Natal!- Fala Alto O Coração






Natal -  Fala alto o coração

 

Por: Elizabeth Misciasci

 

Na varanda sentadinha,

Já traçava um projeto

Mesmo tão pequenininha

Buscava no céu um trajeto.

 

O natal se aproximando

Eu já estava preocupada

Pois...  -Sem dormir estaria?

Noel! Uma pessoa amada.

 

Entre o céu, a terra, e a fábrica,

Tentava pensar num caminho,

Que ajudasse utilmente na prática,

O melhor para o Bom Velhinho.

 

Aquela ilusão da infância

Penalizando-me, encantava,

Era a mais pura inocência,

Que em tudo acreditava.

.

Corre-corre imaginando

Pra que fossem atendidos,

Tomava-me o pensamento

-O que fazer, com tantos pedidos?

 

Visualizando trajeto e trabalho,

Sozinha, falando baixinho...

-”Como ler um mundo de cartas”.

E fabricar os presentinhos?

 

Naquela real fantasia,

Papai Noel tão bonzinho!

Era meu super herói,

Eu vibrava com o bom velhinho.

 

Natal, de fases transformadas.

Onde o Bucolismo fazia morada,

Reluzindo as vias iluminadas,

Era feito um conto de fadas.

 

As lâmpadas de mercúrio,

Invadindo cada fresta...

Era o sinal de esperança

Prenuncio da grande festa.

 

Nessa festa que era grande

Entre brinde e comemoração,

Saudando o menino Jesus

Eu fazia minha oração.

 

As luzes que eu tanto olhava,

No brilho que me atraia,

Atenta! Observando quietinha

Com fascínio á fantasia!

 

A claridade que eu via

(Bem menor na realidade...).

-Era Papai Noel levitando?

Ou imaginária verdade...

 

Nitidamente eu via

Tão próximo, e tão distante...

As luzes que se moviam

Com um brilho exuberante.

 

Sendo o dia de Natal,

Estariam em movimento

Papai Noel, rena, trenó.

Brinquedos e equipamento.

 

O “faz de conta” é a lembrança

Que a magia adoçava,

Presente em toda criança

Mas que a fase adulta arrasa!

 

Quantas noites acordada,

Tentando saber o segredo,

Na cama contrariada!

Cobrindo o rosto, de medo.

 

Com pureza de criança,

Caprichados rabisquinhos,

Cheios de afeto e esperança.

Eram cartas e bilhetinhos.

 

Resposta, ansiosa aguardava...

Nem que fosse um papelzinho,

Porém, não desanimava.

Mesmo sem um recadinho.

 

Não era um brinquedinho

A razão da ansiedade

Só queria fazer um carinho,

Pois o amava de verdade!

 

 

Sonhava em tocar sua barba

Ver se era de algodão

Chegar perto... Bem pertinho!

Para beijar a sua mão

 

E em nome de cada criança,

Gratidão queria ofertar,

Num abraço forte e apertado

Pro resto da vida lembrar.

 

Tudo muda e o tempo passa,

Conceitos vão imperando

Feito casca que te arrasta

Poderio nos sugando.

 

Sentimentos em revolta

Sofrimentos têm morada

Fecha o cerco, olho em volta...

Este tudo é o meu nada!!!

 

Nova Era percebida

Sem freio, desgovernada.

Pessoas alheias e frias,

Agindo despreocupadas.

 

Na terra “do tudo pode”

Findou-se o respeito e os temores

Pessoas tão desgarradas

Sem a noção dos valores.

 

A sórdida crueldade

Na frente se posiciona

Brigando com a humanidade,

Da o sorriso e nos engana.

 

Tanta gente sendo mau,

E mal sabe o que quer,

Quanto mal que já se sabe

... E tanta gente ainda o quer

 

Agora mais do que sempre

Sentindo toda a impotência

Cavo a terra com as unhas

Pra nunca perder a essência.

 

Nessa estrada violada

Vou seguindo em mão errada

Na contramão alterada

Sigo certa essa jornada.

 

Disfarçando a intolerância

Dos discursos ensaiados.

Fugaz é ingenuidade da infância,

Sob os seres mascarados.

 

A mordaça que silencia,

Do poder que nos judia,

Esconde dores seguidas

E a fome de cada dia.

 

Não se brota encanto e magia

Onde entranha melancolia,

Pesadelos não são sonhos...

Nem tão pouco, fantasia!

 

A Vida se transformando

Tudo sempre evoluindo

Conceito modificando,

Sentimentos se extinguindo

 

Sei que você já cansado

Queria um mundo diferente

Mas o povo inconsolado

Não tem quem os olhe de frente!

 

Feliz com as pequenas conquistas

Enfrentando as difíceis manobras

Escondendo as imensas feridas

Esperando as grandes vitórias!

 

Abate-me a impotência

Risca a cara, marca o rosto,

Envergonhada sobrevivência

Tatuada de desgosto.

 

Pondo um véu eu jogo o manto,

Engolindo o choro engasgado

E assim, sufocando o pranto,

Sinto o peito retalhado.

 

Queria que o tempo voltasse,

Sentir o encanto e a magia

Ver um mundo diferente

Sem tristeza ou melancolia

 

Na varanda, poder me sentar,

Percebendo o mundo brilhando,

Utopia, este acreditar...

Com tanta gente chorando.

 

Então, lindo Papai Noel,

Conto-te a realidade,

Porque sofro e só queria

Que existisse de verdade.

 

Fala alto o coração,

Para o céu ergo os olhos molhados,

É pra Deus que rogando em oração,

Peço a paz, aos teus filhos cansados.

 

Que em tua benevolência

De qualquer mal nos previna,

Distancie-nos da violência,

Ofertando tua graça divina.

 

Extirpa da terra o mal

E em cada mesa o pão

Que não seja só no natal

Um momento de união.

 

Faça de nós instrumentos

Dos teus gestos, palavras e ações,

Os melhores sentimentos

Propagados em todas as nações.

 

Elizabeth Misciasci - Cônsul Penha / Sp-Sp. Poetas Del Mundo.

 

 




http://www.eunanet.net/beth/index.php

Autor: Elizabeth Misciasci


Artigos Relacionados


Zarpando

...e Quem Não Quer Possuí-la ?!!

Sonhos De Crianças

Poema Dedicado

Meu Porto

JuÍzo Final

Minha Mãe