Ensino e Aprendizagem de Inglês



Existem muitas questões envolvidas no que se refere ao ensino e aprendizagem de línguas, no nosso caso especificamente o inglês. Já se discutiram muitas formas, numa tentativa de se buscar o melhor método para ensinar e aprender o inglês, principalmente na sala de aula de Escola Pública, ainda assim este assunto não está esgotado. Quando falamos de ensinar e aprender uma língua, não podemos pensar apenas em estruturais gramaticais, mas sim em todo um contexto no qual ela está inserida, afinal de contas a língua, mas não só, é um dos meios mais importantes de comunicação, é por meio dela que interagimos em mundos culturais tão diferentes.

".. a língua que é usada por uma determinada sociedade é parte dacultura daquela sociedade."

(John Lyons,1987)

Quando aprendemos uma língua, aprendemos também um pouco da cultura daquele país, daquele povo. È claro, que não somos ingênuos de pensar que aprendemos uma língua apenas por sua beleza, por trás dela há toda uma decisão lógica pensada por alguém, por um sistema, seja político ou econômico, e cremos que isso deve ser posto para o educando, mesmo por que o estudo daquela língua, não foi escolhido por ele, isso lhe foi imposto, portanto há,sem dúvida uma real necessidade de informá-lo da melhor maneira possível para que este veja o valor de aprende-la, de saber em que momento da sua vida poderá fazer a diferença ter ou não, determinado conhecimento.

Levar em conta a realidade do aluno, partir do cotidiano, do que se conhece é sempre a melhor opção, e é nesse sentido que trabalhar com gêneros textuais pode trazer uma re-significação na aprendizagem, de acordo com Maingueneau (2002), todo gênerode discurso está associado a uma certa organização textual e gêneros textuais se constituem de atividades humanase que estão vinculadas a vidacultural e social.Desta forma, acredito que embora os PCN's se constituam de uma certa ideologia, trazer para o espaço escolar esta nova perspectiva é de enorme relevância.

Trabalhar com gêneros textuais, é uma proposta nova, haverá a necessidade de discernimento por parte dos professores no que se refere a adaptação que terão de fazer, visto que a maioria dos materiais usados, ainda não estão por assim dizer configurados nesta nova proposta, ou seja no conceito de gênero.

Conforme Covezzi,(2003) a concepção de linguagem adotada pelos PCNs, tem como objetivo possibilitar que o educando se constitua em ser discursivo, onde possa participar como ser ativo do processo de construção de significado nessa língua.

O mais interessante, de se trabalhar com gêneros textuais, é que este possibilita escolhas, por exemplo, se queremos trabalhar com o gênero carta, precisamos criar condições para a produção desse texto, como: o que escrever, para que escrever, para quem escrever, não esquecendo que por trás dessa produção tem uma intenção.

Tanto Maingueneau, quanto Marcuschi, partilham a idéia de que gêneros textuais são práticas sócio-históricas, e não poderiam deixar de ser uma vez que estes se constituemdo dia-a-dia, não são formas fixas e rígidas, mas são maleáveis e dinâmicos.

Certo pai, preocupado com aprendizagem do filho, quando viu que a professora Mariá (Nova Escola, 2001), havia substituído a cartilha por textos variados, questionou-a, então ela perguntou ao pai: "Se a cartilha é um tipo de leitura tão bom, por que não há uma entre os livros de sua estante?" O pai ficou sem resposta. Não queremos dizer de forma alguma, que o livro didático deva ser abolido, não, precisamos ser apenas mais rigorosos e exigentes quanto ao que vamos usar, uma vez que o livro didático para o ensino de língua estrangeira, pelo menos aqui nas cidadesde Várzea Grande e Cuiabá-MT, não chegam de forma gratuita aos alunos, ficando portanto, totalmente a cargo do professor, onde conseguirá material para trabalhar, contando com a boa vontade das editoras que tem preferências em atender professores da rede privada, e pelo motivo mais óbvio- a venda para os alunos, caso o professor adote o livro.

Ao adotar esta nova proposta, creio que o profissional deLE, ficará inclusive mais solto, livre das amarras,da seqüência metodológica imposta por alguns autores,visto que o Gênero, na sua flexibilidade, permite transitar por muitos espaços.Talvez encontremos resistências como a professora Mariá, mas não se trata de deixar de lado a gramática, ao contrário apenas uma nova possibilidade, uma nova concepção de linguagem, concepção esta que permite ao educando interagir com o social.

Como aborda Covezzi(2003), trabalhar gêneros textuais, não significa a dissociação de se trabalhar os conteúdos, ao contrário por meio da organização textual aproxima-lo mais do aluno, pois o gêneros abordados serão aqueles que fazem parte do mundo do aluno, textos familiares, tendo em vista a experiência interacional vivida por eles.

Nós profissionais de LE, precisamos estar abertos à esta nova proposta, uma vez que ao nosso ver, ela privilegia a habilidade da leitura, mas nem por isso deixaremos as outras habilidades serem relegadas a menor importância, ainda assim vem contribuir para que o educando compreenda a função da linguagem, bem como o papel que esta representa num mundo onde não se despreza a hegemonia inclusive econômica.


Autor: Cleunice e Sandra Arruda e Orlandi


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