Lembranças e Rituais



Cada centelha cintila

em coloridas flechas

certeiras e popocam e sobem

em direção ao céu...

 

Meteoro lilás, mustangue,

violeta, escarlate, laranja

risca o espaço negro,

vigiado por mil olhos,

bola encantada de fogo,

boitatás a povoar

imaginária festa noturna...

 

Zabumbas, tubas, atabaques...

Cantos, encantos, acalantos...

Flores ao mar, flores, flores,

oferendas cheirosas.

Satisfeita Iemanjá

de doces águas doces,

cristalinas vibrações

de danças, sincopados caxambus.

 

A fogueira queima, queima,

e meu coração teima, teima

em não lembrar de esquecer

os tempos de outroras,

das madrugadas, das auroras,

dos pajés, da babugem farta,

dos caboclos da minha fé.

 

Mas as macumbas dos agoras,

tempos difíceis, cinzentos,

enegrecidos... nos rituais

perderam-se, sem demoras,

em tristes, não mais

que tristes ais...

 

Nossos deuses não resolvem mais

o que nos consome.

Em verdade, em verdade

nossos deuses não resolvem

                mais

os problemas do homem...

 


Autor: Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues


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