Processos E Tempos De Produção



Atualmente conhecemos diversas ferramentas e filosofias de trabalho que auxiliam as indústrias em diversos pontos sejam eles estratégicos ou não. Todas essas ferramentas e filosofias foram implantadas com sucesso em grande parte das grandes indústrias, porém as pequenas e médias organizações industriais sentem verdadeiro pavor em ouvir sobre essas ferramentas e filosofias. Esse pavor se deve pelo desconhecimento dessas e pelo desconhecimento sobre o básico de qualquer sistema produtivo em indústrias:

Processos e tempos de produção.

A motivação que surgiu para escrever esse artigo foi em primeiro lugar a vontade de expressar minhas idéias em texto e um outro fator chega a ser uma indignação pelo desconhecimento nesse assunto por parte da grande maioria das indústrias.

O que mais me choca é o fato de as faculdades de Engenharia e Tecnologia (com exceção de algumas) não darem ênfase a esses assuntos, ou quando o assunto é parte do conteúdo programático são apresentadas técnicas e ou filosofias de trabalho que são moda deixando de lado dois pilares incontestavelmente importantes que são os processos de fabricação e seus respectivos tempos.

O que adianta os nossos técnicos e engenheiros conhecerem todas as filosofias de trabalho que estão na moda se não conseguem enxergar o básico de um sistema produtivo.

Esse descaso com temas tão importantes chegam a levar indústrias a falência e isso eu posso garantir, pois já presenciei pelo menos seis casos.

Isso não é particularidade das pequenas ou médias indústrias, mas também de algumas indústrias de grande porte.

Um caso muito famoso é o da empresa Metal Leve uma indústria do ramo de autopeças que era considerada uma excelência em tecnologia e qualidade. Essa empresa não teve como suportar a redução de preços em até 30% da concorrente Mahle conforme citado no livro A produtividade no chão de fábrica Dalvio Ferrari Tubino (1999).

Esse é apenas um caso de uma grande indústria que sofreu as conseqüências por não se atentar em seu sistema produtivo bem como seus processos de produção.

Se uma indústria de grande porte não resistiu, como algumas pequenas e médias conseguem resistir?

Por uma simples razão:

Em uma análise muito simples (apenas para ilustrar) de uma cadeia produtiva, empresas menores são fornecedoras de serviço ou produto e as maiores compram sem realizar uma apuração numérica se o que estão comprando está compatível com o custo objetivo. Simplesmente compram e as empresas menores por sua vez apuram seus resultados no fim do mês da seguinte forma:

Estou com dívida?

Se a resposta for negativa, ótimo está ganhando caso contrário aumenta seus preços indiscriminadamente para suprir a deficiência.

Não existindo a apuração numérica pode ocorrer a compra de produto ou serviço com o valor acima do ideal e com isso a margem de lucro da empresa compradora acaba diminuindo. Imaginem o que aconteceria com uma grande montadora fixando o preço de venda de um automóvel a R$ 50.000,00 e se simplesmente comprasse todos os componentes do veículo por R$ 48.000,00 certamente estaria no prejuízo, pois a diferença jamais cobriria os salários a serem pagos bem como os encargos; e é exatamente isso que ocorre com grande parte das indústrias.

Mas o que é que tudo isso tem a ver com processos e tempos?

Tudo.

São esses pilares que permitem uma empresa realizar uma análise de valor em seus produtos e ou serviços.

As indústrias devem estabelecer padrões para todas as suas atividades e medi-las constantemente a fim de apurar os números.

Não quero ser leviano e afirmar que apenas esses pilares são a base para o sucesso de uma organização, longe disso, mas tenho certeza que sem eles nenhuma empresa consegue apurar seus números de forma confiável.

As empresas cada vez mais investem em tecnologia para aperfeiçoamento de seus processos produtivos e o objetivo é um só a redução dos tempos de produção que assim que são reduzidos, maximizam o lucro.

Já passei por diversas empresas e dos mais variados segmentos e por todas que eu passei sempre enfrentavam as mesmas dificuldades com a falta de processos bem definidos e seus respectivos tempos de produção.

Chega a ser uma situação cômica, mas é real e duvido alguém que trabalhe ou tenha trabalhado no ramo industrial não tenha presenciado uma cena como essa:

Todo o pessoal de Engenharia, gerentes e diretores em volta do produto comercializado pela empresa discutindo o que poderiam eliminar do equipamento para reduzir seu custo e enquanto isso a produção está a todo vapor como uma tartaruga.

Costumo dizer que no Brasil, existem muitos donos de empresa e poucos empresários. Não é raro deparar-se com gerentes de produção que afirmam que apontamentos de produção são tempos mortos ou que tempos padrões são desnecessários.

Afirmam isso, pois desconhecem o assunto sem mesmo saberem a diferença entre produtividade e eficiência.

Eu mesmo cheguei a presenciar outra situação de total desconhecimento quando um gerente de produção media a produtividade fabril dividindo o número de ordens de produção emitidas pelo número de ordens de produção concluídas em um mês sendo que o resultado sempre estava em 100% ou próximo.

Lembrando uma frase do criador do conceito de balance scorecard, Robert Kaplan: O que não se mede não se pode gerenciar.

Por parte de alguns pode até parecer uma analogia muito simples sobre os problemas que as pequenas e médias indústrias enfrentam hoje, mas tenho certeza que todos os que pensam que é uma analogia simples tomam as mesmas decisões dos diretores e gerentes citados anteriormente no texto.

Esse é o primeiro de uma série de textos que pretendo escrever sobre processos e tempos de produção, pois acredito que é um assunto embora desconhecido por uma grande maioria é muito citado em uma série de livros, teses e monografias e que infelizmente não são observados com a importância que deveriam.

Serei mais um a levantar esse tema e tenho certeza que o assunto terá o seu real valor a medida em que os Donos de empresa tomarem consciência da real necessidade de se estabelecer processos e tempos de produção.

Como diria uma das mentes mais brilhantes do século XX e XXI.

Sucesso é 1% de inspiração e 99% de transpiração (Albert Einstein). Portanto, desistir jamais.


Autor: Kleber Eduardo Furlani Pereira


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