A Sociedade Capitalista e a Representação Feminina na Obra Germinal de Émile Zola



A Sociedade capitalista e a representação feminina na obra Germinal de Émile Zola

A história é escrita por Émile Zola, que para contá-la foi trabalhar em umamina de carvão na França, e descreve uma greve muito sangrenta, que praticamente marca o início do movimento operário. Começa com Etienne que chega à mina a procurar emprego e conhece Boa Morte, assim chamado devido a inúmeras vezes em que sobreviveu a acidentes na mina. Etienne fica muito amigo da família de Maheu, onde praticamente todos trabalham na mina com exceção das crianças menores e a mãe que precisa cuidar delas. Ele passa a se interessar pela filha mais velha, Catarina, de 15 anos, mas ela já namora Chaval, um sujeito estúpido e arrogante de gestos animalescos, porém, nem despertou a mocidade, ainda criança, mesmo assim ao ver o sofrimento da família ela decide morar com Chaval, e é por causo dos ciúmes que Catarina é espancada e violentada freqüentemente pelo seu parceiro. Foi um duro golpe para Maheu, tanto para o sustento, como psicológico que sofre ao ver sua filha desonrada e ter perdido um filho, e como na maioria das famílias da região, quanto mais gente para trabalhar mais dinheiro para comprar o pão, pois os salários eram miseráveis. As condições de trabalho na mina eram desumanas, sendo uma aventura diária ter de descer às suas profundezas. Etienne descobre como é tão árdua a vida nas minas e com tamanha miséria leva as mulheres a si prostituírem por um punhado de alimentos; e com os ideais da revolução ele começa a incitar os operários a fazerem uma greve, e para isto decidem fazer um fundo de reserva, para não passarem fome durante o período da greve. Acontece que este dinheiro arrecadado logo acaba e com os patrões a ameaçar demitir a todos se não retornarem ao trabalho irão trazer outros trabalhadores para lá, alguns grevistas começam a querer retornar ao trabalho para não passarem fome, criando uma situação mais densa ainda.

A miséria e a indigência servem para mostrar a sociedade como a vida da família era árdua. Maheu e, o estrangeiro, Etienne trabalhavam todos os dias. Eles, e mais setecentos mineiros, pegam o elevador precário improvisado na mina e vão para seiscentos metros abaixo do solo e lá ficam a trabalhar e a morrer. Enfim, é uma condição subumana ir àqueles tonéis infernais. A greve organizada pelos trabalhadores das minas é violenta tanto que houve exagero na revolução, já que as greves francesas no período retratado pelo livro raramente descambavam para violência extrema. Zola foi até acusado de reproduzir a ideologia burguesa em que as elites francesas tinham dos operários: um bando de ensandecidos que só queriam barbarizar geral.

Os operários trabalhavam por produção, no qual para a época foi um plano bem elaborado das elites capitalistas, porque sendo o trabalhador pago pela quantidade de carvão que apresenta ao fim do dia e não pelo tempo que passou a trabalhar, ele é muito mais explorado. Cada operário com seu grupo ficava com a idéia fixa de obter a maior quantidade possível de carvão, custe o que custasse. Os capitalistas, burgueses, passaram a usar a ideologia para combater a greve usando o suborno e promoções, isto é, cargos de chefia para conquistas aqueles que possam articulá-las em favor deles.

Na obra, o autor explicita que as mulheres para conseguirem comida, tinham que manter relações com o proprietário do armazém. E quando a greve se inicia, elas invadem o armazém para saqueá-lo. O dono se esconde num telhado, no entanto cai e com tamanha fúria e revolta elas, no ato de barbárie, mata-o sem nenhum remorso. A insatisfação pelas condições e a penúria são tão extremas que impulsionam os grevistas a inlucidez e a revolta. Em que "as mulheres é que, sobretudo, se exaltavam; a mulher do Maheu fora de si, com a vertigem da fome (...)" (ZOLA, 1996. p. 251) é a que mais impressiona pela sua garra e determinação em querer mudar àquela situação subumana e degradante. O que vem a ser uma brutalidade? Acusar de crueldade as que lutam quando seus filhos passam necessidade? Porque se a família perece, elas perecem também.

Um personagem intrigante é um russo, que é o mecânico das minas em que pensa que a história só pode ser mudada pelo sangue e pela destruição, e que somente assim poderá surgir uma nova sociedade.

Etienne espanta-se com o processo de produtividade, com as precariedades das condições de trabalho, miséria e exploração sentindo que o trabalho dos amigos mineiros sob a terra, em mais um dia de expediente destruiria suas vidas. Ele sente que daquela mesma profundeza irá surgir a revolução que derrubará a sociedade burguesa. "Surgiam homens; um exército negro, vingador, que germinava lentamente nos sulcos da terra, nascendo para as colheitas do século, e cuja germinação não tardaria a fazer rebentar a terra." (ZOLA, 1996. p. 448).

O livro "Germinal", nos traz à lume a situação de penúria em que se encontravam os mineradores; as relações entre os carvoeiros e a tecnologia e os animais; entre os burgueses e operários; as greves e o surgimento do sindicalismo; as necessidades humanas são ignoradas em virtude das necessidades materiais.


Autor: Ronye Márcio Cruz de Santana


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