Os Novos Paradigmas da Inclusão



Na atualidade brasileira, a educação vem rompendo barreiras, derrubando antigos paradigmas e formulando novos conceitos do que é educar e qual sua finalidade.

É em meio a este contexto social que definimos o que é a inclusão de alunos especiais e qual o seu objetivo. A inclusão de crianças e adolescente com necessidades especiais, nas escolas regulares, é recente e gera muitas dúvidas, o que torna o tema polêmico e questionador.

A primeira pergunta que nos fazemos é quem são os incluídos?

Para se obter uma resposta coerente temos que analisar algumas partes da historia da educação especial.

Citamos Beyer, 2005, pág 17:

(...) para encurtar, na historia da educação formal ou escolar, nunca houve uma escola que recebesse todas as crianças, sem exceção alguma. As escolas sempre se serviram de algum tipo de seleção. Todaselas foram, cada uma à sua maneira, escolas especiais, isto é, escolas para crianças selecionadas. As escolas de filosofia da Antiguidade, os mosteiros da Idade Média, as escolas burguesas da Renascença – todas foramescolas especiais para crianças especiais, selecionadas. Neste sentido,também hoje as melhores escolas particulares em nosso pais são escolas especiais, que acolhem não todas as crianças, porém, apenas algumas delas.

Em visto disto, pode-se dizer que incluir tem muitos conceitos, mas nos detemos aqui apenas na inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais.

As escolas ditas "especiais" acolhem crianças com necessidades especiais como forma de terapia, recebendo acompanhamento médico e pedagógico. Assim associou-se a medicina a educação, tendo esta um papel diferencial, muito mais terapêutica do que como procedimento educativo.

Com a obrigatoriedade, gratuidade, igualdade e permanência, do aluno na escola regular, é inevitável e irracional que a instituição escolar feche suas portas para este novo desafio, que é a inclusão de alunos com necessidades especiais. A escola inclusiva tem se preparado para atender uma diversidade maior com outras características, tendo que se adaptar com metodologias diferencias. Essas mudanças tem acontecido em função de idéias voltadas para a valorização do ser humano enquanto pessoa, com direitos iguais, sem distinção ou preconceito. Neste sentido a escola inclusiva deve estar aberta para todos, independente de suas condições sociais, intelectuais ou físicas.

Mas ao que parece, toda nova mudança apresenta muitos questionamentos, muitos medos, inseguranças, tentativas de acertos e falhas. Estas dificuldades necessitam ser eliminadas para dar lugar a uma educação de qualidade, não somente democrática e inclusiva.

As instituições escolares ainda estão se adaptando para o recebimento dos alunos com necessidades especiais. Há dúvidas e incertezas gerando angustia e medo em muitos professores que se sentem incapacitados para atenderem estes alunos. A realidade é que existem poucos profissionais capacitados para a demanda de alunos com necessidades especiais. Ainda existem muitas contradições e ambigüidades que permeiam esta modalidade de educação, posso me referir à modalidade de educação, porque é assim que a LDB institui a educação especial.

Outra dúvida que gera questionamentos entre os profissionais da educação e das áreas da saúde: quem seriam os portadores de necessidades especiais? A Lei de Diretrizes e Bases não especifica quem seriam esses educandos. Mas buscando outras fontes, observar-se que grande parte dos teóricos educacionais acreditam que não se enquadram na modalidade de educação especial os alunos que apresentam distúrbios de aprendizagem (dislalia, dislexia, discalculia, transtorno de défit de atenção, hiperativiade e outros relacionados a cognição e afetividade). Pois estes são passageiros, em alguns casos e não necessitam de mudanças mais acentuadas no currículo escolar e no plano político pedagógico da instituição educadora.

A LDB, prevê que quando necessário haverá serviços de apoio especializado para atender ao educando com necessidades especiais. E nos perguntamos, quando é necessário ter um apoio especializado? Qual a escola pública do RS que dispões de profissionais capacitados ou especializados para trabalhar com esta nova modalidade de ensino? Qual o professor que se sente preparado para receber um aluno com paralisia cerebral, com surdez, ou que não enxerga?

Ainda são recentes as mudanças educacionais no Brasil, e em especial a busca pela qualidade da educação e a implantação de novas modalidades de ensino, por isso, não podemos nos exceder nas criticas contra os sistemas federal, estadual e municipal de ensino. Acreditamos que a educação inclusiva é muito mais do que apenas transferir os alunos de escolas especiais para as escolas regulares, como um depósito, ou uma forma de o poder público livrar-se de gastos extras, aglutinando funções e levantando a bandeira de liberdade e democracia.

Sabemos que estamos apenas no inicio de uma longa caminhada pela busca da excelência da educação no Brasil. Uma delas é a educação especial que deve dar um novo rumo para a sociedade, trazendo para a economia, a cultura, a política, a ciência e a tecnologia um novo paradigma de educação, derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democrática de valorização humana.

Segundo Carvalho 2003, p. 149:

A proposta da educação inclusiva não representa um fim em si mesma, como se, estabelecidas certas diretrizes organizacionais, a escola melhorasse, num passe de mágica. Muito mais do que isso, pretende-se, a partir da analise de como tem funcionado o nosso sistema educacional, identificar as barreiras existentes para a aprendizagem dos alunos, com vista às providencias políticas, técnicas e administrativas que permitam enfrentá-las e removê-las. Pretende-se identificar processos que aumentem a participação de todos os alunos reduzindo-lhes a exclusão na escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem, além do desenvolvimento de sua auto-estima.

O objetivo principal da educação inclusiva é reduzir ao mínimo a exclusão social através da escola. Mas ao mesmo tempo em que a escola é apaziguadora das diferenças de preconceitos sociais, ela também é de certa forma, disseminadora destes preconceitos. A avaliação escolar é uma forma de rotular e diferenciar os capazes e os incapazes. Isso numa turma de alunos mais ou menos homogênea. Imaginamos agora, uma turma de alunos com dois educandos portadores de necessidades especiais, que possivelmente, terão resultados diferenciados no seu crescimento cognitivo. Como agir diante desta situação, já que a avaliação escolar formativa ou somativa, ainda é a única forma de verificar o rendimento da aprendizagem do aluno, durante um certo período letivo.

Em vista disto, reconhece-se que há muito a ser discutido, analisado, testado e implantado, para que a educação especial e a melhoria da qualidade da educação no Brasil sejam alcançadas. Como educadores conscientes da nossa importância na melhoria da qualidade do ensino, precisamos acreditar na longa caminhada. Se olharmos para trás, veremos as melhoras e as conquistas que o nosso país tem alcançado nas últimas décadas. Isso não significa conformismo e sim esperança para continuar.

Bibliografia:

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. Ed.Mediação,Porto Alegres, 2003

BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996


Autor: Adriane Masiero


Artigos Relacionados


A Função Da Escola E Da Educação

Organização Da Educação

Psicologia E Educação

Educação Física Escolar

Educação Especial Na Perspectiva Historica, Social E Psicologica

Fantasma Da Corrupção

Educação Especial: Inclusão, Integração E Respeito