A Escola dos Valores Humanos



Vivemos numa sociedade cercada de problemas entre pais, alunos, professores, políticos, amigos, familiares, etc. Ouvimos e vemos corriqueiramente: “isso é falta de ética”, mas o que vem a ser ética? Todos apontam e justificam os erros, os problemas, as falcatruas, como falta de ética. Bem, podemos apontar algumas virtudes que juntas, respondem muito bem o que vem a ser ética. Porém, a nossa escola não ensina aos alunos o que realmente cada virtude dessa engrandece o ser e o faz agir como verdadeiro cidadão. A JUSTIÇA, por exemplo, foi considerada por Aristóteles a mais completa das virtudes. Falar em justiça, compaixão, coragem, prudência, temperança, cortesia, humildade, pureza, fidelidade, humor e amor, são coisas que deveriam está presentes em nossos currículos escolares, mas que no entanto, é ausente em todos. Por isso pagamos um preço muito alto pela nossa sociedade não ter escrúpulo moral.

Poderia alguém ser justo se não superar os próprios interesses? Esse seria o sentimento de COMPAIXÃO, a escola não tematiza as críticas ao sentimento de compaixão, tornou-se para muitos filósofos, virtudes com má reputação. A CORAGEM, essa sem duvidas é uma virtude admirada em todas as sociedades, em todas as épocas, pode ser perversa se não for acompanhada de outras virtudes e sentimentos nobres. “Pode se tornar perigosa sem a prudência, injusta sem sabedoria, imprudente sem temperança” (pág. 13). O que vem a ser TEMPERANÇA? É a capacidade de educar o desejo, a sabedoria de usar seu corpo e as coisas para obter prazer com moderação, (não usar só os instintos). A PRUDÊNCIA é a capacidade de discernir entre o que é bom e mau evita que sejamos insensatos; a escola não ensina sequer a CORTESIA, que é a mais pobre das virtudes, a mais superficial, uma virtude quase fútil, a escola ainda assim não ensina isso em suas aulas, porém, sabe-se que sem cortesia, as outras virtudes desandam. O RESPEITO, sem duvidas, é sempre citado quando se pergunta sobre o que deveria ser ensinado nas escolas, “faltar respeito na escola, é como faltar água no lar” (pág. 16). São tantos temas importantes que a escola não incorpora, não ensina, mas que os frutos dessa ausência, já colhemos hoje e infelizmente, colheremos no amanhã, pois parece que cruzamos os braços apenas para reclamar, apontar onde estão os erros... Mas, e as correções? Somos capazes de retificar todos, um a um, resta-nos nos agarrar a uma virtude que talvez seja a que realmente precisamos nas escolas: RESPONSABILIDADE. Sabemos que precisamos de humildade, de pureza, de fidelidade, de humor, de amor. Sabemos também, que todas as outras virtudes caminham e só funcionam se estiverem juntas, mas que a RESPONSABILIDADE é uma virtude marcante e que atrelada ao respeito, ao COMPROMISSO, e a todos os outros que já citamos, trilharemos o caminho à educação digna e a formação de um cidadão mais consciente. A consciência aliás, é quem analisa o melhor caminho e coisas, o professor tem que aprender falar menos e ouvir mais.

Talvez possamos agora, responder o que vem a ser ÉTICA. “Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto” (Dicionário Aurélio). Mas podemos simplesmente dizer que ética nada mais é que uma forma de humanizar às pessoas, humanizar no sentido real da palavra: tornar-se humano, adquirir hábitos sociais polidos, civilizar. Ética, palavra tão citada para justificar nossos erros, é na verdade, a presença de virtudes que deveríamos aprender em casa, especialmente na escola e em todos os âmbitos que a educação permei. Mas como podemos aprender na escola, se nos próprios cursos de formação de professores, a disciplina de ética está sendo extinta? Como os professores podem ensinar algo que nunca aprendeu?

Conclusão:

Podemos dizer que em uma escola onde existam castigos físicos e psicológicos, não é uma escola ética, e que por sua vez, a que tem políticas disciplinares (regras e normas dentro da escola, no diálogo) é sem duvidas, permeada pela ética, e que essa se sobressai com méritos que aquela não obtém. Nossa educação é insensata e não prudente. Sócrates ressaltou muito bem sobre SOLIDARIEDADE, enquanto Aristóteles se dedicou mais a PRUDÊNCIA e assim fizeram tantos outros filósofos daquela época e ainda desta. Mas onde está à responsabilidade e o compromisso de botar em prática as virtudes que tanto já falaram, inclusive nós, quando apontamos os erros, detectamos as falhas e encontramos as retificações. Mas e nós, enquanto pedagogas, estamos tendo informações, embasamento teórico para uma prática mais eficaz? Acredito sinceramente que não. Como será a educação daqui por diante, se até os dias atuais ainda temos essa disciplina em nosso curso de Pedagogia, ainda presenciamos casos claros de falta de ética, de ausência de ênfase no ensino das virtudes nas salas de aula, como será então, se na nova regulamentação, não teremos ética no currículo? Como se ensina algo que nunca se aprendeu? Bem, discernimos todas as virtudes que aprendemos nesse capítulo, sabemos o que significa ética, os frutos que colhemos com sua ausência e com sua presença, podemos então, fazer um confronto com a educação que presenciamos e com a que sonhamos. Resta-nos então, aprimorar-mos em nossa prática enquanto alunos, pais, colegas, filhos, professores. Se não temos condições de ensinar as virtudes que levam a uma ética na educação, façamos então, uso dos exemplos. Sejamos pessoas e profissionais, cada vez mais cheios de virtudes, JUSTOS, COMPROMETIDOS e RESPONSÁVEIS acima de tudo.

Autor: Danielle Souto


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