A Educação em Schiller: Por um Mundo Melhor



O filósofo Friedrich Schiller nasceu no ano de 1759, em Marbach e faleceu 49 anos após seu nascimento, em 1805. Seu percurso intelectual pode ser dividido em três partes bem claros: 1) período em que se dedica a dramartugia, tendo sido autor de vários dramas de grande destaque para sua época. 2) Dedicação rigorosa à filosofia kantiana, bem como a sua história e formação ao longo de sua formação. 3) Retorno ao teatro, do qual escreve variados tipos de trilogias merecedoras de variados renomes na época em que as escreveu. Além dessas três significativas fases, Schiller é autor de três importantes obras que são pertinentes para o estudo da Filosofia, a saber: Sobre a graça e da dignidade (1793), Cartas sobre a educação estética (1793-1795) e Sobre a poesia ingênua e sentimental (1795-1796).

A liberdade era uma das paixões marcantes na concepção de Schiller, seja ela política, social ou a moral. Ela, a liberdade, é algo que se encontra presente na consciência de cada sujeito, sendo esta a verdadeira característica inseparável de cada homem. Uma questão que preocupou Schiller é responder a seguinte questão: como se chegar à verdadeira liberdade? Não sobre dúvidas, na reflexão schillerriana, que é pela aquisição da própria beleza que se chegará a liberdade. Assim se faz o credo de Schiller.

Em sua obra Cartas sobre a educação estética, são ressaltados dois instintos indispensáveis do pensamento humano, que é: instinto material, que é voltado para a sensibilidade humano, ou seja, o seu contato com a materialidade. Já a outro, o instinto voltado para a forma, se encontra em constante contato com a racionalidade humana. Segundo Schiller a decadência do homem e da sociedade, o insucesso da proposta iluminista de uma sociedade regida pela razão, elevada a sua dignidade e poder, podem ser revertidas pela educação estética do homem, possibilitando a reintegração de antinomias no ser humano. Justamente neste sentido que a arte teria um papel fundamental enquanto “instrumento para o enobrecimento de nosso caráter”. A capacidade transformadora da arte reside em sua independência e autonomia da política e do estado, severamente criticados por Schiller em sua instituição. A natureza “atemporal” e “transcendente” da arte, além do meramente físico, no reino da Verdade e da Beleza, qualificam a arte para esta empreitada de educação estética, possibilitando um trabalho sobre as impressões humanas que, por si só, é capaz de influenciar sua formação moral. Os elementos formais da arte são eternos, embora o tema do trabalho do artista possa se degradar segundo os humores do público, sua forma permanece imune diante dessas vicissitudes, como afirma Schiller. A arte ganha assim um poder educativo, não elaborado em Kant, estimulante da imaginação e capaz de reformar não apenas indivíduos mas sociedades. A arte pode não ensinar conceitos científicos, mas oferece impressões que alimentam o homem e estimulam o desenvolvimento de sua sensibilidade e de sua compreensão, permitindo sua transformação moral, com efeitos coletivos ao nível cultural e político.

A autonomia da beleza se associa segundo Schiller à noção de “jogo”. Através da exploração desta noção kantiana, Schiller desenvolve toda uma argumentação em favor da conciliação dos impulsos de forma e sensação, promovendo um maior equilíbrio e harmonia no ser humano. A beleza pode entrar como força conciliatória no jogo destes impulsos, fazendo-os convergir sobre um objeto comum que faculta distintas impressões em sua apreciação. Schiller associa o impulso da sensação com a vida e o impulso da forma com o perfil (eidos), sendo a beleza um “perfil vivo”, que denota as qualidades estéticas do fenômeno.

Assumindo que nossas mentes e corações podem ser transformados pela educação estética do homem, Schiller defende que “o caminho para a cabeça está no coração”. Schiller vê na arte o poder de trazer ao homem impressões que elevam sua condição moral pelo contato imediato com o sublime. No trabalho sutil da beleza a qual nos expomos pela verdadeira arte, a conciliação dos impulsos opostos no homem, se dá de maneira natural pela própria ação das impressões nas esferas da razão e da sensibilidade. A precária moral formulada em regras de nossa vida social e política é transformada em princípios justos, pela démarche do jogo entre razão e sensibilidade, sob a conciliação da beleza estética exposta pela verdadeira arte.

BIBLIOGRAFIA :

BARBOSA, Ricardo. Schiller e a cultura estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2004
Autor: Thiago Marques Lopes


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