O Quorum Participativo
POR: PAULO A. DOS SANTOS
Viva a liberdade! Abençoado seja os iluministas do
Capitalismo, assim declamam os ditos liberais. My Profetic,
dizem eles, afirmando que já sabiam do fracasso do Estado
antes mesmo que nascesse o arquiteto da sua existência. ... Ah!
Que regozijo sentimos ao ouvir soar a trombeta da liberdade. ... Tão
divina seja a oportunidade de competir, tão suprema seja a
capacidade humana de exercer o livre arbítrio da concorrência.
O Estado – dizem eles – sempre se apresenta a nós como um
Baal. É um deus charlatão e gastador.
Desmazelado, faz sangrar das nossas veias o sangue que produzimos...
E, por isso, não merece estar à frente de nossos
negócios, não é sequer digno de olhar de soslaio
para a riqueza que brota de nosso suor. ... Assim, exímio
oportunista, o oráculo do Mercado anuncia aos rebanhos toda a
sapiência e "imparcialidade" que possui na conduta de suas
deliberações...É,...realmente,...é uma
sabedoria de dar inveja. ...Mas,...porventura, fica aos ouvidos
curiosos o zumbir de um incômodo mosquito. ... Qual o senhor
que observa de bom agrado a liberdade de seus escravos? Afinal, que
livre arbítrio de concorrência é esse? Qual a
liberdade que religiosamente se prega (e se emprega) em um jogo de
cartas marcadas? ...Como se pode notar, as perguntas que emergem à
partir da análise desse contexto são intermináveis.
O curioso, nesse cenário, é que os papéis
representados na estrutura social e econômica se revelam tão
inalteráveis, apesar da livre concorrência. ... O teatro
do bem e do mal se apresenta excessivamente enfadonho. Os vencedores
são sempre os mesmos e os derrotados – cansados desse eterno
Déjà vu 1
- deixam-se conduzir inertes à denominada livre
competição...Estão tão acostumados à
posição de "perdedores" que, fatalisticamente,
acabam incutindo que a condição estabelecida para eles
é coisa do destino, portanto, somente a mão de Deus
seria capaz de mudar. ... Ó! Tragédia, as cartas estão
à mesa, o tarô, os gurus e a cartomante definem dentro
de um quorum, estabelecido ardilosamente, os papéis, já
reservados previamente, para senhores e para os escravos.
Aproveitam-se dos recursos ( e dos discursos) para legitimar o mérito
de cada um dos atores. Ou seja, cada um assumirá o papel que
couber nos seus méritos. Afinal, está servido o manjar
dos deuses (e dos diabos), a livre concorrência. Só
resta a eles dizer – como que entre leais e cordiais concorrentes –
boa sorte! ... O que fazer? Resmungam alguns insatisfeitos com a
regra do jogo. Perdidos e aprisionados na idéia de fatalidade,
não conseguem insinuar uma atitude capaz de mover uma palha,
ou, pelo menos, de conseguir o fósforo. ... O deus onipresente
e onisciente do Mercado não permitiu que todos os times da
competição usufruíssem das mesmas condições
de organização e, portanto, de competição.
Será que resta aos fracos o grito do famoso poeta baiano,
Castro Alves? Será que resta aos oprimidos rasgar o céu
com a indignação dos desvalidos? ...Se for assim, assim
poderiam dizer: "...Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me
vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é
verdade...Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que
não apagas...Co'a esponja de tuas vagas...De teu manto este
borrão?...Astros, noites, tempestades! Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!..." ...Trata-se de um poema
muito bonito, O navio negreiro. ...Ainda assim, de certo que não
resolveria o problema, apesar da força e beleza poética
desse discurso. Ao invés de se limitar à busca da
felicidade nas pequenas coisas e nos pequenos atos, os coadjuvantes –
assim elegidos pelo Sistema – precisam conquistar o protagonismo de
suas próprias vidas. Essa é a condição
necessária para que haja uma redecoração dos
camarins da Periferia. Alguns dizem que a maioria sempre vence, mas,
nesse caso,...pode-se inferir que está na maioria o maior
potencial de vitória, o que não significa, em si, a
concretização dela. A posse do poder não faz seu
detentor, poderoso; é, portanto, a consciência e as
habilidades de articulações que fazem do possuidor do
poder um sujeito poderoso.
Autor: PAULO SANTOS
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