O Referendo Do Aborto E A Humilhação Da Igreja Católica



A Igreja Católica foi completamente humilhada com a vitória do SIM no referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Num país onde se estima que 90% da população seja católica, seria porventura uma tarefa fácil manipular as massas com as campanhas de terrorismo psicológico e totalitarismo, tão sobejamente utilizadas pelos pregadores das palavras de um qualquer deus. Mas não foi.

A população Portuguesa decidiu escolher pelo desenvolvimento, pelos Direitos Humanos e por uma sociedade justa e inclusiva. As mulheres emanciparam-se e vexaram a Igreja com a conquista dos seus direitos de liberdade e excluíram-se da humilhação feminina que a Igreja tanto apregoa. A laicidade impôs-se firmemente, como uma incontornável característica democrata, e derrubou a arrogância ditatorial e o proselitismo das sotainas.

A mensagem passada pelos Portugueses foi a da clarividência dos factos. Uma clarividência que não tolera totalitarismos e terrorismos psicológicos num país democrata e desenvolvido. As ameaças medievais já não amedrontam os crentes, que escolheram pensar por si próprios e deixar as apregoações clericais entoarem no vácuo.

A campanha da Igreja Católica moldou-se nas suas posturas habituais de terrorismo psicológico, desinformando os leigos, subvertendo os factos, ameaçando as vozes contrárias e constantemente infectando os organismos de serviços públicos com defecações hediondas de sexismo, arrogância, intolerância e outras características medievais negativas que tornariam o artigo excessivamente longo.

Por entre inúmeros dejectos católicos defecados aqui e acolá, decidi reunir aqueles que para mim melhor expõem as posturas terroristas clericais. A encabeçar a postura católica perante o tema em questão temos o papa Ratzinger, que comparou a despenalização da interrupção voluntária da gravidez ao terrorismo. Esta posição foi acatada com toda a subserviência pelos lacaios servilistas clericais. O Bispo da diocese de Bragança-Miranda, D. António Montes, proferiu que o aborto seria uma variante da pena de morte, e continuando os seus raciocínios ridículos, comparou o tema em questão com a execução de Saddam Hussein.

Na Igreja da Conceição na Horta, uma faixa dizendo Sim à Vida, Não ao Aborto motivou queixas da população, pois o referendo consistia no tema de despenalização da interrupção voluntária da gravidez e não sobre uma escolha entre vida e morte. Uma clara posição de quem, certamente, pensara em responder a um qualquer outro referendo que não o em causa.

D. Jorge Ortiga decidiu atacar directamente a soberania do Estado Português e a legitimidade da Assembleia da República, dizendo que o Estado Português não tinha competência para criar leis sobre a matéria, e que a Assembleia da República não tinha legitimidade para legislar sobre este assunto. Como a Igreja Católica já não tem legitimidade para resolver os assuntos através dos seus conhecidos churrascos medievais de carne Humana, a preocupação com estes insultos à Democracia não foi excessiva.

O cónego Tarcísio Alves, pároco em Castelo de Vide, Portalegre, focou as suas atenções no Direito Canónico, dizendo que todos os católicos que votassem SIM ou se abstivessem seriam excomungados automaticamente, a mais pesada das censuras eclesiásticas. A excomunhão deveria também atingir todos os intervenientes na execução do crime, como por exemplo, médicos e enfermeiros. Segundo o cânone 1331, os indivíduos que não votassem no NÃO não poderiam casar, baptizar-se, nem ter um funeral religioso.

Nem as crianças ficaram a salvo do terror psicológico católico. O Centro Paroquial Nossa Senhora da Anunciada decidiu usar as crianças para perpetuar os seus terrorismos, distribuindo panfletos vergonhosos intitulados Carta à minha mãe, pelas crianças ao seu encargo. Nestes panfletos hediondos, que continham as supostas palavras de uma qualquer alma de um qualquer outro mundo, ou de uma mera alucinação religiosa de um qualquer clerical detentor de graves distúrbios psicológicos, podemos extrair frases capazes de causar graves e persistentes pesadelos na mente inocente de uma criança. Mãe, como foste capaz de me matar? e Como consentiste que me cortassem aos bocados e me atirassem para um balde? são algumas das frases monstruosas colocadas nas mãos dos seres que devem ser tratados com a maior das responsabilidades. Incutir o terror no bem mais precioso da Humanidade, as crianças, é reles e vergonhoso.

Por entre todo este terrorismo católico, convém enaltecer aqueles que deambulam pelos ambientes putrefactos do catolicismo e que impõem os seus pensamentos e as suas convicções. O padre Manuel Costa Pinto foi um desses casos de excepção, e cuja posição antagónica no tema em questão à posição da instituição que representava deve merecer o mais profundo dos respeitos. A dignidade Humana exposta pelo clerical, e as suas intenções de manifestar aquilo que a sua consciência lhe transmitia, foram uma lição de liberdade de pensamento. Envoltos em laicidade, não total, mas parcial, podemos exercer em liberdade as nossas escolhas e as nossas convicções. Quando um indivíduo se encontra amarrado a uma ditadura religiosa, lutar pela liberdade de expressão torna-se uma fasquia elevada, e quando alcançada deve ser aplaudida e ovacionada.

Mas o que pensam os paroquianos desta posição de livre pensamento do padre Manuel Costa Pinto?

Domingos Alexandre afirmou que o padre admitiu o diabo, e acrescentou que era um segundo Rei Herodes, um matador de inocentes. Ainda proferiu que o pároco deveria ser expulso da Igreja. Maria Ester Boloto disse estas palavras excelsas e sapientes: O padre Manuel deve estar possuído pelo diabo, e acrescentou: Na Alemanha, onde o aborto foi legalizado, já não há crianças, só pretos. Querem que Portugal fique igual?

Muitos outros factos e argumentos poderiam ser expostos neste artigo, mas alongariam em demasia o escrito.

A sociedade Portuguesa derrotou e humilhou a Igreja Católica.

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Publicado conjuntamente em: Ateismos.net

Autor: Bruno Resende


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