'E Sem Saber Que Era Impossível Ele Foi Lá e Fez'



"E sem saber que era impossível, ele foi lá e fez"(Jean Cocteau)
 
Hoje é véspera de Natal e o ano Novo está quase chegando...
Uma época em que todo mundo se enche de esperança, sonhos, metas...
 
É uma pena que esse sopro de possibilidades, como todo sopro, dura apenas o suficiente para nunca ser realizado.
 
Como se diz por aí, tudo que vem fácil, vai fácil... E levados por uma onda de caridade, amor e perspectivas, por um momento enxergamos o mundo, como de fato deveríamos. Algo que inevitavelmente será esquecido após as luzes das árvores de Natal e dos fogos de artifícios se apagarem.
 
E porque eu estou trazendo a má notícia, num período iluminado.
Pra quê estragar a festa?
 
Bem, talvez seja pelo fato de ser uma pessoa simplesmente “do contra”,
Ou quem sabe seja pela irritação de ter torcido meu tornozelo na véspera da véspera do Natal,
Pode ser a profunda tristeza de lembranças de Natais passados...
 
Ou simplesmente...talvez...seja por acreditar... que estragando a euforia de um período de festa, eu seja capaz de lembrá-los do significado da constante celebração da vida...
 
Estamos acostumados a ser conduzidos por grandes ondas de otimismo e pessimismo.
 
Como se vida fosse uma interminável montanha-russa.
Uma hora estamos no topo, outra estamos no fundo do posso...
Nos acostumamos com a imensa adrenalina dos altos e baixos, alegrias e desesperos.
E desaprendemos a seguir em frente...
 
E nesse parque distorcido de diversões esquecemos da importância de fundamentos que (infelizmente) estão fora de moda...como equilíbrio e constância.
 
Calma, Calma, não estou pregando o fim da diversão. Muito menos dos parques de diversões.
 E afinal, não fui eu mesma em um artigo anterior que falei da importância de se “atirar” de cabeça no amor, e pular de Bunging Jumping?
 
Sim, sim... desde que seja você se atirando...e não alguém te empurrando...
E é exatamente nesse ponto que eu queria chegar...
Cuidado com as emoções que vem dos outros... elas tendem a ser cíclicas, elas vem em massa, e uma vez que se entra nesse trilho, fica bem difícil pular fora do brinquedo.
 
Eu sempre ouço muitas pessoas citarem uma frase de Jean Cocteau que diz
"E sem saber que era impossível, ele foi lá e fez".
 
Essa frase é geralmente utilizada para motivar os outros...
Ela sempre é declamada em voz alta e aceita de forma unânime... 
De fato a força dessa citação é inquestionável.
 
O que me incomoda, no entanto, é o que as pessoas extraem dela.
 
O que você sente quando alguém proclama isso? 
"E sem saber que era impossível, ele foi lá e fez".

(... Uau, ele é o máximo! Ele fez o impossível sem saber!...)

Eu não penso assim.
E não sei se você vai concordar...
Mas agora vamos filosofar... preparados para a retórica?
 
E sem saber que era impossível, ele foi lá e fez. Certo?
E se ele soubesse que era impossível será que ele teria feito?
E se ele fez, então não era realmente impossível...né?
E será que existe mesmo algo impossível?
 
Quando eu ouço essa frase o que vem a minha cabeça é: Que sortudo! Abençoado é esse homem, que conseguiu manter-se distante dos que poderiam ter dito “Impossível”.
 
Mas é inocência pensar que na nossa era teremos essa mesma oportunidade.
 
E preferindo não contar com a sorte, eu escolho a coragem de re-escrever a tão famosa citação, para: “Mesmo sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”
 
E ele fez, porque sabia que tudo é possível.
Ele fez, porque sabia que o impossível é uma coisa que colocam em sua cabeça, apenas com o seu consentimento. O impossível vem dos outros... O possível está escondido dentro de você.
 
Por isso, nesse período de festividades, esqueça as ondas de euforia, e mergulhe no oceano que existe em você. As ondas vão e vem, ficam apenas na superfície, e morrem na beira da praia (como a maioria das metas de reveillon). O oceano é imenso e infindável. Mergulhe nesse mar... e você vai se surpreender nadando pelos seus sonhos, suas tristezas, seus acertos e erros. 
Mas não faça isso só hoje porque é Natal.
Ou daqui a uma semana, porque o ano está terminando... faça isso sempre.
 
Seja constante, duvide do impossível, evite caronas desnecessárias e transforme cada dia em uma oportunidade de traçar o seu próprio caminho. De preferencia, uma reta. Porque não é preciso entender de matemática para saber que essa é a menor distância entre você e os seus sonhos.
 
"Se os homens fossem constantes seriam perfeitos." (William Shakespeare)

 
A latere,
Basium Amicus

Autor: Luiza Cunha


Artigos Relacionados


No Vale Terá Tura

SolidÃo...

Índio Urbano

Maior LiÇÃo De Vida

História De João Medíocre

Faces

HistÓria Da Minha Vida