A tarde na Av. paulista



Numa tarde escura e fria de inverno caminho pela avenida paulista sem nada para fazer. Mão no bolso ligo meu walk-mam e ouço a ultima do barão vermelho. olho a paisagem poluída, pessoas passando umas pelas outras sem se cumprimentar. vou levando meu corpo nesta calçada fria. meu pensamento voando ao sabor do balanço da musica. vejo as cenas de rua, mas em minha mente sinto o calor do nordeste e o vento forte batendo em meu rosto. as lembranças voam de volta a um passado que gostaria que nunca tivesse acabado, mas nada é permanente, tudo passa. estou perdido no meio da multidão, vivendo esta loucura. Todos os meus sonhos tragados por essa engrenagem tamanho gigante, engolindo gente sem pedir licença. Minha única vontade é ir embora, cair fora, sei que o sertão vai virar mar e a terra da garoa está virando deserto. Aprofundo-me em meus pensamentos, alguém bate no meu ombro, viro-me e dou de cara com uma senhora de aparência européia, com cabelos tingidos, cores não definidas, que me pergunta: aonde fica o Hospital das Clinicas? Explico-lhe como deve chegar lá. Continuo a andar pela calçada fria da Paulista, refazendo minha vida em busca de um sentido para eu estar aqui neste caldeirão infernal. Estou chegando à pensão onde moro e a única coisa que quero é me deitar, pensar na minha terra e saber se um dia voltarei a viver os sonhos que foram arrancados de mim sem me perguntarem se podiam.


Autor: osmar bispo


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