História da Cidadezinha



Chegava a uma pequena cidade do interior um famoso professor de língua portuguesa, conhecido em todo o país por seus trabalhos lingüísticos.

O professor estava num restaurante muito famoso naquela cidade e na mesa ao lado conversavam dois senhores daquelas redondezas. O vocabulário dos homens impressionou o educador.

Diziam com uma voz nada cautelosa:

Sabe, cumpade, amigo meu, brother batuta, que aquela dona que noutro dia ocê a chamava cá para qui conversar sobre a mim e a ocê?

Sim, cumpade, amigo meu, brother batuta. Prossiga pra frente a conversa que tu dizia a mim.

Continuou o primeiro:

Ela me chamô pra eu ir lá nela, onde ela tava pra me perguntá uma santa porcaria.

Como? Cumpade, amigo meu, brother batuta.

Ela falô de mim e de ocê, de nois dois, que era gay. Ela perguntou cá, onde eu tava, santa porcaria.

Eta, cumpade, amigo meu, brother batuta!

É, cumpade, amigo meu, brother batuta, eu não entendi o que é que ela falô, a palavra dita por ela, gay?

Entendi também não, cumpade, amigo meu, brother batuta.

Logo o professor, interessado por aquele diálogo diverso, se aproximou dos dois senhores e perguntou-lhes:

— Posso me sentar aqui?

Exclamou um dos compadres aborrecido:

Não, nois não é gay!

O professor pensou por meio segundo e, sorrindo, disse:

Que coisa, cumpadis. Deixa eu sentar aqui, ué. Cumpadis, amigos meus, brothers batutas.

Os dois compadres se levantaram e disseram juntos:

— Vamos embora, esse povo é louco!

Ronyvaldo Barros dos Santos


Autor: Ronyvaldo Barros dos Santos


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