Como caracterizar as relações de trabalho no Brasil?



No Brasil, as relações de trabalho tem se caracterizado ao longo dos anos por forte apego as necessidades emergenciais. Assim como em outras nações do mundo, o que tem garantido no Brasil a manutenção das relações trabalhistas, são os interesses mútuos. O trabalhador vende sua força de trabalho em troca de uma remuneração que possa garantir-lhe o sustento e de seus dependentes, enquanto o empregador ganha com os lucros auferidos a partir da força de trabalho de seu empregado. Salário e mais-valia determinam e garantem juntos hoje a manutenção das relações de trabalho no Brasil e no mundo.

 

A mais-valia é visivelmente interessante ao empregador, mas enquanto ao salário do trabalhador seria este realmente suficiente para garanti-lhe qualidade de vida? Muitos dizem que não! Mesmo assim, muitos outros estão à procura de trabalho e, muitos também são aqueles que realizam atividades que nada tem haver como sua formação ou perfil profissional, visando unicamente um salário ao fim de cada mês. Há, pois, uma natureza contraditória compondo o espaço e às relações de trabalho no Brasil.

 

Objeto dos desejos de muitos desempregados, endividados e famintos do Brasil, ele é a singular e integra alternativa para uma vida melhor: ter um emprego no Brasil é no mínimo garantia de comida no prato, mesmo que esta não seja de qualidade; é garantia de teto, mesmo que este não seja patrimônio daquele que nele habite. Por isso, muitos são os que dizem: “ter um trabalho hoje, em dias tão difíceis e/ou competitivos como os nossos, é poder considerar-se um privilegiado em meio a uma multidão de excluídos, marginalizados e renegados sociais”.

 

 Mas, poderia mesmo o trabalhador considerar-se um privilegiado pelo simples fato de ter ele um bem (trabalho, salário), que muitos outros não possuem? Claro que não! Porque cedo ou tarde poderá ele estar também compondo os números daqueles outrora denominados excluídos e renegados sociais. Paradoxalmente, o mesmo trabalho que determina garantias, não se faz sentir garantido! No mundo moderno e globalizado nada estar garantido!Tudo é mutável e contraditório.

 

E é graças é esta mutabilidade e contrariedade típica do mundo moderno, que muitos brasileiros tem se submetido a jornadas de trabalho exaustivas, salário irrisório, pressão, exploração; afinal não há outra alternativa senão suportar! É suportando a tudo e a todos que muitos brasileiros, têm garantido hoje à sobrevivência. Nas fábricas, olarias, construções, fazendas, empresas privadas, haverá sempre um trabalhador a suportar pressões e humilhações; haverá sempre um ou outro trabalhador a se submeter a situações abusivas, extremas e degradantes. É essa a realidade do trabalho em nosso país, é este o retrato das relações de trabalho existentes em muitos ambientes no Brasil.

 

Em nações como o Brasil são, portanto, raríssimos os casos de profissionais que atuam em áreas condizentes com sua formação, mas raro ainda são àqueles que realizam trabalho por apreço ou prazer; não porque sejam os brasileiros profissionais relaxados, incompetentes ou preguiçosos, mas por uma questão de necessidade emergencial. São as necessidades emergenciais, que fazem com que o trabalhador se submeta as mais dificies ou cruéis formas de trabalho. Tudo em nome da sobrevivência.

 

Caracterizar, portanto, o trabalho no Brasil é descrevê-lo como sendo um objeto de apreço de poucos, submissão de muitos e desejos de tantos outros.


Autor: leideane valadares


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