Educação Ambiental nas Práticas Escolares Dificuldades e Desafios no Ensino Fundamental



GODINHO, Edna Maria Oliveira[i]. CRUZ, Renatha Cândida da[ii]. Andrade, Walniscleia de Assis[iii]. OLIVEIRA, Maria Aparecida[iv].

Palavras-chave: Educação Ambiental, ensino fundamental, desafios.

1. INTRODUÇÃO

Está muito corriqueiro fazer observações em livros didáticos produzidos para o ensino fundamental a falta de projetos e textos de educação ambiental, onde também é possível constatar a carência de explicações políticas, econômicas e sociais que dê sustentabilidade a uma educação ambiental de consciência e conhecimento público.

A educação ambiental não é uma tarefa fácil, exige dedicação e envolve criação de projetos e planos de ação onde devem ser considerados alguns conceitos importantes tais como: teorias, uso de bom censo e implementação de uma dinâmica coerente a suas necessidades.

Propomos, então iniciar algumas considerações sobre os desafios e dificuldades de introduzir práticas de educação ambiental no ambiente escolar, sobretudo no cotidiano do ensino fundamental.

2. METODOLOGIA

Utilizamos como processos metodológicos, análises de documentos, pesquisas e discussões teóricas sobre o tema central: a educação ambiental, para fundamentar nossas considerações. Por se tratar de um momento de reflexão, trazemos a tona algumas dificuldades e desafios de trabalhar este tema no ambiente escolar do ensino fundamental por intermédio de reflexões advindas de nosso contato com projetos ligados ao meio ambiente e nossa participação no curso especialização em Educação Ambiental pelo Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA, da Universidade Federal de Goiás.

Portanto, buscamos teóricos que discutem a problemática a fim de iniciar nossos pressupostos e futuramente poderemos aplicar nossos resultados em sala de aula.

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

As questões ambientais vêm conseguindo certa penetração na sociedade moderna, a fragilidades dos ambientes naturais coloca em jogo a sobrevivência humana. Devido a isso aconteceu o crescimento de alguns movimentos ambientalistas com certas preocupações pedagógicas onde foram criadas condições para o desenvolvimento de currículos devidamente relacionados com tais problemas.

No âmbito pedagógico, Travassos 2004 trabalha a ecopedagogia comocentrada na filosofia do uso sustentável dos recursos naturais, a educação para o meio ambiente vem crescendo e assumindo um papel muito importante na criação de uma linguagem comum na comunidade sobre as questões ambientais, dando condições à mídia, às instituições governamentais e às não governamentais e a outros grupos de e representações de desenvolverem de forma mais articulada os projetos sobre educação ambiental.

Alguns autores acham que se faz necessário voltar para formação de uma consciência conservacionista, onde aspectos naturalistas considerem o espaço natural fora do meio humano. Daí surge a idéia de atuações educacionais direcionadas, de maneira onde predomine a defesa do espaço natural de maneira escrita.

No setor escolar é necessário que seja marcante uma forma educacional quetenha o objetivo pedagógico onde será preciso ser seguido uma educação conservacionista com ensinamentos que conduza ao uso racional dos recursos naturais e à manutenção de uma condição perfeita para produtividade de ecossistemas naturais ou administrados pelo ser humano, com uma educação voltada para o meio ambiente onde deve ser levado em conta uma mudança de hábitos, uma nova maneira de ver o mundo ultrapassando o conservadorismo.

Durante a I Conferencia Nacional de Educação Ambiental, realizada em Brasília, em setembro de 1997, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério da Educação e Cultura (MEC), apontaram alguns resultados do levantamento Nacional de Projetos de educação ambiental onde se pode observar: Problemas da realidade local; Educação ambiental no Contexto Escolar; e lixo e reciclagem. Nestes relatórios foi observada a orientação presente no processo educacional, de ter como alvo a busca da percepção da realidade mais próxima relacionando-se com as preocupações comunitárias. A Educação Ambiental no Contexto Escolar é reafirmada nos estudos apontados por estes órgãos inter-relações que estabelecem a incidência do tema Lixo/reciclagem relacionando-os com a quantidade de projetos que desenvolvem em áreas urbanas. 1

Através deste relatório pode-se citar uma outra conclusão tanto quanto importante que vem reforçar a necessidade de uma educação ambiental mais voltada para uma prática pedagógica efetiva:

- baixos índices de respostas sobre questões metodológicas, avaliação de projetos, interdisciplinaridade, políticas governamentais de desenvolvimento sustentável, divulgação da Agenda 21. Também foi sugerido um estágio ainda inicial da educação ambiental no país, a educação ambiental ainda não atingiu as universidades, que o público – referencia para estes itens não foi receptivo à pesquisa ou não foi atingido pelo questionário. 2

Algumas iniciativas práticas podem ser utilizadas para um estudo confiável dos alunos de Ensino Fundamental a fim de conhecerem melhor sobre a Educação Ambiental como o uso de currículos adaptados às questões ambientais e as abordagens pedagógicas pós-modernas sugerem certa lógica para o desenvolvimento de métodos curriculares articuladas (apud, Doll, 1997). Mesmo com tantos impencílios, muitos educadores ambientais vêm tentando propiciar métodos pedagógicos que possam ser relacionados e desenvolvidos conforme as questões ambientais necessitam. A consciência para uma educação ambiental que vai além do conservadorismo vem sido observada por alguns educadores.

Segundo Dias1992, de qualquer forma, a evolução dos conceitos de educação ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais não permitia apreciar as interdependências, nem a contrição das consciências sociais à compreensão e melhoria do meio ambiente humano.

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1 Ministério da Educação e Cultura (MEC), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Relatório do Levantamento Nacional de Projetos de Educação Ambiental, I Conferencia Nacional de Projetos de Educação Ambiental (Brasília,1997,p.16).

2 (Apud Dias,1998).

Essa idéia também pode ser observada na Carta de Belgrado, organizada pela Unesco (1975) onde se observa uma idéia mais holística da educação ambiental, que poderia muito bem ser adotada nas escolas desenvolvendo um método mais eficaz da educação para o meio ambiente. Na Declaração da Conferência Intergovernamental de Tibilisi que trata da educação ambiental, de 1997, nota-se a imagem de uma educação que vai ultrapassar o conceito do conservadorismo dos meios naturais.

A forma de pensar e agir referente a problemas ambientais da o entender que é necessário haver inter-relação da política, da economia, da ética, da ciência, da cultura, da ecologia, para que consigamos realizar uma educação ambiental voltada para a mudança do comportamento humano e de sua comunidade, tendo a escola como um agente transformador da cultura e principalmente da conscientização das pessoas para o problema ambiental em todo o mundo.

Só com mudanças tanto nos livros Didáticos quanto na forma de pensar o mundo das crianças para tais questões, pode-se haver maior consciência no desenvolver das políticas pedagógicas e nas mudanças curriculares como forma de tornar a educação ambiental mais efetiva e capaz de levar a todos da conscientização a prática.

Conforme as idéias contidas nos documentos históricos da educação ambiental e o publicado pela UNESCO após a Conferência de Tibilise, o caminho apontado para haver essas transformações curriculares são:

d) um dos principais objetivos da educação ambiental consiste permitir ao ser humano compreender a natureza complexa do meio ambiente, resultante das interações dos seus opostos biológicos, físicos, sociais e culturais. Ela deveria facilitar os meios de interpretação da interdependência desses diversos elementos, no espaço, no tempo, a fim de promover uma utilização mais reflexiva e prudente dos recursos naturais para satisfazer às necessidades da humanidade;

e) a educação ambiental deve mostrar com toda clareza as interdependências econômicas, políticas e ecológicas do mundo moderno, no qual as decisões e comportamentos de todos os países podem ter conseqüências de alcance internacional.

f) que a educação ambiental não seja uma disciplina. Há de ser a contribuição de diversas disciplinas e experimentos educativos ao conhecimento e à compreensão do meio ambiente, assim como à resolução dos seus problemas e à sua gestão. Sem o enfoque interdisciplinar não será possível estudar as inter-relações, nem abrir o mundo da educação à comunidade, incitando seus membros à ação. (apud Travassos, 2004).

A questão da educação ambiental é um tema muito complexo e que veio para ficar, com tantos problemas ambientais pelos quais passa nosso planeta vê-se necessário a sensibilização e a conscientização das pessoas principalmente dos jovens nas escolas, não se tratando de um assunto sem importância, ao contrário é preciso trabalhar a educação ambiental com as crianças, não é algo que se alcance através de decretos ou leis, mas sim com ações educacionais.

No Brasil, a educação ambiental não proporciona metodologias e objetivos com ações metodológicas nas escolas. Os problemas ambientais são tratados como algo possível e não concretos. Para os alunos do ensino fundamental e até mesmo do ensino médio, as questões ambientais são apresentados de maneira confusa a seu entendimento, as crianças aprendem apenas que é preciso preservar a natureza, mas não são levadas a elas as políticas de impactos capazes de lhes fazer compreender o que é preservar e utilizar de forma consciente os recursos naturais que se tem no planeta Terra.

A educação ambiental deve ser trabalhada como prática, onde todas as pessoas que trabalham em uma escola devem estar capacitadas integralmente com todas as disciplinas regulares como defende o documento que trata dos Parâmetros Curriculares Nacionais:

A principal função do trabalho dentro da escola com o tema Meio Ambiente é construir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. Esse é o grande desafio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes (PCN, p.67).

É muito importante observar-nos diferentes setores sociais, uma forte tendência em reconhecer o processo educativo como uma possibilidade de provocar mudanças significativas e alterar o atual modelo de degradação do meio ambiente com o qual nos depara os hoje, e é imprescindível que os recursos sejam aplicados através da educação das crianças, que sem dúvida alguma refletem o que aprendem por onde passam.

A partir de 1960, surge o movimento mundial a cerca da questão ambiental, onde o processo educativo passa a ser visto não apenas como instrumento de aquisição de conhecimentos, preservação ou conservação, mas como objetivos para a educação e sua relação com as questões ambientais.

No Brasil, por volta de 1970 surgem inúmeras propostas educativas ligadas a temática ambiental. A educação ambiental tende modificar as relações entre sociedade e natureza, com o intuito de melhorar a qualidade de vida, propondo uma nova transformação do sistema produtivo da sociedade utilizando a solidariedade, cooperação e afetividade, onde a distribuição de seus recursos é igualitária.

A educação é a base para o desenvolvimento de qualquer país, ela transcorre com subsídios onde o individuo exige seus direitos e exerce seus deveres como verdadeiros cidadãos. A solução de certos problemas ambientais pode-se ser atribuída à educação ambiental trabalhada com as crianças da alfabetização chegando as Universidades.

O desenvolvimento da sociedade, estimulada pela globalização, faz com que cada vez mais sejam procurados profissionais capazes de planejar e gerenciar a qualidade do meio ambiente, com isso a própria sociedade que decide sua participação e a destes profissionais no processo produtivo, tornado obrigatório para asempresas e os governos a posicionarem-se conforme os padrões ditos economicamente produtivos, socialmente responsáveis e ecologicamente corretos para diminuir os problemas no meio ambiente.

Segundo a Constituição Brasileira, a Educação Ambiental (EA), em todos os níveis de ensino, é delegada ao Estado, bem como a promoção da conscientização pública em defesa do meio ambiente. Porém, a maior contribuição social tem vindo através dos movimentos da própria sociedade civil, das entidades não-governamentais, dos veículos de comunicação, dos movimentos políticos e culturais. Necessário se faz, portanto, para a efetivação do processo, que a incorporação da EA se concretize no ensino de todos os graus e modalidades.

No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade, uma vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos.

A educação ambiental é constituída numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Dentro desta totalidade, faz-se necessário haver mudanças no comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de propiciar através de um modelo de educação propícia ao ensino fundamental e desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das gerações atuais), um ajustamento de práticas econômicas e conservacionistas, com imagens positivas e evidentes junto à qualidade de vida de todos.

Segundo o Ministério da Educação a Resolução nº 13 do FNDE dá continuidade do Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, estabelecendo normas para o apoio financeiro a projetos de formação de professores em Educação Ambiental. Tais projetos de formação envolverão professores do segundo ciclo do ensino fundamental (5a a 8a séries), de escolas públicas que participaram do processo da II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente; e à elaboração, aquisição, reimpressão ou reprodução do material didático empregado na formação.

O objetivo desta ação é estimular, em professores, alunos e gestores de educação, a leitura crítica da realidade a partir da diversidade e do meio ambiente e a participação no processo de construção de conhecimentos, pesquisa e intervenção cidadã com base em valores voltados à sustentabilidade da vida em suas múltiplas dimensões. Os projetos de formação devem aprimorar a qualidade da abordagem da educação ambiental que, segundo Censo do INEP, encontra presente em 94,5% das escolas do ensino fundamental do Brasil.

4. CONCLUSÃO

Trabalhar a questão ambiental nos diferentes níveis de ensino trata-se de uma tarefa difícil e cheia de meandros. Propostas existem e enchem nossos olhos de esperança em ver nossos estudantes com a oportunidade de serem agentes propagadores de práticas mais corretas com nossa natureza. Porém, ainda deparamos com dificuldades de materiais básicos para proporcionar um ensino mais completo. Os projetos precisam ampliar as possibilidades destas crianças já pensarem de forma mais sustentável desde seus primeiros passos no ambiente escolar, para que no futuro, quem sabe, tenhamos uma nova possibilidade de viver, em harmonia com nosso meio ambiente.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANCO, S. M. Ecologia da Cidade. 27ªed.Ed. Moderna São Paulo 2003.

FERRAZ, M. J. G. Educação Ambiental e Mudanças de Valores. 2ed. Ed. Globo 2004.

MANUCCI, M.. Macroeducação. 2ª ed.Ed. Globo 2004.

TRAVASSOS, E. G. A Prática da Educação Ambiental nas Escolas. Ed. Mediação Porto Alegre 2004.




Autor: EDNA MARIA SILVA OLIVEIRA GODINHO


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