Presépio: Lugar do Encontro



Retornando de São Paulo, a primeira coisa que eu fiz foi visitar a II Exposição Franciscana de Presépios, genialmente, inaugurada, em 2007, pelo confrade Frei Jocélio, pároco da Igreja de São Raimundo Nonato, bairro Piçarra. Desta vez, sua criatividade foi além, pois, aumentando o acervo de presépios, construiu nichos que embelezam o ambiente e proporcionam aos visitantes melhores condições para contemplar as diversas formas artísticas através das quais escultores de diversas culturas representam o nascimento do Salvador.

Visitei também um Presépio construído sobre o canteiro central da Avenida Frei Serafim. Artisticamente, o trabalho do escultor João Borges é uma obra de arte de primeira qualidade, pois revela o nascimento do Menino Jesus numa realidade não muito diferente daquela em que nascem centenas de crianças piauienses e brasileiras. Vi ali algo extremamente real e, genuinamente, singular, porque traz ao imaginário a questão social nordestina.

Teológico e antropologicamente, o Presépio é o lugar do encontro do Divino com o Humano. No silêncio da noite, seja esta real ou simbólica, ouviu-se irromper a primeira sinfonia já conhecida pela humanidade, e os pastores exultaram de funda alegria interior quando escutaram uma grande multidão de anjos cantando os louvores a Deus: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados! Esta era a Boa Notícia enviada por Deus aos homens e mulheres. A novidade foi que a história humana viu-se envolvida pelo totalmente Divino. O Presépio é o lugar a partir do qual Deus saúda a humanidade, propondo-lhe uma nova criação. Com efeito, iniciava-se a grande síntese entre o Divino e o Humano! E a dimensão que retrata tal síntese é a dialogal, no sentido de que ambos se confraternizam e se regeneram, ininterruptamente.

Assim, Deus convidava e ainda convida suas criaturas à confraternização universal. Contemplar o Presépio, para além de algo esteticamente performático, é sentir-se planetariamente envolvido no grande e sublime mistério da Encarnação do Deus-Homem. E isso os povos sabem, em suas particularidades e singularidades culturais e religiosas, representar tal acontecimento. Pois Jesus se revela conforme as idiossincrasias de cada povo. Esta dimensão transcendental do Natal é o que faz a diferença, porque demonstra que o nascimento do Filho de Deus transpõe fronteiras sociais, religiosas e culturais.

O Presépio é também o lugar da alegria, da festa, porque, gratuitamente, a humanidade recebera um presente de Deus. Assim quis São Francisco de Assis festejar, solenemente, o aniversário de nascimento de Jesus. Esse acontecimento irá marcar a história da origem do Presépio. Em Greccio, na Itália, Francisco levou os cidadãos à felicidade do Natal do Senhor! Sem dúvida, a melhor coisa é ganhar presentes! Assim dizia o profeta da paz, Dom Helder: "Ninguém é tão pobre que não tenha o que oferecer; ninguém é tão rico que não precise de ajuda". Isso é uma verdade! Partindo do ponto de vista da gratuidade, o ser humano necessita de dar, receber e retribuir. A dádiva de Deus foi um gesto de profunda solidariedade para com os humanos. Ele quis armar sua "palafita" entre os demasiadamente humanos. Por isso, Jesus nasceu na simplicidade, como numa família pobre desprovida de quaisquer condições materiais, para que os humanos pudessem se enriquecer de seu amor.

Portanto, a II Exposição Franciscana de Presépios e o Presépio do escultor João Borges são referenciais que podem não só nos transportar à realidade natalina, como também nos sensibilizar, em 2009, para a construção de relações humanas alicerçadas no respeito à vida, à natureza, com tudo que ela nos presenteia: a água, o fogo, o ar, a terra, enfim, o ecossistema.


Autor: Antonio Leandro


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