A Crise Da Globalização



Na esfera ideológica, a globalização sofria o fogo cerrado da crítica intelectual e de manifestações de protesto nas ruas da Europa, dos Estados Unidos e de inúmeros países subdesenvolvidos.   

O fracasso histórico do socialismo real proporcionou uma oportunidade singular para a difusão das crenças ultraliberais.

A expansão acelerada da produtividade das empresas, sob o impulso das tecnologias da informação, proporcionaria um novo ritmo de crescimento global e, sobretudo, estaria suprimindo a etapa recessiva do ciclo econômico.

Na Bolsa de Nova York, os preços das ações inflaram-se em ritmo muito superior ao da produção e do consumo, alimentando as mais loucas ilusões.

Essa era a fonte dos investimentos financeiros que irrigavam os chamados paises emergentes: os NPIs, a China, a Rússia, o México, o Brasil, a Argentina. A bolha especulativa estourou em 2000. Três anos mais tarde, os mercados acionários mergulharam cerca de 44% abaixo do recorde, atingido no auge da especulação, no final da década de 1990.

No mundo interiro, desapareceram, como por encanto, centenas de bilhões de dólares. O estouro da bolha deflagrou a recessão, provando o gigantesco equívoco dos teóricos da Nova Economia.

A desvalorização de ativos expressa na queda vertiginosa dos preços das ações, representou o maior enxugamento de riqueza financeira global desde a Crise de 29.

Após violentos episódios de fugas de capitais, o México 1994, os NPIs asiáticos 1997, a Rússia 1998 e o Brasil 1999 foram resgatados do fundo do poço por operações financeiras coordenadas por Washington e executadas pelo FMI. Em 2001, a administração Bush reverteu essa orientação, traçando um cordão sanitário em torno da Argentina e assistindo, impassível, ao colapso de um país considerado exemplar pelo FMI. O azar da Argentina foi o recuo generalizado dos fluxos globais de capitais.

A globalização tem cinco séculos, mas, no plano de debate ideológico, é apresentada como um fenômeno das últimas duas décadas. Desde os primeiros sinais do encerramento da etapa de prosperidade do ciclo econômico, difundiram-se as críticas à globalização e ganharam corpo as manifestações populares antiglobalizantes.

O primeiro foco da crítica concentra-se no comércio mundial e na OMC.

O segundo foco da crítica concentra-se nos fluxos financeiros da globalização, que tiveram um efeito devastador nas economias emergentes.

Se, do ponto de vista da economia global, a euforia da globalização não se justifica, do ponto de vista do mundo subdesenvolvido tem ainda menos significado. A única história de sucesso foi à expansão excepcional das economias da macrorregião Ásia/Pacífico, promovida pela revolução da informação e estreitamente associada às necessidades da indústria da informática nos Estados Unidos e no Japão.

A ideologia da globalização está em nítido retrocesso. A globalização, que tem cinco século, não morreu. Mas as políticas ultraliberais que acompanharam e estimularam seu ciclo mais recente parecem estar em via de esgotamento.

Referência:

Globalização Estado Nacional e Espaço Mundial.

Autor: Juvenal Martins Neto


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Santos, Milton. Da Totalidade Ao Lugar. S. Paulo. Editora Da Universidade De São Paulo, 2005.