de aprendizagem positivas e significativas, preferencialmente nos ambientes naturais do aluno e de uma forma o mais concreta possível, para que este se sinta motivado e com predisposição para aprender. Tendo em conta as dificuldades destas crianças em efetuar a aquisição de conceitos abstratos bem como generalizar e transferir os comportamentos e aprendizagens adquiridos para novas situações, é necessário que estas aquisições se processem nos contextos e situações o mais variado e naturais possível.
Outro fator a ter em conta é a necessidade de dividir as tarefas em conjuntos de subtarefas mais simples, de forma a graduar a dificuldade das aquisições tornando-a mais acessível e positiva, tendo sempre em mente que o sucesso gera sucesso e o insucesso sucessivo gera desmotivação, recusa de novas aprendizagens e mais insucesso, criando uma baixa auto-estima, logo uma pessoa infeliz para quem a escola passa a ser um penoso fardo a carregar todos os dias. (Texto eletrônico, Eric Digest E528, 1994)
Valorizar as peculiaridades de cada aluno, atender a todos na escola, incorporar a diversidade sem nenhum tipo de distinção. Nunca o tema da inclusão de crianças deficientes esteve tão presente no dia-a-dia da educação – e isso é uma ótima notícia. Tal qual um caleidoscópio, que forma imagens com pedras de vários tamanhos, cores e formas, cada vez mais professores estão percebendo que as diferenças não só devem ser aceitas, mas também acolhidas como subsidio para montar (ou completar) o cenário escolar. E não se trata apenas de admitir a matrícula desses meninos e meninas – isso nada mais é do que cumprir a lei. O que realmente vale (e, felizmente, muitos estão fazendo) é oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e construir uma nova filosofia educativa.
Essa mudança é simples? É claro que não. Na verdade, ainda é difícil encontrar professores que afirmem estar preparados para receber em classe um estudante deficiente. A inclusão é um processo cheio de imprevistos, sem fórmulas prontas e que exige aperfeiçoamento constante. “Do ponto de vista burocrático, cabe ao corpo diretivo buscar orientação e suporte das associações de assistência e das autoridades médicas e educacionais sempre que a matrícula de um deficiente é solicitada”, explica Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação em entrevista à revista Nova Escola. Quem enfrenta o desafio garante: quando a escola muda de verdade, melhora muito, pois passa a acolher todos os estudantes (até os considerados “normais”).
Geralmente os deficientes mentais têm dificuldade para operar idéias de forma abstrata. Como não há um perfil único, é necessário um acompanhamento individual e continuo, tanto da família como do corpo médico. As deficiências não podem ser medidas e definidas genericamente. Há que levar em conta a situação atual da pessoa, ou seja, a condição que resulta da interação entre as características do indivíduo e as do ambiente. O aluno deve encontrar na escola um ambiente agradável, sem discriminação e capaz de proporcionar um aprendizado efetivo, tanto do ponto de vista educativo quanto do social.
Autor: KELENN CRISTINA SILVA CUNHA
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