Vulcão



Diz Pessoa:
“O poeta é um fingidor
Finge tanto
Que finge sentir dor...”.
Por isso não sou poeta
As palavras saem de mim
dilacerando meu corpo
Não consigo escrever sentimento
alheio ou não vivido
Em mim as verdades são cuspidas
Vomitadas mesmo
Apenas tento adequá-las ao vernáculo, tento.
Arrancá-las de mim é o mais importante
Esvazio-me de pensamentos
zumbis a não me deixar dormir
Ou quando muito
me agarram e sacodem no alvorecer
Mas a vida é assim!
Não adianta
Tentar fugir daquilo que nos consome
Apesar do medo de abrir o peito
Assumindo o que me angustia
Faço como um vulcão
Jorro lava por todos os poros
Não sabendo a quem vou queimar!
Assumo: quero queimar
Provocar
nos outros o que em mim me aborrece
Não temo São Jorge Guerreiro
Queimo o corpo dos passantes
Antes que me queime por dentro!
Impróprio
Não finjo que gosto, se não gosto
Não finjo satisfação, se não há tenho
Caço verdades e emoções
Menino, um dia acaba poeta!
(Diz o caçador que há em mim).

Autor: MARCO PLÁCIDO


Artigos Relacionados


Meu Adeus...

Ser Poeta

Ser É Ser.

Lavapalavra

O Chão

Explosão

Lamentações Por Um Poeta