AS NOVAS TECNOLOGIAS A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO



INTRODUÇÃO

O tema do presente artigo são As Novas tecnologias a Serviço da educação, que abordará as propostas do ensino a distância, seus prós e contras e sua aplicabilidade no contexto nacional.

Tem por finalidade esclarecer, informar e desmistificar sofismas relacionados ao assunto, objetivando facilitar o entendimento e as relações com esta nova proposta de modalidade de ensino.

Os principais pontos abordados serão:

  • A Educação à distância;
  • Ensino e Aprendizagem via WEB;
  • Profissionais atuantes no processo;
  • Realidade Brasileira;
  • Considerações finais.

MÉTODOS

Para compor o presente trabalho foram utilizadas novas metodologias tecnológicas aplicadas no ensino à distância, são elas:

  • Acesso a Ambientes Virtuais;
  • Pesquisas e Consultas via WEB;
  • Comunicação Síncrona e Assíncrona na coleta de informações;
  • Ferramentas e programas utilizados a serviço da Educação a Distância.

DESENVOLVIMENTO

Entendendo a EAD

 
A sociedade atual constitui-se em uma nova fase da história humana em que as tecnologias da informação e da comunicação estão penetrando com profundidade e velocidade provocando rápidas transformações nas relações humanas. A revolução tecnológica e os avanços dos conhecimentos nas sociedades de consumo de nossos dias inserem-se num contexto sócio-econômico que inclui uma lógica de exclusão e inclusão.

O acesso à informação e ao conhecimento tem-se tornado determinante para que as pessoas possam participar e compreender o mundo em transformação, para que não se sintam excluídas nesse novo cenário, universo complexo composto de redes de conhecimento de novas tecnologias, de novas formas de empregabilidade, de aproximação geográfica, mas, muitas vezes de distanciamento físico, de novos paradigmas de entendimento e de ação numa realidade em reconstrução. Todos precisam aprender e reaprender. Todos precisam ser aprendentes, aprenderem a aprender. Dessa perspectiva nasce a necessidade de uma educação ao longo da vida que o acompanhe de forma contínua à velocidade da informação e das transformações tecnológicas e que capacite de forma contextualizada os indivíduos para as necessidades que, operativamente, vão surgindo nesta sociedade diversa, plural e complexa.

A principal particularidade da educação on-line é a de estar situada num ambiente

digitalizado, que confere algumas características pedagógicas e comunicativas diferenciadas das demais modalidades em educação. Sendo a educação a distância uma prática marcada pela separação física entre docentes e discentes, ela pressupõe uma forma de aprendizagem aberta e uma maior autonomia do sujeito em relação ao seu processo de construção do conhecimento.

A educação mediada pela Internet amplia esses conceitos e abre possibilidades para a elaboração coletiva do saber, para as trocas instantâneas de comunicação, para o acesso ilimitado às fontes de informação e, principalmente, para relações em redes, para as lógicas não-hierárquicas e não lineares.

E são exatamente essas lógicas que caracterizam o pensamento e a sociedade

Contemporânea, apontando caminhos para as novas formas de ensinar e aprender.

Atualmente, o professor não cabe mais no figurino de detentor do saber e única fonte de informação, nem é possível visualizar futuramente uma educação que siga um currículo linear e previsível como é praticada. Isso vale tanto para a educação presencial, como para os modelos à distância ou híbridos. Especialmente a educação on-line tem à sua disposição os recursos para promover ainda mais o estudo modular, por áreas de interesse e mediada por trocas de saberes entre iguais.

Dessa maneira, a educação mediada pelas novas tecnologias de informação e comunicação abre caminho para uma renovação de valores e métodos educacionais que podem resolver questões tanto da educação presencial, como da educação à distância, como maior acesso, mais interatividade, flexibilidade, continuidade, dentre outras.

A educação on-line possibilita, além das comunicações assíncronas - como correio-

eletrônico, fóruns e listas de discussão – as trocas síncronas – através de chats, por exemplo. O usuário tem a seu dispor cursos elaborados em todas as partes do país e do mundo, e os acessa na hora de sua conveniência. Além disso, os ambientes visualmente envolventes e dinâmicos mobilizam a atenção e estimulam a aprendizagem. A educação on-line caracteriza-se, assim, além da interatividade, por uma grande agilidade e sedução, dentro de uma sociedade que vê na tecnologia um atrativo e uma necessidade.

Ensino e Aprendizagem via WEB

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que cada vez mais impõem sua

presença em no cotidiano atual, apresentam a possibilidade de um novo paradigma de eficiência para o desenvolvimento da educação em Web. A conexão instantânea estabelecida pela Internet não conhece limites geográficos; ela aproxima discentes e docentes no tempo e no espaço, possibilitando, assim, um acompanhamento mais cuidadoso no desenvolvimento da aprendizagem.

As possibilidades dessas tecnologias, as ferramentas dentro delas desenvolvidas, são usadas, em maior ou menor grau, dependendo dos objetivos educacionais de cada curso e das abordagens pedagógicas adotadas a partir desses objetivos.

O professor organiza o materialda forma que entende ser a mais apropriada para que o aluno desencadeie suas idéias sozinhas.Esse material será disponibilizado na Internet (como era transmitido através do rádio e da televisão) ou enviado por e-mail (ganhando uma eficiência desconhecida ao serviço tradicional dos correios).

Esse material será disponibilizado na Internet (como era transmitido através do rádio e da televisão) ou enviado por e-mail (ganhando uma eficiência desconhecida ao serviço tradicional dos correios).

A dinâmica estabelecida na abordagem chamada "virtualização da escola" é a forma de reproduzir, com o auxilio de recursos telemáticos, a interação entre aluno e professor na sala de aula tradicional. Nessa dinâmica, o professor envia pela Internet o conteúdo ao aluno que estuda e devolve, sob forma de avaliação, mostrando o que aprendeu. Para o professor não há garantias de que as informações que está transmitindo estão sendo apreendidas e internalizadas pelo estudante, o que também pode acontecer no espaço físico da escola.

A denominação "estar junto virtual", apesar de um paradoxo, enfatiza o maior potencial das TICs: oferecer a possibilidade de unir indivíduos, em tempo real, recriando virtualmente a dinâmica de um espaço físico. Mas para Maria Elisabeth Bianconcini de Almeida (2003) ressalta que "(...) não basta colocar os alunos em ambientes digitais para que ocorram interações significativas, nem tampouco se pode admitir que o acesso a hipertextos e recursos multimidiáticos dê conta da complexidade dos processos educacionais."

É preciso, portanto, que se adotem estratégias pedagógicas para estimular o aluno a

aprender e incentivá-lo a desfrutar das possibilidades oferecidas pela tecnologia no ambiente da educação. Valente explica que para criar situações que possibilitem a construção do conhecimento, é necessário o acompanhamento constante do aluno no sentido de conhecer o que ele está fazendo e lhe propor desafios.

Com relação a essa abordagem, Valente faz ainda uma ressalva importante: "(...) essa

abordagem implica em mudanças profundas no processo educacional. Mesmo a educação presencial ainda não foi capaz de implementar essas mudanças." (200?).

José Manuel Moran (200?), aponta três modelos de cursos encontrados nos ambientes

da Web. Apesar de também construir suas categorias baseando-se no grau de interação, Moran analisa as iniciativas de educação em Web a partir de um nível mínimo de troca entre alunos e professores (diferentemente, portanto, da abordagem broadcast tal como proposta por Valente).

1. Cursos focados no conteúdo. São cursos que trazem o conteúdo pronto, com pouca

interação via e-mail, listas ou fórum;

2. Cursos que equilibram conteúdo e interação. Nesses cursos, parte do conteúdo está

pronta a priori e parte é construída ao longo do processo. O conteúdo fica disponível on-line, e depois são desenvolvidas atividades de pesquisa e comunicação com os alunos, tomando aproximadamente 50% do tempo do curso;

3. Cursos que focam mais a interação que o conteúdo. Nesses, há um forte estímulo à

formação de comunidades de aprendizagem, onde a interação constante entre os alunos favorece a construção coletiva do conhecimento.

Tanto Moran (2003) quanto Valente chamam a atenção para o fato de que os

cursos focados na interação e no "estar junto" pedem turmas menores, para que a comunicação entre os participantes e o acompanhamento do processo pelo professor ocorram melhor e mais facilmente.

Mesmo assim, José Armando Valenteé categórico em defendê-la: "(...) essa

abordagem implementa uma solução educacional de alta qualidade, permitindo a preparação de cidadãos aptos a participarem da sociedade do conhecimento".

 Profissionais atuantes no processo


A natureza dos ambientes virtuais, onde novas formas de relacionamento e de

aprendizagem ainda estão se construindo é, mais uma vez, determinante: desta vez, ao designar os profissionais envolvidos. Christina Marília Teixeira da Silva e Ligia Silva Leite [2000] defendem a idéia de que um curso deve ser planejado e desenvolvido por um grupo interdisciplinar por conta da complexidade envolvida tanto nos processos educativos, quanto nos tecnológicos.

Assim, profissionais de áreas de educação, design e tecnologia se unem para gerir os

cursos, trocando conhecimento e desenvolvendo novas competências. A maioria das pessoas que têm pensado essa forma de fazer educação insiste em dizer que, para desenvolver, organizar, ensinar e gerenciar um curso on-line, os profissionais encarregados devem ter vivido a experiência de ser um aluno on-line. Dessa forma, ele estará familiarizado com a dinâmica do ambiente, seus espaços, suas possibilidades, suas falhas, as vantagens que oferece e as precauções a serem tomadas. É necessário, portanto, que eles possuam alguma intimidade com a tecnologia ou, pelo menos, a vontade de desenvolvê-la. Perrenoud (2000, p.11) citando Meirieu (1989) afirma que:

... são exigidas desses novos profissionais do ensino: comunicabilidade, criatividade,

familiaridade com as tecnologias de informação e comunicação, prática reflexiva, profissionalização, trabalho em equipe e por projetos, autonomia e responsabilidade crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre os dispositivos e sobre as

situações de aprendizagem, sensibilidade à relação com o saber e com a lei.

Alguns desses profissionais são velhos conhecidos do cenário educacional, outros são pioneiros de profissões inteiramente novas, surgidas da necessidade de uma nova abordagem advinda das possibilidades oferecidas na educação on-line:

Desenvolvimento/ Produção de cursos o Coordenador Pedagógico de Desenvolvimento Responsável pelo contato direto com o cliente, é o principal interlocutor das equipes envolvidas no desenvolvimento de um curso. É ele quem busca os requerimentos quanto ao conteúdo, mapeando o perfil do público-alvo e elaborando a proposta técnica. Suas tarefas são:

• Levantamento de necessidades junto ao cliente;

• Análise;

• Desenvolvimento do projeto – escopo e objetivos do curso;

• Cronograma;

• Organização de temas;

• Elaboração de mapa conceitual do conteúdo;

• Gerenciamento das equipes.

• Conteudista

O conteudista é o especialista no assunto que será abordado num curso. É ele quem define os temas e sub-temas a serem trabalhados; organiza as informações em aulas, módulos e tópicos; elabora o conteúdo que será colocado no meio Web, incluindo: bibliografias, referências, artigos relacionados, imagens, gráficos etc.; planeja as atividades e as avaliações que serão feitas pelos alunos.

Por conta do processo especifico de elaboração de materiais para Web, ele deve, ainda, preocupar-se com a aplicação prática de conceitos, fornecendo exemplos concretos de modo a que os demais profissionais envolvidos no processo (designer instrucional e designer) possam criar formas atraentes de trabalhá-los. Sendo o conteudista o especialista no assunto, é sua responsabilidade também validar o trabalho desenvolvido por esses profissionais.

O Designer Instrucional. Esse profissional é o responsável por colocar o conteúdo educacional na metodologia de cursos on-line. É ele quem especifica as estratégias pedagógicas e os recursos que serão adotados, garantindo aprendizagem do conteúdo proposto.

Em geral, suas principais atividades são:

• Criação do mapa de navegação;

• Elaboração do storyboard - roteiro de todas as telas e documentação para a equipe de

design e para o cliente, descrevendo todas as idéias a respeito do projeto de identidade visual, das imagens, animações e padrões de interações;

• Definição dos recursos a serem adotados - vídeo, CD-ROM, acesso pela Web, biblioteca digital, textos etc;

• Criação de enredo, quando necessário;

• Definição de animações e ilustrações a serem incluídas no curso;

• Interações - perguntas, situações-problema etc, que despertem a curiosidade do aluno

para os assuntos abordados e propiciem o encadeamento dos objetivos específicos do curso;

• Estabelecimento dos links para buscas aprofundadas de informação relacionada ao conteúdo proposto;

• Interação permanente com os designers para explicar como deve se dar o desenvolvimento do curso e "interpretar" o storyboard;

• Validação, junto ao conteudista e ao cliente, do curso desenvolvido, analisando e implementado os ajustes que se fizerem necessários;

• Acompanhamento do desenvolvimento do conteúdo a ser trabalhado pelos designers e programadores, bem como da navegação;

• Revisão do conteúdo e da navegação em sua forma final.

Designer. O designer é o responsável pela identidade visual do curso e por todos os recursos gráficos.

Seu trabalho é desenvolvido a partir do storyboard do designer instrucional, onde estão incluídas todas as instruções necessárias para a criação de imagens, ilustrações e animações.

A interação desse profissional com o designer instrucional é fundamental, pois embora a estética seja sempre importante, e em cursos on-line não é diferente, o que norteia esse trabalho é a definição do conceito, do procedimento, do convite à compreensão, ao diálogo, entre outras coisas. Nesses cursos, a imagem não deve ser simplesmente um "enfeite", mas vir carregada de significados em relação ao tema trabalhado. E, assim como o texto, cumprir o papel de interlocutor do aluno.

• Programador. Profissional que implementa o projeto do curso, utilizando para isso ferramentas de software adequadas, tais como: linguagens de programação, sistemas de banco de dados e ambientespara desenvolvimento Web. Ele geralmente trabalha com o designer, viabilizando suas criações.

• Coordenador Pedagógico. O objetivo do trabalho de um coordenador pedagógico on-line é o mesmo do seu trabalho no ensino presencial: acompanhar o processo de implementação e oferta do curso (relacionamento entre professor/aluno; aluno/aluno; desenvoltura entre participantes, eficiência do material didático etc), observando o que está ou não funcionando e propor mudanças se for o caso.

Ele deve estar sempre atento ao trabalho do tutor, verificando de que forma está gerenciando as atividades, as avaliações e a freqüência dos alunos.

• Tutor. A função de um tutor on-line vai além dos modelos tradicionais de educação, aproximando-se da postura exigida pelas novas metodologias de ensino como o construtivismo e o sócio-colaboracionismo.

Seu trabalho é o de guiar o aluno através do conteúdo, orientá-lo, gerar discussões, proporcionar desafios e reflexões, oferecer caminhos novos, estimulá-lo e motivá-lo durante todo o processo. O tutor pode ter uma equipe que o auxilie nas questões gerenciais como contatos com alunos, registros de freqüência, notas etc. No entanto, a quantidade de alunos a atender e a natureza do curso são variáveis que podem definir se o tutor terá ou não uma equipe que o auxilie em outras tarefas. O fato é que se estiver trabalhando sozinho, o tutor precisará de uma disponibilidade de tempo muito maior que a de um professor tradicional. O acesso freqüente do professor ao curso é importante e deve acontecer pelo menos uma vez ao dia. Como será abordado posteriormente, a falta de acompanhamento do tutor pode gerar no aluno falta de motivação e sentimento de abandono.

É importante mencionar que alguns autores diferenciam as figuras de professor e tutor, dando ao primeiro o status de articulador das informações e auxiliar no processo de aprendizagem, enquanto o segundo ficaria somente com algumas atividades gerenciais necessárias a educação on-line. A título de esclarecimento, neste trabalho, estamos chamando de tutor, o profissional que acumula essas duas (e mais algumas outras) funções.

O tutor pode, ou não, atuar como conteudista já que, de qualquer forma, ele deve ser alguém que domina profundamente o conteúdo. No entanto, para ser tutor on-line, o conteudista deve desenvolver habilidades especificas intrínsecas aos ambientes de aprendizagem.

Sendo o trabalho do tutor o tema deste curso, é evidente que alguns parágrafos não encerram sua complexidade. A próxima unidade será inteiramente sobre isso.

• Suporte Técnico. O suporte técnico é o responsável por garantir a infra-estrutura do curso, mantê-lo em funcionamento e também responder dúvidas, resolver problemas técnicos e ajudar o aluno a utilizar melhor os recursos disponíveis. Para isso, deve conhecer bem o ambiente do curso e estar a par dos materiais que serão utilizados. Sua atuação irá garantir que os alunos possam, além de acessar esses materiais com sucesso, inserir seus próprios trabalhos ao longo do processo. Desta maneira, ele será requisitado não só na preparação do curso, mas também – e principalmente – ao longo de sua duração.

Realidade Brasileira

No Brasil, os primeiros registros de iniciativas de educação a distância foram encontrados a partir da década de 20 e apontam, majoritariamente, no sentido de uma educação voltada para o ensino de profissões, visando suprir a demanda por uma mão-de-obra mais qualificada, ou voltada para o ensino básico, mas, de maneira geral, atendendo a um público desfavorecido econômica e socialmente, que não tinha acesso à educação regular. Esse público morava fora dos grandes centros, não dispondo de meios e tempo para freqüentar cursos presenciais. Aos poucos, os materiais impressos enviados pelo correio, o rádio e a TV foram delineando a trajetória da EAD no Brasil até sua institucionalização, na década de 70, com a criação dos Centros de Ensino Supletivo(CES).

Ao se falar em educação a distância no Brasil, algumas referências são imediatamente

lembradas como, por exemplo, o Projeto Minerva, que através do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura, iniciou suas atividades a partir de 1º de setembro de 1970.

Esse projeto, apoiado por uma portaria interministerial (1970), ia ao ar em caráter obrigatório e dava ênfase à educação de adultos. Outros exemplos muito lembrados são o Instituto Universal Brasileiro que, a partir de 1941, lança vários cursos profissionalizantes por correspondência e até hoje se mantém ativo, e os Tele-cursos de 1º e 2º graus, produzidos pela Fundação Roberto Marinho que, através de uma rede de emissoras de grande alcance, abraça uma larga parcela da população com necessidade de dar continuidade à sua formação básica, e utiliza um modelo híbrido de curso. Hoje, o Tel-ecurso 2000, em convênio com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), integra os conteúdos do ensino fundamental e do médio utilizando multimeios, associando livros e aulas em vídeo, que podem ser assistidas em casa ou nas Telessalas™ (locais aonde os alunos encontram equipamento para assistir ao vídeo, material de apoio e um orientador de aprendizagem). De 1995 até março de 2005 estima-se que esses cursos tenham atingido cerca de 4 milhões de pessoas. Para esse projeto, a Fundação tem desenvolvido parcerias com órgãos governamentais de vários estados do Brasil implementando-o como uma política pública para a solução de problemas educacionais.

Atualmente, diversas são as iniciativas que ampliam as ofertas de EAD. Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (Abraed 2005), lançado pelo Instituto Monitor e pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), em 2004, pelo menos 1.137.908 debrasileiros se beneficiaram de algum curso de ensino a distância no país. Esse número é resultadoda soma da quantidade de alunos matriculados em instituições oficialmente credenciadas peloMEC com os números do Sebrae, da Fundação Roberto Marinho, do Senai, Senac, Governo do Estado de São Paulo e Telemar, que representam as seis maiores instituições que oferecem essa modalidade de ensino.

A partir dos anos 90, no contexto de desenvolvimento tecnológico das sociedades, a criação e uso da Internet dá aos cursos a distância um fôlego ainda maior, e a nova modalidade on-line passa a legitimar e valorizar a EAD. As possibilidades interativas da Web apresentam soluções para as questões de distanciamento entre professor e aluno e colocam a educação on-line num patamar de qualificação desejada, contribuindo para sua expansão. Mesmo com as dificuldades econômicas e sociais do país, vários projetos públicos e privados têm reforçado o constante crescimento dessa modalidade, tanto na área corporativa como na acadêmica. Num país com dimensões continentais como o Brasil, a educação on-line representa uma possibilidade de solução para ultrapassar as distâncias e diferenças regionais no acesso às instituições de ensino e encontra amplo espaço para crescimento.

As iniciativas no ensino fundamental e médio que utilizam regularmente a comunicação on-line são poucas e direcionadas para um público de alto poder aquisitivo. Ainda está longe da realidade do ensino público brasileiro o uso cotidiano da Internet para a realização de tarefas em casa ou em grupos de trabalho interativos, ou até mesmo o acesso a materiais e procedimentos didáticos. A idéia da "estrada" previa que trabalhos de alunos e professores fossem transformados em documentos eletrônicos para consultas e compartilhamento. Nas escolas brasileiras, isto ainda é privilégio de poucos. O que vigora na maioria delas é a utilização do computador como editor de texto e a Internet limitada à pesquisa de temas ou à iniciativa isolada de alguns professores.

No ensino público, ações como a da Escola do Futuro da USP aplicam as pesquisas na área de educação às escolas e através de parcerias com empresas de telecomunicação e informática, criam vários projetos que atendem à população escolar. Outras universidades brasileiras têm projetos na área de educação e tecnologia aplicados às escolas públicas, mas ainda de forma tímida diante da demanda potencial.

De acordo com dados recentes do IBGE, apenas 10,6% dos lares brasileiros possuem computador. Assim, a chamada democratização da informação, que é o acesso aos meios de comunicação para toda a população, passa pelo acesso em lugares como a escola, as universidades e os locais de trabalho.

Os números brasileiros em relação ao uso da Internet como suporte educacional são ainda pequenos se comparados a países desenvolvidos como, por exemplo, o Canadá. Esse país, por sua grande extensão territorial e difícil acesso a algumas regiões, foi um dos pioneiros na implantação da EAD de maneira massiva. Hoje, estima-se que 72% de seus habitantes acessem a Web diariamente e que 90% dos estudantes possuam computador em casa. Além disso, todas as bibliotecas e escolas possuem esse serviço. Segundo Lucio Teles (2004), são oferecidos perto de 12 mil cursos superiores a distância e em algumas universidades, como a Athabasca, todos os 600 cursos são ministrados através dessa modalidade. Esse é apenas um exemplo dentre outros, ainda distante da realidade brasileira.

A Universidade de Brasília criou, nos anos 80, seus primeiros cursos de extensão a distância, iniciando um importante diálogo entre a educação universitária e as novas possibilidades de formação. Com as crescentes exigências educacionais, surgiu, no final da década de 90, uma série de cursos de extensão, especialização e graduação on-line, respaldados pela legislação educacional vigente, que passa a se preocupar em viabilizar esses novos espaços de aprendizagem. A respeito de sua validação, a educação on-line é regida pela legislação referente à educação a distância. A regulamentação, segundo Lobo Neto (2003, p. 400), foi importante para derrubar a idéia de essa modalidade ser uma alternativa experimental ou medida paliativa para atender a demanda de jovens e adultos excluídos da escola regular, na idade própria. Assim, ela "passa a ser uma estratégia regular de ampliação democrática do acesso à educação de qualidade, direito do cidadão e dever do Estado e da sociedade" .

Desde então, as universidades estão procurando adaptar-se às novas tecnologias e utilizá-las para melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem e o acesso às redes de conhecimento. Aos poucos, as tecnologias vão sendo incorporadas e os recursos de comunicação tornam-se freqüentes no meio acadêmico, seguindo a tendência natural das sociedades contemporâneas. Os cursos presenciais não serão abandonados, mas não há dúvidas de que podem ser complementados e, em alguns casos, até substituídos por diferentes mídias, como vídeo, áudio e Internet. Peter Drucker previu que as universidades se transformariam em desertos, mas o que se vê, ao contrário dessa profecia, são universidades cheias de alunos e também de tecnologia.

Alguns desafios enfrentados pelo Ensino Superior podem encontrar respostas na educação a distância, como por exemplo: ampliar sua capacidade de ação para atender a um número crescente de alunos que concluem o ensino médio; oferecer cursos relevantes que supram a necessidade de uma educação permanente; atender às necessidades de diversificadas faixas de interesse (educação geral, educação profissional, educação para a terceira idade); flexibilizar os usos das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC); universalizar critérios de aprovação e equivalência de currículos; integrar pesquisa científica e produção empresarial; ampliar as redes de cooperação entre instituições de ensino através das tecnologias de informação, além de aumentar as possibilidades de democratizar o acesso à educação.

Atualmente, a maioria das universidades brasileiras desenvolve programas de educação on-line, podendo oferecer cursos de graduação, extensão e pós-graduação lato sensu. Os cursos de extensão e especialização ainda são maioria e têm duração média de dois a três anos. Algumas universidades ainda estão iniciando esse processo, oferecendo poucos cursos de extensão, mas, a PUC-RS, por exemplo, já oferece mais de 34 opções diferentes entre graduação, especialização e MBA.

Outro viés da educação on-line, que contribuiu muito para a expansão da modalidade, diz respeito à educação corporativa. No Brasil, a educação corporativa apareceu na década de 90, oferecendo apenas algumas qualificações. Mas logo as rápidas transformações e urgências do mundo moderno favoreceram o seu desenvolvimento. Atualmente, muitas empresas mesclam a modalidade presencial com aquela mediada pela Internet. Porém, a partir do grande salto tecnológico representado pela Internet, os cursos pela Web tornam-se mais freqüentes. A educação on-line, além de atingir um número maior de funcionários a um custo quase 50% mais baixo do que um curso presencial, permite uma mobilidade e flexibilidade que favorece tanto a executivos

que viajam com freqüência, como a outros funcionários que veriam no deslocamento para o local de aprendizagem um empecilho para continuar seus estudos.

A maioria das iniciativas está no Sudeste, onde se concentram as maiores oportunidades de emprego e as grandes empresas. Os cursos, feitos através de universidades, institutos, centros ou escolas de diversos tipos, não estão sujeitos a credenciamento pelo Poder Público e o diploma por eles expedido não necessitando de reconhecimento oficial para ser aceito pelo mundo empresarial.

A idéia de educação corporativa traz em si a base conceitual de educação continuada, que se configura como uma necessidade real, principalmente considerando-se que: Na economia globalizada, a busca da produtividade e da qualidade coloca as empresas num estado de constante turbulência e as obriga a repensar planos, a analisar sistematicamente a concorrência, a investir em pesquisa, a fazer parcerias, enfim, a se reinventar diariamente, se preciso".(DE LUCA, 2003, p. 447).

Diante dessas demandas, algumas empresas criam suas próprias Universidades Corporativas, com planejamentos bem cuidados e estruturas compatíveis com uma visão de longo alcance para fornecer mais do que simples treinamentos. A educação permanente oferece ao usuário uma expectativa de futuro, que segundo Marco Aurélio Ferreira Vianna (200?), sai de "(...) uma programação por demanda para um plano de vida". Assim, apresenta-se não apenas como uma necessidade das empresas, mas como uma oportunidade de formação pessoal, que diminui as incertezas frente ao mundo empresarial.

Algumas empresas estabelecem sistemas de parceria com universidades para a implementação, estruturação e validação dos cursos oferecidos em suas Universidades Corporativas. A Universidade Corporativa do Banco do Brasil, por exemplo, mantém entre alguns de seus parceiros a USP (Universidade de São Paulo), a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica), a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a FGV (Fundação Getúlio Vargas), criando, dessa maneira, uma rede de confiança e suporte para seus cursos.

De maneira geral, a educação mediada pela Internet está ampliando seus espaços no Brasil. Porém, é preciso estar atento para o fato de que o uso da tecnologia não é resposta para todos os problemas da educação. As questões da modalidade on-line não fogem das questões da educação em geral e das questões sociais brasileiras. A inclusão digital constitui-se em mais um desafio diante dos distanciamentos sociais produzidos, mas certamente as possibilidades educativas na Web podem contribuir no sentido de unir esforço para desenhar um melhor, mais amplo e mais qualificado cenário educacional brasileiro.

Conclusão

Diante do que até o momento foi exposto, é necessário atentar para as inúmeras possibilidades que esse novo espaço educacional nos proporciona.

Aos discentes, a possibilidade de superar limites geográficos e temporais acessando a informações que os conduza ao conhecimento e à formação profissional como nunca antes se houvera proposto, permitindo que essa grande fatia de desfavorecidos deixe de fazer parte das estatísticas alarmantes de baixa ou nenhuma educação.

Aos docentes, a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, trocar informações e experiências entre mestres, bibliotecas virtuais e aprendizes, uma vez que a educação com base tecnológica tem como um dos principais objetivos induzirem à pesquisa, levando cada um, seja ele discente ou docente, a construir o seu próprio conhecimento, seu banco de dados intelectual.

Assim o professor tem a função de facilitar, instigar, promover, incentivar, assumindo uma parceria com o aluno e deixando aquela antiga imagem retrógrada de "detentor do conhecimento".

É claro que sempre haverá prós e contras, vantagens e desvantagens como em todas as esferas, mas os resultados comprovam o avanço educacional que essas novas tecnologias trouxeram e isso é um fato que não podemos negar mesmo aqueles que oferecem resistência a essa nova realidade de ensino. Fica a critério de cada um o modo e a finalidade de utilização das ferramentas tangíveis e intangíveis que a tecnologia proporciona tanto em âmbito educacional como em qualquer outro segmento, uma vez que as intenções humanas são imprevisíveis e implícitas em cada um.Afinal quem pode garantir que em um espaço construído para ministração de aulas tradicionais e presenciais não haja pessoas mal intencionadas e desinteressadas?

Mesmos os mais otimistas não podem acreditar que os meios virtuais que as novas tecnologias educacionais proporcionam, seja a solução para a erradicação da falta de conhecimento. Em uma análise realista da história do homem, sempre observamos diferenças de classes que facilitam ou dificultam o acesso à informação.

Sempre haverá excluídos. A proposta que essa nova tecnologia nos traz é a possibilidade de diminuirmos consideravelmente esses números estatísticos deprimentes de pessoas sem acesso à educação e à formação profissional. 

A tendência nesse novo segmento é avançar e se aprimorar cada vez mais, uma vez que as novas tecnologias estão a serviço de todas as camadas e segmentos sejam eles sociais, culturais, educacionais e comerciais. Precisamos aprender a conviver e a sobreviver na nova terra pós-dilúvio que marca um novo tempo na educação, àqueles que não aprenderem a se relacionar com essas novas ferramentas ficará cada vez mais limitados, tanto na vida profissional como na intelectual uma vez que as grandesbibliotecas e fontes de pesquisa estão sendo registradas em um imenso banco de dados virtual e isso já é uma realidade quer as pessoas gostem ou não.

É necessário que todos estejam atentos para as novas perspectivas que estão sinalizando para o futuro da educação, deixando de lado preconceitos, e os famosos paradigmas tão questionados nos meios acadêmicos.

Essas novas perspectivas devem ser vistas como desafios e oportunidades de crescimento e caso algo dê errado, terá a oportunidade de ser corrigida como toda nova boa idéia, todo bom novo projeto em fase de teste.

É preciso otimismo e empreendedorismo diante dos desafios propostos, pois consiste em uma oportuniza a possibilidade de provar-se que discurso atualmente defendido é verdadeiro no que referimos à inclusão sócio-educacional, rompimento de paradigmas e processo de aprendizagem continuada para todos.

 REFERÊNCIAS

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed. 34, 1993.

Lévy, P. Educação e cybercultura, 1993.

MACIEL, Ira Maria. Educação a distancia. Ambiente virtual : construindo significados. Rio de Janeiro, v. 28, n. 3, p. 38-45, set./dez. 2002.

.

MORGADO, L. O papel do professor em contextos de ensino on-line: problemas e

virtualidades. In: Discursos. Série, 3. Universidade Aberta, 2001. p. 125-138.

PRADO, M. E. B. B. Educação à distância: os ambientes virtuais e algumas possibilidades pedagógicas.

Disponível em:http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/te/tetxt3.htm.


Autor: Rosiane Silva


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