O Que é Intervenção Psicopedagógica



Fala-se de intervenção como uma interferência que um profissional , tanto o educador, quanto o psicopedagogo realizasobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigí-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito, pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o mundo das pessoasdas idéias. Ocorre-se na intervenção terapêutica. Exemplifica-se como intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças com transtorno de déficit de atenção com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento.

Podemosconsiderar que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de " colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de conhecimentos. Compreende-se que as causas do não aprender podem ser diversas. Em vista dessa necessidade se reconhece que não é tarefa fácil para os educadores compreenderem essa pluricausalidade. Torna-se comum constatar que as escolas rotulam e condenam esse grupo de alunos à repetência ou multirepetência, como também os classificam com adjetivos de alunos " sem solução e vítimas de uma desigualdade social.

A postura do professor diante das dificuldades de seus alunos com transtorno de déficit de atenção, necessita-se prestar mais atenção às dificuldades, já que evidenciam mais do que as potencialidades. Pensa-se em dificuldades de aprendizagem pelos acertos dos alunos. Experimentam-se alguns sucessos que podem abrir portas para a construção de um vínculo positivo com as demais áreas de aprendizagem que os alunos necessitam aprimorar.

Sugere-se aoprofessor junto com o psicopedagogo organizaremturmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem pois as crianças que entendem suas linguagens podem funcionar como professores uns dos outros. Propõe-se um guia para uma escuta psicopedagógica: escutar, olhar, deter-se nas fraturas do discurso, observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura, descobrir o esquema de ação subjacente, ou seja, busca-se a repetição dos esquemas de ação, e interpretar a operação mais do que o conteúdo.

Averigua-se que a psicopedagogia utiliza os termos " ensinantes e aprendentes"para denominar o par educativo que comumente conhecemos por professor e aluno. Pensa-se que para a psicopedagogia esses papéis alternam-se o tempo inteiro, no processo ensino- aprendizagem visto pela psicopedagogia também aprende-se sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, o outro nos serve de espelho.

Deseja-se como todo professor querer que os alunos acertem sempre, mas deve-se adquirir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem, estuda-se que o erro é um indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi ensinado. Analisa-se com mais cuidado os erros dos alunos, pode-se elaborar a reformulação e práticas docentes de modo que elas fiquem perto da necessidade dos alunos e atender as dificuldades que o mesmo apresenta.

Fundamenta-se a importância que o professor reflita sobre as causas do fracasso escolar não para se culpar, mas para se responsabilizar. Responsabilizar-se significa abraçar a causa e procurar alternativas para solucionar o problema.

Procura-se compreender como ocorre o conhecimento, os que interferem na aprendizagem, seus diferentes estágios, e as diferentes teorias que podem transformar o trabalho do professor em processo científico e assim ele percorrerá o caminho prática- teoria- prática.

Recomenda-se que o professor, em conjunto com a equipe da escola e a intervenção do psicopedagogo, reflita sobre a estrutura curricularque está sendo oferecida e a compatibilidade deste com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno com transtorno de déficit de atenção, afinal para a psicopedagogia a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas. Para Vigotsky (1993, p. 33):Todos os seres humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.

Avalia-se o enfoquepsicopedagógico da dificuldade de aprendizagem em crianças com déficit de atenção compreende os processos de desenvolvimento e os caminhos da aprendizagem, entende-se o aluno de maneira interdisciplinar, busca-se apoio em várias áreas do conhecimento e analisa-se aprendizagemno contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico.

Observa-se o papel do professor, com uma visão psicopedagógica, ser um investigador dos processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o problema de aprendizagem leve a um fracasso escolar.

[...] Não pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento. Ao falarde jogo, não estou fazendo referências a um ato, nem a um produto, mas a um processo . Estou me referindo a esse lugar e tempo que Winnicott chama espaço transicional, de confiança, de criatividade. Transicional entre o crer e o não crer , entre o dentro e o fora. O espaço de aprendizagem "não pode ser situado na realidade psíquica interior do indivíduo , porque não é um sonho pessoal: além disso forma parte da realidade compartilhada. Tampouco se pode pensá-la ( a área da experiência cultural), unicamente em função de relações exteriores, porque acha-se dominada pelo sonho. Nesta entram ... o jogo e o sentido do humor. Nesta área todo bom intelecto está em seu elemento de prosperar. (Fernandez,1991 p.165)

A citação acima preocupa-se com o principal objeto de intervenção, que é o próprio jogo, na qual para o psicopedagogo interessa os procedimentos , ou seja, os meios, que o jogador utiliza e constrói. Possibilita uma aproximação ao mundo mental da criança que sofre de desatenção facilitando-a suas ações no decorrer de suas ações ou jogadas. O jogo possibilita que a dimensão simbólica da criança se manifeste em fazer o que pode ser partilhado com o outro, resignificado e transformado.

Segundo Piaget (1976), uma ação não é necessariamente lúdica ou adaptativa na sua origem. Qualquer ação pode ser transformada em jogo este é movido pelo desejo de experenciar prazer e poder. Em crianças com TDA do tipo desatento deve-se observar como a criança planeja a jogada, se ela fica no mundo da lua, como se diz popularmente é necessário traze-la de volta para a jogada seguinte.

Através de jogos, é possível trabalhar a afetividade e o social, desenvolvendo assim a criatividade na criança que sofre desse distúrbio. O TDA é considerado o distúrbio infantil mais comum e é tido como a principal causa de fracasso escolar, utiliza-se o jogo, com a finalidade de facilitar os exercícios escolares. Para Chateu o jogo é apenas um substituto do trabalho, é por meio deste que a escola deve desembocar na vida, o jogo na escola deve ser visto como um encaminhamento ao trabalho, uma ponte entre infância e a vida adulta.

Para Piaget (1976), o jogo na escola tem importância quando revestido de seu significado funcional, ou seja, é preciso, uma coerência entre assimilação e acomodação. Ambos os autores correlacionam o jogo para uma utilização em contextos escolares como situações psicopedagógicas.

Para Alicia Fernandes(2001) não pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento. O jogo é um processo que ocorre no espaço transicional, de confiança, de criatividade. É o único onde se pode aprender. Através do jogo a criança expressa agressão, adquire experiência, controla ansiedade, estabelece contatos sociais como integração da personalidade e prazer.

Denomina-se atuação psicopedagógica as estratégias que visam à recuperação, por parte das crianças, de conteúdos escolares avaliados como deficitários procedimentos de orientação de estudos e atividades como brincadeiras, jogos de regras e dramatizações realizadas na escola e fora dela, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos e o desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem.

Refere-se às intervenções que têm como objetivo repassar os conteúdos escolares e os hábitos de aprendizagem, tendo como hipótese que, sanando as deficiências nestes aspectos, transcorrerá sem nenhum problema. Trata-se de preencher lacunas no nível dos conteúdos escolares, o que pode ser muito útil para a criança, se a razão de seu mau desempenho for de ordem pedagógica. A última atividade psicopedagógica deve-se realizar com quaisquer crianças, pois seu objetivo é auxiliar o processo de desenvolvimento do pensamento e afetividade, trata-se de atividades de natureza psicológica, as quais poderão ser utilizadas em sala de aula ou fora dela para ajudar o desempenho pedagógico das crianças, com ou sem transtorno de Déficit de Atenção.


Autor: Barbara Nice


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