A Relevância Dos Movimentos Sociais E Ongs Na Sociedade Brasileira



Por Wagner Oliveira 2

Conceituar movimento social é algo muito problemático, visto que este não possui uma definição única e universalizante. Por esse motivo, sua terminologia adquiriu diferentes sentidos ao longo da história.

O termo movimento social foi usado pela primeira vez por volta de 1840, por Lorenz Von Stein, quando este defendeu a necessidade de uma ciência da sociedade que se dedicasse ao estudo dos movimentos sociais, em especial os europeus, que se dividiam na época: Movimento proletariado francês e Comunismo/Socialismo emergentes, que posteriormente no âmbito do marxismo, foi utilizado para representar a organização da classe trabalhadora em sindicato e partidos que reinvidicavam transformações das relações capitalistas de produção.

Nesse sentido, por muito tempo falar em movimento social significava aludir a luta do proletariado, a fim de galgar seus objetivos, que em geral se limitava às questões que diziam respeito ao trabalho.

Entretanto, a partir dos anos 70, o termo movimentos sociais começou a ganhar múltiplas formas espontâneas de participação, organizadas em torno à esfera da cultura e em contestação da lógica capitalista, que possui como norteador o acúmulo de capital. Nesse contexto, a década de 70 contribuiu para o surgimento desses novos movimentos sociais que compreendem os movimentos das mulheres, ecológicos, contra a fome e outros, sinalizando em principio um distanciamento do caráter classista que se configurava o movimento operário em torno do mundo do trabalho.

Contudo, para DOIMO (1995) citado por RAMÍREZ (2003, p.52) é preciso tomar certo cuidado com a utilização do conceito novos movimentos sociais, (...) porque ele não é aceito unanimente por todos os estudiosos do tema.

Segundo DOIMO, esse novo que é apresentado algumas vezes não é tão novo assim, visto que resulta de demandas que já existiram também no passado. Esta mesma autora diz que só são reconhecidos como novos aqueles que respondem às demandas atuais, como os ecológicos e pacifistas.

Diante dessa diversidade de concepções, há várias tentativas em tentar classificar os movimentos sociais. Para alguns estudiosos estes podem ser agrupados em três tipos: os de defesa contra projetos tecnológicos, militares, burocráticos; os de emancipação, eco-pacifismo, feminismo, direitos humanos e por ultimo os movimentos que agrupam múltiplos movimentos culturais. Já para outros, é possível o agrupamento em apenas em dois tipos: os movimentos emancipativos ou ofensivos e os movimentos de resistência.

No entanto, sejam novos ou velhos os movimentos sociais são frutos de uma vontade coletiva. Estes nascem a partir de uma inquietação que é compartilhada por diversos atores sociais, que buscam mecanismos, a fim de amenizar/superar uma problemática/dificuldade vivida por eles.

Atualmente, a sociedade brasileira vem enfrentando sérios problemas no que diz respeito às inúmeras denúncias envolvendo preconceitos, discriminação, aumento de miséria e total descaso por parte do poder público. Diante disso, os movimentos sociais procuram distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas. Portanto, servem de interlocutores dos interesses e valores da população junto ao poder público. Como ressalta TOURAINE (1995, citado por RAMÍREZ, 2003, p. 52) movimento social é sempre uma reivindicação da liberdade, quero dizer, de capacidade de construir seu próprio projeto de vida, contra o autoritarismo político, contra a miséria econômica, contra a discriminação racial etc.. Nesse contexto, os movimentos sociais efetivamente lutam em prol de uma transformação na sociedade civil.

Para GONH (2006, p.251)
Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil.

 Neste contexto, os movimentos sociais contribuem para que haja inclusão. Eles recompõem e repõem o eixo de um processo de desenvolvimento e de direcionamento de políticas públicas que deve ser necessariamente o ser humano e não o mercado. Sejam novos ou tradicionais, eles encontram-se inseridos em meios a essas transformações ocorridas na economia, na expansão dos mercados pela profunda crise estrutural da economia mundial e, pelas mudanças de organização da produção e do trabalho sob inspiração da flexibilização das relações de trabalho e comercialização da produção através do modelo toyotismo 3 de produção.

Entretanto, embora os movimentos sociais tenham conseguido algumas conquistas em defesa do cidadão/povo, ainda há objetivos e meta, almejado por eles no Brasil e no mundo, sobretudo, a partir da ascensão do modelo Neoliberal. Como ressalta GONH (2001, p.4).

Independentemente da globalização, os movimentos sociais sempre foram frentes importantes e fundamentais na história da humanidade. Nas últimas décadas, entretanto, adquiriram um papel estratégico na luta contra a exclusão, na luta por uma sociedade mais justa, sem desigualdade, e por uma sociedade com ética.

 Assim, os movimentos sociais são criadores/condutores de novas práticas educativas, suscitam nas pessoas novos hábitos, valores, atitudes e comportamentos. Daí sua tamanha relevância no meio social, pois essa prática educativa contribui para a formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes em nossa sociedade, enfim, os movimentos sociais buscam educar para a cidadania. Já que as instituições do Estado não estão dando conta, os movimentos sociais estão prontos para ajudar a população.


Autor: Wagner Oliveira


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