Sobre a angústia da separação e o apego às coisas



Todas as coisas no mundo estão interligadas e nós temos o mau hábito de enxergar tudo a nossa volta como um fato isolado e restrito. Somos condicionados desde pequenos a fragmentar e estudar parte por parte separadamente até chegarmos ao conhecimento potencial que se manifestaria no todo, um todo que é observado nos fatores empíricos e racionais, seguindo um método. Aplicamos isso inconscientemente em muitos outros campos do cotidiano, e um grande exemplo disso pode ser citado nas relações das pessoas entre si e entre objetos quaisquer.

Diretamente, o ponto a ser observado por este humilde homem é o apego. Por causa desse "estado", uma gama enorme de sentimentos podem aparecer, sejam eles felizes, ternos e prazerosos ou coléricos, ciumentos e dolorosos. E tudo isso flui a partir da angústia do apego do Ser a algo. A ilusão que o Ser possui de "ter" é que causa todo o sofrimento, porque todo e qualquer "ter" um dia deixará de existir e a ilusão da separação é a maior causa de todos os sofrimentos. Pois nunca realmente se possui algo, nem um objeto, nem uma pessoa.

Mas, por que "ilusão de separação"? Porque toda separação é uma ilusão quando se está apegado a algo. E assim, eu volto no começo desse texto, quando dito que todas as coisas estão separadas, quando na verdade estão agregadas e é por isso que a mente sábia reconhece e tenta viver com desapego, seja a bens terrenos; materiais, ou às pessoas que passam por nossas vidas. Exemplificando, se você possui um relógio, e devota a ele muita paixão, seja por motivos financeiros ou sentimentais, terá dele muito ciúme e o preservará o máximo possível. Mas querendo ou não, um dia, ele terá um fim, seja ele com um acidente ou pela simples ação do tempo. O mesmo ocorre com relação a entes queridos. Deve-se viver bons momentos com eles e guardar boas lembranças, sempre olhando o lado bom das pessoas, pois estas, por mais fortes e sadias que aparentem ser, uma hora também irão embora. Um amor pode acabar e uma pessoa pode morrer, por mais trágico ou determinista que isso possa parecer.

Ter a consciência de que tudo um dia terá um fim não é algo triste como pode parecer a priori. Olhando pelo lado material do apego, quando ele cessa, é uma evolução realmente boa que produz frutos muito rapidamente. Mas quando olhamos isso pelo lado humano e sentimental tudo fica mais obscuro. Pensar que alguém pode partir a qualquer momento e que não se deve doer por isso pode parecer realmente frio, mas não o é. É um estado de consciência superior e que se leva muito tempo até ser incorporado e também pode retirar quase toda a angústia da perda de alguém. Pois a separação é uma grande ilusão e pensar diferente disso, é outra grande ilusão.


Autor: André Simões Chacon Bruno


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