O Importante é Ter Saúde



Segue acirrada a disputa entre pais e mães para saberem se seus filhos se parecem mais com um ou com outro. Mães entram na Justiça e querem a cara do recém-nascido parecida com a sua; pais temem que o rosto de seu rebento seja parecido com o do vizinho e também não admitem que a criança possua a cara da mãe. Para as feministas um gesto de machismo por parte do sexo masculino; para os machistas uma atitude típica de homem.

Enquanto essa guerra prossegue vejo mulheres modificando o próprio rosto para se parecer com o do filho, há clínicas especializadas em cirurgias plásticas prontas para deixarem os rostos femininos idênticos dos filhos, de preferência o dos recém-nascidos. A consulta não é barata e a operação custa os "olhos da cara". Parece mentira, mas basta olhar nos panfletos distribuídos pela cidade, botar os olhos nos anúncios minúsculos da seção de empregos e principalmente prestar atenção nas inúmeras clínicas espalhadas pelo País. Hoje médicos buscam especialização nesse tipo de cirurgia plástica e estão procurando o Brasil, pois foi onde tudo começou. E ainda não terminou. Cada vez mais mães procuram nossos médicos. Tramita no Congresso Projeto-de-Lei que autoriza hospitais públicos a realizarem esse tipo de operação. Há a luta entre oposição e situação. Mas como as mulheres são minoria (ainda) em nossa Casa de Leis, segue acirrada a disputa porque Deputados e Senadores querem os votos da parcela feminina da população (que são muitas).

Da parte masculina algumas manifestações são realizadas para combaterem a proliferação desse tipo de cirurgia, mas como homem é machista, evitam passeatas. Alegam os líderes deste movimento masculino que a minoria no movimento é fruto de homens que odeiam pegarem no mastro das bandeiras. O preconceito é que acaba desunindo esta classe.

Hoje me defrontei com uma mãe que acabara de realizar a tal da cirurgia, está certo que nunca a achei parecida com o filho para mim ele era a cara do pai, mas ela ficou idêntica à criança. Aprovei a cirurgia e o trabalho do escultor. Seu rosto foi esculpido, trabalho de um artesão. Feito à mão. O pai sentiu ciúme, mas fui logo o despreocupando apontando para outros detalhes que a criança possuía em outras regiões do corpo. Ele acusa a mídia de ser a culpada pela divulgação exagerada desse tipo de cirurgia e seus resultados, mas errados são aqueles que precisam dessa prova para mostrarem que são pais ou só assim se identificarem com seu filho. Falta amor. Esse é o elixir para a cura desse mal.

Como disse uma das enfermeiras para minha esposa no hospital quando ganhamos nossa filha Beatriz: "Ela se parece com o pai...", nisso minha filha começou a chorar, e ela completou: "... o importante é que ela tem saúde".


Autor: Sergio Sant'Anna


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