A Matéria Que Renegas



O que mais pode me doer que a solidão? Meus ouvidos estão cerrados Exceto a o som estridente Desta matéria impulsiva; Madeira e cordas Ombros e mãos de um angustiado; Que ao decorar as notas Absorveu a alma de um tal miserável; Ao longe bem ao longe Posso senti-la me horripilando; Veiculadas ao ar Como faca nos meus tímpanos; Meus olhos vendados Perseguem as sombras Que se movimentam; O que passa por mim As meninas entorpecidas Passam-me por despercebidas; Meus lábios sim provaram A sede de esquecer alguém; Como o ribeirão profundo Ou o mais seco dos desertos; Porem o que restou? Eu nunca soube ao certo Onde pairavam meus pensamentos Adrenalina das minhas veias Levaram-me a caminhos Que eu não queria ir; Eis me aqui Estilhaços dos meus ossos Não mais me vês Não estou aqui! Exceto a matéria que renegas Não estendas as tuas mãos em vão Nem te apiedas deste fraco; No coração deste instrumento Está a esperança que me atormenta No cansaço deste humano músico A dor deste miserável ecoa A solidão e a saudade São irmãs inseparáveis E moram aqui comigo Desde que partiu. Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli Village Outubro de 2008 no dia 20
Autor: Marcelo Henrique Zacarelli


Artigos Relacionados


''desejo'' (poesia)

À Minha Mãe

O Corpo

Louco

Mulher ImaginÁria

Emoção Partida

"É Somente Amor"