SOB SUSPEITA
Ela metida naquele traje ridículo, usava um coque para lá de esquisito, com um redinha preta, não menos feia e que, em nada combinava com ela. Mas Marisa era feliz daquele jeito,então para não desagrada-la eu ficava mudo e, ela sorria. Um sorriso flácido e que eu acompanhava até o aeroporto. Nos despedíamos com um demorado beijo, ela gracejava que, daquele jeito eu fazia borrar sua maquilagem, eu pouco ligava para o batom, o que me atraia era a polpa de seus lábios e o calor de seu corpo esguio. Ah, daria tudo para te-la comigo, mais uma noite, por uma vida inteira. Mas o destino de Marisa estava escrito, assim como o meu.
Confesso que nunca fui muito esforçado, ela trabalhava e eu cuidava, com muito custo, da casa. Passava café, lavava roupa e fazia o jantar, também, nos intervalos enchia a cara. Metade do dia passava embebido em álcool, noutra me dividia entre as tarefas e a ressaca. Marisa não falava, mas sabia. Como não reconhecer o cheiro na boca, as garrafas vazias esquecidas ao lado do sofá?
Marisa nunca me repreendeu, apenas, algumas vezes, suplicou com seu olhar de anjo: “Amor, pára!”, desejo esse que não pude atender, então fui me afundando cada vez mais. Bebida.Comida.Bebida.Marisa.Bebida.Bebida.Marisa.Marisa.
Autor: Cláudia Curcio
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