Museu Paulista



O Monumento do Ipiranga, prédio que hoje abriga o Museu Paulista, foi edificado para celebrar a Proclamação da Independência do Brasil e a fundação do Império por D. Pedro I. Com a construção iniciada no final do período Imperial, o prédio originalmente estava destinado a abrigar um estabelecimento de ensino cientifico com aplicação às industrias, às artes e à agricultura.

E porque um estabelecimento de ensino?

Como veremos posteriormente foi com a Lei das Loterias que se deu à construção do edifício, e nesta mesma época havia o Partido Republicano Paulista (PPR) fundado em 18 de abril de 1873 durante a Convenção de Itu, e era formado por advogados, médicos, engenheiros e, sobretudo, por importantes proprietários rurais paulista.

Este partido queria que o valor arrecadado com as loterias fosse destinado à construção de um edifício dedicado à educação. Mas depois de pronto o prédio foi considerado insalubre para receber alunos.

Embora tivesse sua realização apenas no 2° Reinado, foi logo após a Independência do Brasil, que surgiu a idéia de erigir um Monumento no local onde fora proclamado a Independência do Brasil.

Em 20 de fevereiro de 1823, D. Pedro I, concedeu uma licença para a construção no "sitio do Ipiranga" a pedido do Barão de Iguape, o local foi então demarcado e, em 12 de outubro de 1825, foi colocada à primeira pedra do Monumento. ( na época a área era mais extensa).

Depois da divisão por lotes e a vendas dos mesmos, preservou-se uma área em torno do riacho do Ipiranga, sendo está área hoje tombada pelas esferas da Federação, Estado e Município com o nome de Parque da Independência.

Durante todo o século, várias iniciativas foram tomadas para a construção do edifício, e muitas partiam do Governo de São Paulo, da Assembléia Geral Legislativa, Assembléia Providencial de São Paulo, ou ainda de Associações particulares, no entanto a maior parte falhou por falta de recursos financeiros.

Em 1875, a Câmara Municipal de São Paulo, criou uma comissão, que conseguiu dar inicio aos trabalhos.

Estas dificuldades de angariar fundos iniciou em 1824 quando o Presidente da Província, Lucas Antonio Monteiro de Barros, tentou dar inicio a um monumento na colina do Ipiranga, abrindo, em toda Província, uma contribuição voluntária.

Outras tentativas foram tomadas pela Assembléia Geral e pela Assembléia Provincial, aprovando verbas no orçamento, porém estas verbas não chegaram ao seu destino.

Em 1877 formou-se uma comissão, para angariarem fundos, mas as doações voluntárias eram insuficientes.

Thommaso Gaudêncio Bezzi, desejava construir um palácio renascentista nos trópicos, mas o Governo conforme informado anteriormente queria um estabelecimento de ensino.

O Dr. José Vicente de Azevedo, futuro Conde José Vicente de Azevedo, apresentou, quando deputado provincial, um projeto, em 1885, sugerindo que no prédio comemorativo à Independência fosse criada uma Universidade.

A sugestão foi recebida entusiasticamente por D. Pedro II, que se congratulou com o Presidente da Comissão de Obras, Barão de Ramalho e com o autor do projeto.

Sem acordo entre ambos a obra teve início com a supervisão de outro italiano, Luis Pucci.

Iniciaram-se solenemente os trabalhos a 25 de março de 1885 e deram-se estes por fundos em 1890.
Durante a execução da obra foi criada uma linha de bonde que, partindo do largo da Sé atingia a colina do Ipiranga.

Após 1890 as obras ficaram paralisadas por quatro anos.

Em 1894 foram levadas para o museu as aquisições do Major Sertório doadas pelo Conselheiro Francisco de Paulo Mayrinque.

Porque na época o Conselheiro Francisco de Paulo Mayrinque, havia comprado por 200 contos o edifício onde existia o Museu particular do Major Sertório desde 1846, de visita publica e gratuita.

Este Museu pertencia ao antiquário Coronel Joaquim Sertório, e compunha-se em grande parte de espécies de historia natural, alguns objetos de etnografia, história de São Paulo e do Brasil, desde minerais até objetos indígenas.

Mas o Conselheiro Mayrinque não queria os objetos e doou toda a coleção ao Governo do Estado de São Paulo, ainda em 1890.

Estas coleções foram removidas, em principio de dezembro de 1892 para uma casa do Largo do Palácio e em março de 1893 para a rua da Consolação no prédio onde funcionava a Comissão Geográfica.

O governo não tinha um local apropriado para a coleção, e junto com outra coleção "pestana" estás ficavam constantemente mudando de sede, como na Consolação e João Mendes.

Em 25 de agosto de 1892, havia sido o Monumento do Ipiranga declarado propriedade do Estado.

A 25 de agosto de 1893, promulgou-se a Lei n° 192, destinando o Monumento para sede do Museu do Estado.

Três dias mais tarde publicava-se a Lei n° 200 instituindo o Museu Paulista, e em 1894 como já citado, está coleção foi levada ao Museu, depois do edifício ter sido preparado para receber estar coleção.

Em 7 de setembro de 1895 foi solenemente inaugurado um Museu, não uma escola, satisfazendo o desejo de Bezzi, mas como um museu de história natural. Arsênio Puttemans, paisagista, foi incumbido pelo Governo, em 1907, de ajardinar a área fronteira do museu.

Segundo o balancete apresentado pela Comissão em 1894, as obras custaram 1.715:124$261 tendo contribuído para a obtenção desta quantia as conhecidas "Loterias do Ypiranga".

Por decreto lei é que se dá o nome de Museu Paulista do Monumento a Independência do Ipiranga, passando a ser conhecido popularmente como Museu do Ipiranga.

Com a Proclamação da República o Monumento transformou-se em um poderoso recurso na difusão de uma nova leitura da história nacional.

A ocupação do Monumento pelo acervo do Museu do Estado em 1894, hoje Museu Paulista, deve ser entendida como um das metas do Governo Republicano, no sentido de construir uma versão da História do país.

Fazia-se mister, a construção de uma memória, de uma biografia nacional, que justificasse os ideários da República.

Foi durante a gestão do diretor do Museu Afonso d'Escragnolle Taunay que o perfil do Museu começou a ser alterado.

Um dos objetivos foi apagar a oposição entre a Monarquia e a Republica e recuperar a proposta monarquista original.

Desta forma a decoração pretendeu contar o processo de formação da nação e do território brasileiro a partir da concepção regionalista, segundo o qual os destinos do Brasil estavam identificados com o destino de São Paulo.


Autor: Marcelo Bento


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