Ética Ambiental



Introdução

Na tentativa de elucidar a origem do desequilíbrio ambiental, busco através da história percorrer esse caminho de como o homem moderno, se apropriou das riquezas naturais sem se preocupar em preservar ou manter um controle sobre recursos minerais e espécies de vida na terra.
O que se percebe é que há pouco estudo sobre outras questões do século XVII, como a parte científica, que desponta para um desenvolvimento onde o processo de industrialização da Inglaterra, vai usar as teorias científicas para sua nova forma de produção.
A degradação em uma totalidade abundante de recursos, lá no século VXIII, com a Revolução Industrial, fez do homem um inimigo natural em seu meio, pois através das práticas do sistema capitalista em formar uma empresa de lucros, afetou a natureza de forma agressiva e sem controle; – claro que temos o contexto de ainda não ter essa mentalidade de preservação intrínseca no homem nesse momento – assim percorrerei um caminho de retrocesso aos temas históricos que se legitimam a degradação ambiental em seus primórdios.
Nesse processo devemos ter em mente os fatos que realmente se diferenciaram no século XVII, e representaram no século XVIII. Observar motivos que levam a burguesia a se revolucionar contra a monarquia, e que conseqüências isso refletiu no meio ambiente, a través de um favorecimento a industrialização.
Em primeiro lugar, é nesse século que se estabelecem as grandes modificações introdutoras de modernidade, promovedora da liberdade renascentista, baseada na razão natural e ultrapassada pelas razões sociais. Segundo lugar, o homem pensando como sujeito de primeira ordem, mas reduzido a sujeito de segunda categoria e fazendo parte dele – o meio –, ao qual, o individualismo se apresenta dentro da representação renascentista, mas em um novo tempo de sobrevivência.
As revisões de teorias e novas concepções de pensamentos, dentro do aforismo de reflexão sobre o poder e a política, trazem consigo a revisão geral de todas as teorias e conceitos alinhados com a ordem da representação. É o momento do reconhecimento e da presença intensa da realidade, em todos os campos do conhecimento.
Essa concepção epistemológica é uma forma de averiguar como as tensões sociais repercutiram, formando assim uma legitimação e aprovação da natureza como elemento fundamental para preservação da nova era – sendo ela um momento de quebra de paradigmas – onde o pensamento humano se valoriza e se manifesta através da ciência.
A Revolução Científica foi um marco do século VXII, a partir da ai, as rupturas de conceitos – que até então eram na base da religiosidade – passam a ser formadas com um conhecimento científico natural, tendo como estudo as forças naturais e seu movimento constante.
O Iluminismo como ponto de partida para o progresso, em foram de consciência se coloca distante de uma realidade de poder absoluto – o absolutismo – buscando uma ruptura desse poder e atingindo um todo de satisfação em um momento de transição.
Como destaca Falcom:

O Iluminismo, nesse sentido, representa um movimento geral europeu de crítica ao Antigo Regime e de construção de esferas de conhecimento autônomas capazes de empreender a tarefa de um lado, dar conteúdo ás críticas, e, do outro, elaborar um projeto para um novo tempo, no qual a razão e a liberdade estariam do lado do homem, desfazendo a injustiça e o absolutismo (FALCOM, 2006, 200).

A razão como nova concepção desencadeia um novo constituir formador do velho, tendo como bases a filosofia e a ciência do século VXII, o tempo das racionalizações se apresenta como o inventor da metodologia, sendo um divisor dos limites da fantasia e a ciência; ou uma era da tecnologia, ou uma emergência das ciências da natureza.
O desenvolvimento do método de Descartes, sua racionalidade e seus paradigmas, favorece a outros estudiosos a ter uma forma definida de explorar o conhecimento humano; essas utilidades de pressupostos fizeram do século VXII, o possível reconhecimento renascentista, pois foi a partir dessa nova concepção tudo começou a mudar.
A Revolução Científica formou um referencial tecnológico, que viabilizou um desenrolar para outra Revolução, a Burguesa na Inglaterra, que também favoreceu a suposta origem do desequilíbrio ambiental, a Revolução Industrial.
Com essas mudanças, o homem percebe que não pode permanecer estático, sem entendimento, volúvel. Deve entender a realidade do mundo que o cerca e se moldar a essa nova realidade, buscando um enquadramento e reafirma cão dentro da nova sociedade, onde ele próprio será o seu carrasco no decorrer dos tempos.

Século XVII e a Revolução Científica, Rupturas de Paradigmas

Começo pelo século VXII, pois a partir desse século nada ficou mais como era, as crenças foram substituídas pela razão, o imaginário ficou somente com a Igreja, a realidade foi se moldando de acordo com as novas descobertas científica, favorecendo novas tecnologias a serem empregadas.
Tudo isso fez surgir um novo mundo, uma nova sociedade, novos valores para as coisas, novos saberes, outras abordagens. O século da possível e verdadeira renascença, um novo homem surge em um momento que necessitava a ruptura de vários paradigmas, e conceitos abstraídos pela Igreja.
Marvin Perri em sua obra destaca que a Revolução Científica, foi à transformação intelectual e favoreceu as bases do Iluminismo. Esse Iluminismo que vai fomentar o liberalismo econômico, político e social e o Capitalismo em seu ápsi. A partir daí, o homem começa a se descobrir e produzir em demasiado ritmo frenético a destruição do meio onde vive.

A Revolução Científica destruiu a cosmologia medieval e estabeleceu o método – a observação e experimentação rigorosa e sistemática – como meio essencial de desvendar os segredos da natureza. No Ocidente, um número crescente de pensadores sustentava que a natureza era um sistema mecânico, governado por leis que podiam ser expressas matematicamente (PERRI, 2002, p. 282).

O pensamento medieval centrava o ser humano como os senhores da Terra, esses seres dotados de razão poderia ter a salvação. Isso pode declarar o poder que Deus teria dado ao Homem, sendo ele um ser pensante, detinha intrinsecamente o direito de usar as riquezas naturais, não tendo à preocupação de substituir ou repor qualquer dano a natureza.
Com a matemática de Arquimedes a mecânica tornou-se mais efetiva; a medicina de Galeno também teve relevância; Platão e Pitágoras foram protagonistas de um auxilio importante para a ciência través da música e sua matemática como chave para compreensão da realidade do universo. Os grandes pensadores dessa Revolução Cientificam, foram influenciados pelo sistema cognoscível da mente.
Os feitos do século XVII trouxeram com sigo muitas dúvidas a respeito de teorias que determinavam a vida natural, e a natureza em sua totalidade; seus pensamentos atravessaram fronteiras inatingíveis, como a teoria de Copérnico, sendo esse o fundador da teoria Heliocêntrica que descrevia o mundo em forma diferente da cosmologia medieval.
Copérnico com sua teoria deu a Terra outro conceito, retirando-a do centro do universo e dizendo que era um planeta. Tudo embasado na teoria de Ptolomeu que já anteriormente definia a terra com um modelo Geocêntrico dividindo em dois o universo, sendo um superior e outro inferior.
Vejamos; se no mundo do medievo, o universo era dividido em dois, onde um detinha o poder supremo e, no outro a Terra tendo o homem em seu centro. Copérnico define a Terra como um planeta, conceitua esse caráter mais complexo, dá um entendimento direcionado que conhecemos hoje, poderia dizer sem pretensão alguma, que séria ele um pré-ativista com essa visão de mundo? Ou somente um acaso mais perfeito de pensamento já preestabelecido por Aristóteles e Ptolomeu?

Chegamos a um período em que paradigmas tidos quase como imutáveis são rompidos. Isso só ocorre porque regras e verdades são violadas. A migração do Geocentrismo para o Heliocentrismo não se traduz apenas numa leitura mais aproximada do universo. Há rupturas com o senso comum e com o fundamentalismo religioso. Um e outro foram e são óbices na (re) leitura que a ciência fez e faz no mundo natural (CHASSOT, p. 2004).

Dentro de tudo que ainda vai acontecer no século XVII, três cientistas se destacam, sendo eles: Copérnico, Galileu e Newton; esse trio formulou uma nova concepção de mundo e meio de vida, trabalharam em busca de respostas que estavam a muito para serem respondidas; claro que está parecendo certo reducionismo, pois foi esses teóricos o eixo principal da Revolução Científica. Seria um erro esquecer que muitos ficaram no anonimato, e que muitos se incorporaram a esses cientistas.
Johannes Kepler formulou a teoria que o mundo era uma máquina e o construtor era Deus. Perfez uma desconstrução e rompimento com o aristotelismo e passou a se fundamentar em um mecanicismo. Galileu trabalhou a física, é considerado um dos criadores da ciência moderna, estabeleceu as leis do pendulo, grande contribuição para a Física. Newton e suas leis da física promoveram o rompimento entre o medievo e seus paradigmas; distingue o universo como um sistema mecânico integrado e harmonioso.
Enfim, todos os pesquisadores corresponderam as suas expectativas, construíram suas teorias e possibilitaram o crescimento tecnológico, que será futuramente empregado na Revolução Industrial.
Mas o filósofo mais influente nesse século de descobertas científicas foi Descartes, com seu método dedutivo, ou seja, o indutivo é o conhecimento empírico, e o dedutivo o conhecimento racional. Assim Descartes formulou o seu método que revolucionou a forma de pensar e ver o mundo.
Na área da política não poderia deixar de citar Jonh Locke, o homem que reformulou o pensamento político, formando uma teoria de valores e responsabilidades do homem, como um ser derivado da obra de Deus; classificando o governo como Estado, renegando o absolutismo e a favor de uma sociedade civil, dentro de sua teoria.
Locke faz uma severa crítica a Robert Filmer, que defendia que os homens não eram iguais e que alguns eram predestinados e subjugava os outros. Para Locke, Deus criou os homens iguais; nenhum homem é superior a outro, essa é à base da crítica a Filmer: a revelação que produziria a superioridade de alguns homens em relação aos outros, aceitando a teoria da predestinação, assegurando a positividade das idéias inatas – idéias que Locke combatia.
Em sua obra Dois Tratados, Locke define bem as responsabilidades do homem no estado natural. A função lógica do primeiro tratado é demonstrar igualdade entre os homens para o que se baseia nas Escrituras, na razão e na observação, pois as Escrituras não se auto-interpretam, o que confirmaria que os homens nascem pura e simplesmente livres.
A razão é soberana sobre todas as ações humanas e é isso que diferencia o homem dos irracionais. No estado natural, cada um detém o poder executivo da lei da natureza, entretanto, se alguém a fere, os outros têm o direito de puni-lo.
Daí deriva os conceitos de confiança, de separação dos poderes e a teoria da virtude política natural. O governo como garantia da lei natural é associado a um magistrado. Não há estado de guerra no estado da natureza, a guerra é um incidente, inseparável da vida humana. A monarquia absoluta é incompatível com a sociedade civil e, portanto, não pode ser de modo algum, uma forma de governo civil. O estado da natureza já é social e político. O estado e a sociedade nunca chegaram a transcender totalmente o estado de natureza: o contraste nunca se completa.
A introdução do conceito de propriedade é a grande inovação. A condição de possuir coisas deriva do homem enquanto espécie e não do homem individual. Os bens da natureza são originalmente comuns. O consentimento é que dá acesso ao direito de propriedade. Isso o levou à inclusão da idéia de trabalho.
Nesse ponto acima, o direito quanto espécie legitima a cão do homem com relação ao meio ambiente, essa relação é derivado da construção de Deus como criador e que deu a igualdade para todos viverem com direitos iguais, mas o individualismo se apresenta com um contra ponto a essas igualdades; e a partir disso, a relação de trabalho efetiva uma apropriação do meio para elevar o valor de propriedade.
É o trabalho que estabelece a diferença no valor de cada coisa. A propriedade é limitada, não pode haver desperdício da terra e dos seus frutos. A propriedade não pode ser utilizada como instrumento de opressão. O dinheiro estabelece a igualdade e as relações mútuas. Os homens estabelecem uma fonte de poder para regular e conservar a propriedade.
No segundo tratado, Locke afirma as ausências do estado de natureza e as condições da sociedade civil de supri-las em nome da manutenção das leis da natureza. A propriedade parece conferir qualidade política à personalidade. É por meio da teoria da propriedade que os homens podem passar do mundo abstrato da igualdade, baseado na relação deles com Deus e a lei natural, para o mundo concreto da liberdade política garantida por acordos políticos.
O encargo fundamental de Locke é o de desfazer a proposição de Robert Filmer de que todo o governo é uma monarquia absoluta por que parte do princípio de que nada nasce livre.
Para Locke, todo o governo está limitado em seus poderes por sua fonte de origem, que é a mesma que lhe garante legitimidade ou que lhe dá o consentimento de existir. Para Locke todos os homens nascem livres.
O estado de natureza seria o estágio em que os homens expressariam a razão pela bondade, à amizade mais a liberdade e as igualdades naturais regidas todas pela lei da natureza. Esse estágio antecederia a sociedade civil constituída.
Há dois modos de interpretar o estado de natureza de Locke. O primeiro considera ou está na natureza à primeira etapa de desenvolvimento da história humana sobe a forma da sociedade civil. O segundo associa e estado de natureza ao registro conceitual, pensando-o como categoria explicativa e que pode existir paralelamente à sociedade civil, ou seja, o estado de natureza existe antes e junto com a sociedade civil.
O estado de natureza é uma relação humana e não está vinculado ao grau de experiência política dos homens que estão nele e, por isso, pode existir em qualquer época da História, inclusive hoje.
Essa constatação aproxima Locke de Rousseau na medida em que ambos coincidem na idéia de que a razão dirige o homem para o bem, que impede a racionalidade. Essa definição, afastando-se da proposição de Filmer de que os reis governavam por direito divino herdado de Adão, a quem Deus teria dado todo o poder e a capacidade de dividi-lo ou administrá-lo.
Mais uma vez vem à questão da divindade, legitimando a cão do homem, isso levará adiante a questão de poder sobre o meio, proporcionará o entendimento que o homem tem o direito sobre a terra, esse direito dado por Deus, a partir de sua racionalidade, seu posicionamento frente às outras espécies do planeta. Isso vai refletir lá na frente quando questionarmos na história da Revolução Industrial tais direitos sobre o meio ambiente favorecendo ao capitalismo.
Locke o põe a paz ao estado de guerra, registrando como associada à razão e como o momento da ausência da força sem direito, reforçando o direito de uso da força quando se trata de manter as leis da natureza.
Para Locke, há duas leis naturais, ambas referidas à natureza humana. A primeira impede que o homem se autodestrua e reza que ele deve conservar a própria vida; a segunda, prega nessa mesma direção, que ele conserve a humanidade, que é exatamente o espaço onde ele reconhece a si próprio.
A análise de Locke da propriedade parte de três elementos já apresentados na avaliação do estado de natureza. O primeiro apresenta a propriedade como derivada da criação divina; ela faz parte do mundo da liberdade e da igualdade. O elemento seguinte diz respeito à origem da propriedade privada, ou seja, como um dom dado a todas pode transformar-se em dom privado. O terceiro refere-se aos usos que os homens devem fazer da propriedade privada.
A propriedade original e natural, que é o fundamento de qualquer outro tipo de propriedade no estado de natureza, deriva do trabalho aplicado pelo homem, e o resultado que o satisfaz e o torna feliz é a produção, que deve ser aquilo que o homem realmente necessita. Pois, caso contrário, ele estaria prejudicando alguém.
A propriedade só é justa e legítima quando resulta do esforço do homem. Os limites que regulam o acesso à propriedade para que ela se mantenha como base da igualdade natural. O lema central é que, da mesma forma que todos nascem livres, também o acesso à propriedade é livre a produção que alguém realiza não deve eliminar a produção de outro.
Locke atribui ao trabalho à condição de definição do valor ou do preço. E isso é a condição da liberdade. O uso do dinheiro acelera o fim dessa condição original, pois diferencia homens pela sua eficácia, transformando-os em acumuladores e empreendedores que devem continuar a pensar no coletivo.
Como vimos nesse pequeno relato, a Revolução Científica foi muito importante na construção das novas tecnologias que foram empregadas na Revolução Industrial. A importância de cada membro que ajudou a construir essa nova mentalidade científica, também contribuiu para degradação do meio ambiente indiretamente; por não terem a noção e muito menos a percepção de destruição ambiental, os rumos de um capitalismo primitivo no final da Idade Média, e se legitimando na Modernidade, levou a industrialização para um rumo de devastação de florestas, poluição de rios, do Ar, extinção de flora e fauna.
Além disso, a mudança de mentalidade a respeito do espírito, das crenças, do poder divino, etc. Mas não é esse o foco do trabalho, mas também contribuiu para formular o novo homem pensante, o homem que buscou alternativas com a razão.
Segundo Perry:

A nova perspectiva gerada pela Revolução Científica serviu de alicerce para o Iluminismo. Ampliando a confiança dos pensadores no poder da mente – que desvendaria as leis da natureza –, a Revolução Científica fortaleceu a confiança nas capacidades humanas expressas pelos humanistas renascentistas. Acreditava-se que, com o tempo, o método científico revelaria todos os segredos da natureza, e a humanidade, adquirindo ainda mais conhecimento e controle sobre a natureza, avançaria rapidamente (PERRY, 2002, p. 195).

A citação acima deixa claro que o homem buscou através da ciência controlar a natureza; mas quem deu autorização para que isso se realize? Que tipo de direito temos sobre o meio natural e sua propriedades? – sendo bem entendido, que esses homens no século XVII e XVIII, não tinham a noção de meio ambiente e por isso não podemos condenar tais medidas tomadas contra a natureza. A necessidade era vital para o desenvolvimento humano – assim toda exploração do meio natural, foi nesse momento necessário.
Falcon e Rodrigues definem o século XVII como o século da Técnica, sendo a partir dela que o pensamento evolui e, conseqüentemente desenvolve as tecnologias como ferramentas utilizadas para o bem comum natural.

[...] a descoberta da técnica como ferramenta de conhecimento e de ação, como forma de conhecimento do mundo, como modo de expressão, como base de uma nova linguagem. Técnica pode ser o modo pelo qual um escultor barroco representa o êxtase ou a felicidade. Técnica é a marca do século VXII, é a expressão da complexidade, é a qualificação da dignidade intelectual no saber ver o mundo, é a produção da crítica e da literatura em um Cervantes, é a extremosidade do teatro popular de Lope de Veja ou Shakespeare (FALCON, 2006, p. 174-175).

O Século VII envolve todas as áreas de desenvolvimento da capacidade do homem, torna possíveis realizações que deram uma contribuição muito significativa ao desenvolvimento do pensamento movido pela razão e, o tecnológico desenvolvido através dos experimentos embasados e firmados no conhecimento matemático, na física, medicina, química, astronomia e ciências naturais.

As Sociedades Burguesas e as suas Revoluções no século XVII na Inglaterra e XVIII na França

As revoluções burguesas trouxeram com sigo um momento de instabilidade no decorrer dos séculos XVII e XVIII, tanto na Inglaterra quanto na França, pois possibilitaram uma nova forma econômica, buscaram promover o seu bem estar, fortalecendo seu poder e incrementando o capitalismo como forma de dominação econômica e social.
Assim foi se moldando as novas perspectivas no mundo moderno, mas com raízes profundas na Idade Média, quebrando seus paradigmas e conceitos através das novas técnicas empregadas no cotidiano das pessoas. A Revolução Cientifica foi uma aurora que despontou em uma escuridão onde a Igreja designava as verdades e valores representativos.
A indústria como uma forma de progresso, se destaca como uma necessidade tanto para os burgueses, como também para os trabalhadores rurais, visto que, essa modernidade industrial vai colocar os camponeses a margem da estrutura social fazendo assim, migrarem para as cidades.
Se a indústria é o preparo da matéria-prima para seu uso, sempre houve atividade industrial. A técnica empregada por alguns povos tem ai um fator básico para a explicação da História, pois ela condiciona os modos de produção e esses são o elemento fundamental do processo evolutivo, graças às experiências, ao desafio das sociedades e à evolução científica.
A Revolução Industrial verifica-se na segunda metade do século VXIII na Grã-Bretanha, divulgando-se no continente e no mundo nos séculos seguintes e desdobrando-se riqueza de seus inventos. Segundo Nunes (2003) “A Revolução Industrial consistiu numa transformação no modo de trabalhar dos homens, na maneira de se relacionarem uns com os outros, de pensar e agir, bem como utilizar o tempo, observar o meio ambiente e nele interferir”.
Na história da indústria deve-se considerar a fase do artesanato, a da manufatura e a industrial propriamente dita. A primeira é a mais rudimentar, produz em pequena escala. Passa-se à manufatura, que é estádio de certa complexidade, já com produção mais ampla e diversificada, em fábricas de dimensões reduzidas. Depois é que se chega à indústria no conceito moderno, com o uso de utensílios e maquinas que de algum modo substituem o trabalho pesado do homem.
Em perspectiva histórica, deve-se considerar como indústria todo esse esforço, do mais simples ao mais elaborado; artesanato ou manufatura, com pequena ou média produção, como forma singela ou sofisticada, tudo é indústria, se esta é elaboração da matéria-prima para conveniente uso.
A apropriação dos recursos da natureza desde a pré-história, onde a fabricação dos utensílios necessários para as populações desse período, já estão inclusas em um uso de matéria natural, ou seja, matéria prima da natureza e que o homem usa para seu bem estar, mas não compromete a um desequilíbrio do ambiente, pois ele usa o que a natureza oferece.
A evolução da técnica tem um processo lento, passa por diversos estágios no tempo histórico. Cada período se agrega um conhecimento que se manifestará adiante com novas tecnologias. Esse lento desenvolvimento proporciona um alicerce que se efetivará somente com um conceito de indústria no século VXIII; ganhando dinamismo no século passado e, sobretudo no atual, quando se verifica o que se tem chamado de aceleração da História. Na consideração da história da atividade, deve-se levar em conta o conjunto, como se escreveu e convém repetir, sem o menosprezo de fases aparentemente insignificantes.
É equívoco, porém, supor que a História Antiga e a Medieval se passassem sem melhoramentos tecnológicos. Os séculos XVI e XVII foram pródigos em inventos. Faltava-lhes, porém, a continuidade, a sistemática: a indústria, como atividade econômica que respondia às crescentes necessidades, resultantes dos descobrimentos dos séculos XV e XVI, criadores de mercados e fontes de matéria-prima, ao lado da mentalidade científica que se desenvolveu desde então, provocam, junto a fatores sociais e políticos, novo marco na história econômica, com a evolução acelerada da indústria.
Tem-se questionado, com procedência, o conceito de Revolução Industrial. Com a Revolução Industrial assistir-se-ia á passagem da manufatura Á maquinofatura, pois ai a máquina passa a reinar soberana. Ate aí tudo era empírico, havia descobertas que resultavam do acaso, enquanto a contar da Revolução Industrial passa a haver inventos, que resultam de pesquisas, do esforço de cientistas. De acordo com essa caracterização, a descoberta é típica dos “estados atrasados e embrionários da civilização”, enquanto o invento é típico de estádio mais avançados.
Os resultados agora aplicados na indústria, tendo uma racionalização direcionada, começa a provocar os efeitos de degradação do meio, perfazendo assim a origem do esgotamento do meio ambiente.
A imposição do vapor como elemento energético e as novas máquinas que alteram, sobretudo a tecelagem e a metalurgia e dão princípios novos à indústria, em associação crescente dessa atividade com a ciência, vão marcar um princípio na história da indústria, do desenvolvimento econômico e de toda a sociedade até aí de todo desconhecido, pois o ritmo social e humano era lento.

Um ritmo social muito lento

Constatamos que também, além, de um aumento de tecnologias e desenvolvimento industrial, a fome bateu a porta das sociedades nesses séculos de transformações e rupturas. Uma desigualdade favoreceu a uma instabilidade social, com o processo Revolucionário da Indústria, muitos dos camponeses ficaram vagando pelas vilas, campos e cidades.
Não somente o meio foi depredado, mas as pessoas, sua alto estima, seu caráter e tudo que fazia parte dessa sociedade. A fome foi um dos motivos da pobreza, a precariedade de produção, falta de incentivo à agricultura e outros fatores fizeram da população um amontoado de gente mendigando nos cantos Ada cidades.
Com a Revolução Industrial, além do progresso veio às doenças, as mortes, as poluições ambientais nas cidades, a falta de urbanização e todos os tipo de gente.
Paulo Miceli destaca:

Para “limpar” as cidades e os campos de seus pobres indesejáveis, a sociedade burguesa, que dava seus primeiros e decisivos passos, encontrou valiosa ajuda. Companheira inseparável de corpos mal nutridos e desprotegidos, as doenças ajudaram a equilibrar o número de bocas e o alimento escasso, as ofertas de emprego e o número de braços para o trabalho (MICELI, 1994, p. 6-7).

As dificuldades de sobrevivência ajudaram a sociedade burguesa, pois favoreceu um equilíbrio populacional, esse também foi favorecido no campo onde os camponeses foram expulsos de suas terras, que viraram pastos para as ovelhas que alimentavam de lã as primeiras indústrias têxteis inglesas.
Vejamos, se os camponeses foram expulsos de suas terras, a agricultura teve uma estagnação, causando a falta de alimentos e conseqüentemente provocando a fome. Tudo isso desencadeia um movimento em forma de engrenagem, que se tornaria monstruosa no decorrer dos séculos seguintes.
O desenrolar do avanço da industrialização deflagra uma população abundante nas cidades, a miserabilidade aumenta, a proliferação de doenças provoca mortes e, por conseguinte a poluição.
Um problema que chama a atenção, e a venda de água no século VXIII. Quando se fala que a água no século XXI vai ser o produto mais caro, lá traz já se define esse problema com a agressão do meio ambiente.
Como destaca Paulo Miceli:

A água era escassa e raramente se dispunha dela à vontade. Para se ter a idéia da importância desse problema, basta lembrar que apenas a cidade de Paris, no final do século XVIII, dispunha de cerca de 20 mil aguadeiros que vendiam pelas ruas a água do rio Sena, o qual, alias, já era vítima da poluição causada pelas tintas que os estabelecimentos têxteis despejavam nele três vezes por semana (MICELI, 1994, p. 9).

Essa realidade causou outro problema, um aumento de consumo de bebidas alcoólicas. Isso causou um aumento de dependentes e um caos na saúde pública. Por outro lado, foi uma alavanca para a indústria de vinhos e derivados, para fabricas de vidros com produção de garrafas e outros produtos. “Em Londres, o consumo era tão grande que a coleta de garrafas vazias para reutilização trasnformou-se em uma importante atividade a que se dedicavam os pobres para conseguir algum dinheiro” (MICELI, 1994, p. 9).
A desorganização social e de saúde que se constituiu na Europa do século XVIII foi assustadora, os altos índices de embriaguêses, levaram tanto as populações das cidades como as do campo a um estado de desorientação causado pelo desemprego. Toda crise econômica era motivo para aumentar o consumo de vinho.
Por sua vez, essas crises econômicas favoreciam também o aparecimento de comércios como “tabernas”, que vendiam vinho, rum, cerveja, aguardente, gim, vodca, sidra e o uísque e derivados. Com isso, as vinícolas cresciam e abasteciam o comercio tanto interno quanto externo. Todo o setor industrial dava o salto para o progresso, e com ele, levava a multidão de desempregados e embriagados junto.
Em um folheto de propaganda trazia os seguintes versos de incentivo ao consumo:

Pequenos burgueses, artífices e costureirinhas
Saí todos de Paris e correi ás tabernas
Onde tereis quatro pintas por duas
Sobre duas tábuas de barco, sem toalha, sem guardanapos,
Bebereis tanto nesses báquicos lugares
Que o vinho vos sairá pelos olhos.

Também outros problemas fizeram-se presentes como moradia, vestimentas, e utensílios. As dificuldades de moradia, alimentação, vestimentas, e utensílios, são características do desleixo das autoridades governamentais em promover uma sociedade justa e com distribuição de renda igual para todos, como pregava os iluministas. Mas não houve certo acerto de desenvolvimento incluindo as massas de trabalhadores no contexto de progresso industrial.
Em passagem da obra de Paulo Miceli podemos perceber um controle a um desmatamento como proteção de matéria prima que será usada mais adiante no processo industrial, ou apenas, não proporcionar uma melhora de condição para a sociedade que deveria estar sobre controle, não possibilitando seu bem estar; com isso, também se percebe um desequilíbrio ambiental no uso de tingir vestimentas.
Como se refere Miceli:

Os materiais de construção eram raros e seu uso estava sujeito ao controle das autoridades, que regulavam o corte de árvores e o acesso ás pedreiras, estas destinadas às raríssimas casas de pedra onde moravam alguns poucos camponeses abastados. [...] E as roupas? [...] no dia-a-dia, o que se usava eram roupas grosseiras, quase sempre tecidas em casa e tingidas de negro, com uso da casca do carvalho – hábito responsável pelo estrago de muitos bosques (MICELI, 1994, p. 11).

A Industrialização e suas conseqüências.

A partir da segunda metade do século XVII, o processo industrial se efetiva em grande expansão, aumenta as indústrias nas cidades com o fator tecnológico do vapor; as fabricas que se situavam as margens dos rios no campo, agora entram em um novo estágio e passam a ser chamadas de indústrias; isso se efetiva pela quantidade de maquinas em emprego na produção, deixando de ser uma fábrica de manufaturas para passar a maquinofatura.
Vejamos: com o novo incremento tecnológico empregado na indústria, novas possibilidades se efetivam no meio econômico. Assim é natural que uma população que está em uma tensão social busque seu meio de sobreviver, deste modo as cidades se enchem de gente possibilitando uma mão-de-obra barata, favorecendo a indústria produz a todo o vapor.
Como destaca Nunes:

Até o século XVIII, cidade grande, na Inglaterra, era uma localidade com cerca de 5.000 habitantes. Em decorrência da industrialização, a população urbana cresceu e as cidades modificaram-se. Os operários, com seus parcos salários, amontoavam-se em quartos e porões desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias. As cidades tornaram-se feias e negras, envoltas numa atmosfera fumarenta, estendendo por todos os lados seus subúrbios mal construídos (NUNES, BERTELLO 2003, p. 151).

A velocidade da urbanização resultou em um “caos social” o cólera foi um mal que se alastrou por toda Inglaterra, proveniente da poluição das águas e do ar poluído por causa das indústrias como foi citado acima. A expectativa de vida nas cidades industrializadas do século XVIII na Inglaterra e França variava, muitas crianças não chegavam aos 5 anos de vida, outros adultos chagavam em média de 36 anos; já em cidades como Manchester e Liverpool era de 26 anos de vida, um índice muito alto. Perry (2002) “Esgotos abertos, rios poluídos, fumaça das fábricas e ruas imundas disseminavam as doenças”.
Todo esse processo industrial afetará não só o meio ambiente como também as pessoas, a falta de políticas de urbanismo e um capitalismo abrangente para o lucro, espoliava, retirava sua dignidade, sua força de trabalho e sua possibilidade de vida. Tudo isso era favorável as revoluções que se formaram em busca de uma vida melhor.
Para Marvin Perry (2002). “A agricultura tornava-se cada vez mais uma empresa capitalista; a produção passou a ser destinada ao mercado, e não mais ao consumo da família ou da ladeia”. Isso demonstra a nova estrutura econômica que se formou. As terras não eram mais “comunais”, o cercamento formou um exercito de desempregados dependentes.
Perry ainda destaca que:

O crescimento demográfico e o aumento da produtividade agrícola também contribuíram para impulsionar a industrialização. O enorme crescimento populacional da Europa no século XVIII forneceu à indústria mais consumidores e trabalho. A rápida expansão da população deveu-se em parte è redução de mortes ocasionadas por guerras, fome e doenças (PERRY, 2002, p. 353).

Como foi citado por várias vezes que os rios estavam poluídos e a falta de água causou um desequilíbrio na sociedade, proporcionando um caos na saúde. Um doa motivos da poluição das águas foi causada pela Química na indústria, essa que chegou ao século XVIII; formou outro paradigma que legitima e defina a química como ciência e não magia como era conhecida com seus alquimistas.
Nesse contexto a Química teve sua contribuição por favorecer um desenvolvimento científico e também econômico, mas causou um impacto ambiental que refletiu na sociedade. O mais importante químico desse processo industrial foi Antoine Laurent de Lavoisier.
Lavoisier contestou a teoria do flogisto que foi elaborada pelo alemão G. E. Stahl, que diz ele, fundamentava-se em hipóteses errôneas. Assim buscou respostas em analises do ar atmosférico, com experiências de combustão entre metais, enxofre, fósforo, carbono, etc. Lavoisier descobriu vários benefícios para a Química e conseqüentemente foi utilizado na indústria.
Attico Chassot (2004) em sua obra A Ciência Através dos Tempos, destaca “As disputas com os produtos estampados, oriundos das Índias, determinaram grandes modificações nas indústrias européias, e o uso de corantes marcou toda uma linha de desenvolvimento da química no século XIX”. A importância da química na industrialização demonstra que fatores econômicos e comerciais favoreceram o uso da mesma para competir com produtos vindos de outros países como da Índia.
Isso mostra que com a produtividade e os corantes químicos foram para nas águas dos rios, favorecendo a poluição e proliferação de doenças e agressão ao meio ambiente. Outro fator que também contribuiu para a poluição foi o novo conceito de “energia”, pois foi um elemento unificador da ciência e indústria, caminhando um ao lado do outro.
Essa fusão faz aumentar a demanda do combustível com a madeira – que determinou desmatamentos – e o carvão – que exigiu um novo aperfeiçoamento das técnicas de extração – causando com sua queima a poluição do ar.
Todos esses fatores nós leva para uma análise de como se constituiu os elementos que favoreceram a agressão do meio ambiente, tendo como agente principal o homem, como sujeito agressor do seu próprio ambiente.
No século seguinte a química toma mais espaço e se destaca como uma grande ciência, novas teses se formaram e foram aplicadas na indústria vem se desenvolvendo até hoje. Segundo Chassot (2004) “A superação da idéia flogisticista e o esclarecimento da combustão por Lavoisier, no final do século XVIII, traz novos direcionamentos para as investigações sobre a natureza das substancias”.
A Revolução Inglesa de 1640 transformou a estrutura política, social e econômica da Inglaterra. Antecipando-se em 150 anos às revoluções Americana e Francesa, foi na primeira vez na História que a burguesia, tirando o poder – e a cabeça – do rei, no caso, Carlos I, assumiu o poder.
Liderada por Cromwell, oi a revolta que, eliminou o modo de produção artesanal, lançou as bases para o capitalismo e a Revolução Industrial, que no século seguinte estenderia o poderio e o domínio britânico pelos cinco continentes.

Bibliografia

ARRUDA, José de Andrade. A Revolução Inglesa. São Paulo: Brasiliense, 2006.
CHASSOT, Attico. A Ciência através dos Tempos. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2004.
FALCON, Francisco; RODRIGUES, Antônio. A Formação do Mundo Moderno. A Expressão da Tensão Entre o Novo e o Velho: a cultura barroca do século XVII. RJ: Elsevier, 2006.
HOBSBAWN< Eric. J. A Era das Revoluções: Europa 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
NUNES, Antonio Carlos S; BERTELLO, Maria Augusta. Minimanual de Pesquisa História. Uberlândia: Claranto Editora, 2003.
MICELI, Paulo. As Revoluções Burguesas. 19ª ed. São Paulo: Atual Editora, 1994.
PERRI, Marvin. Civilização ocidental: Uma história concisa. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.


Autor: Prof. Ubiratã Ferreira Freitas


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