Um Olhar Sobre a História Cultural



Neste artigo abordaremos algumas questões sobre a historiografia apartir dos anos 80, tendo como base o estudo do artigo do historiador Ciro Flamarion Cardoso. Que fala sobre a crise dos paradigmas e as certezas e incertezas da história no século XXI. Passando por debates sobre o futuro da história, e qual história caberá ao novo século.

Com os possíveis rumos que a história virá a tomar no século XXI, quais as correntes que continuarão fortes e as que possivelmente virão a se romper. Sobre o estudo do ser humano em sociedade deparamos com uma escolha entre abordar o social ou dar maior importância a o ângulo mental. Caso essa segunda opção seja a escolha, já nos deparamos com aspectos como a subjetividade as vivencias, a religião, as ideologias, portando o que é pensado conscientemente, mas também há o impensado social, sonhos, mitos. Esses dois objetos de estudo são ligados, muito poucos negariam a tal vinculo, seria muito difícil negar o caráter inseparável do material do mental. O sociólogo Claude Javeau diz que a sociedade é agida por aqueles que a integram e que de igual forma agem sobre ele, e que ao mesmo tempo é imaginada pelos seus membros.

O estudo do material e o mental têm em seu centro a linguagem que permite formular melhor as relações entre idéia e ação na consciência social. As tendências pós-estruturalistas e pós-modernas deram força aos adeptos da concentração mental mediante ao enfoque dito cultural.

Porém, cabe um esclarecimento do termo cultura, historia cultural cujo aqueles que fazem uso dessa expressão têm em mente uma noção de cultura semelhante há aquela usada por Talcott e Alfred Kroeber em 1958.

O conceito de cultura para a maioria dos empregos, na tradição norte-americana refere-se a conteúdos e padrões transmitidos e criados de valores e idéias e outros sistemas de significação simbólica, como fatores na conformação do comportamento humano e dos artefatos produzidos mediante tal comportamento''.[1]

Em outros termos nada mais é do que uma divisão dos termos de trabalho entre a Sociologia que estuda a sociedade e suas interações, e a antropologia que estuda o termo de cultura acima, a antropologia costuma dar uma preferência ao enfoque do micro, trabalha com um pequeno grupo de pessoas, não que seja uma regra obrigatória.

Na definição francesa o historiador cultural pode ser definido da seguinte forma:

"historiador que pretende reconstruir as representações constitutivas de um grupo social e é levado a privilegiar certos objetos de estudo que requer outras formas de abordagem e de estudo. As atenções se concentram nas produções simbólicas do grupo e, em principio em seus discursos".[2]

Antoine Prost elaborou a definição do que hoje é chamado de historia cultural ou (Nova Historia Cultural). A atitude dos historiadores culturais é um tanto variável, há aqueles que pretendem dimensionar a historia cultural como uma espécie de alternativa a uma História Social com pretensões mais globais como é o caso de Antoine que esta a serviço de uma História atenta à totalidade do social, a seus sistemas.

Algumas debilidades intrínsecas dessa forma de pensamento são evidentes demais para que ela perdure por muito tempo. As primeiras debilidades são de caráter filosófico. Deparam-se com um antigo problema dos céticos a respeito de como agir à luz de sua própria doutrina. Um dos pontos da epistemologia pós-moderna é a negação da transcendência das normas, ponto esse derivado de Nietzsche. Normas como verdade, bondade, beleza, racionalidade, não são vistas como independentes dos processos para cujo governo ou juízo servem. Uma idéia foi criada numa certa época e num certo lugar para servir a certos interreses, é dependente de um contexto intelectual e social, etc.

Outro problema em especial à vertente francesa da Historia Cultural, é cair muito freqüentemente no representacionalismo radical, ou seja, na concepção de que o conhecimento humano não passou de um conjunto de idéias ou representações. Antoine Prost reconhece que é impossível compreender uma representação sem saber do que seja a representação, sob pena de naufragar no nominalismo. Tenta-se acabar com os grandes objetos da história dessa cultura como eram antes percebidos (muito especialmente as revoluções, a começar pela de 1798).

Uma historiadora feminista julga a metodologia cientifica e a epistemologia ocidentais irremediavelmente contaminadas pela dominação masculina e opta por uma historia de gênero. Uma postura política radicalmente desconstrucionista.

Outro ponto apontado como contraditório tem haver com atirar visões globais das sociedades humanas pela porta, mediante a recusa das globalidades. Só para permitir que outra não problematizada entre pela janela sem ser percebida pelo autor

A unilateralidade da visão culturalista já foi criticada muitas vezes, eis o exemplo do que dizem sobre Peter Burke:

"Em minha opinião os novos historiadores tiveram bastante sucesso em revelar aspectos inadequados das explicações materialistas e deterministas tradicionais do comportamento individual e coletivo na curta duração e em mostrar e em mostrar que tanto no dia-a-dia quanto em momentos de crise, a cultura é que conta, no entanto pouco fizeram no sentido de desafiar a importância dos fatores matérias, do meio ambiente físico e de seus recursos na longa duração. Ainda parece útil achar que tais fatores estabeleçam o tema, os problemas aos quais os indivíduos, os grupos e, falando metaforicamente, as culturas procuram adaptar-se e reagir".[3]

Podemos usar outro exemplo no âmbito da História Contemporânea, por acaso o reconhecimento de que os nazistas podiam agir e mesmo matar por razões ideológicas, justifica eliminar das discussões acerca do espaço vital, tal como foi levado à pratica na expansão alemã concreta, historicamente verificada.

Se o nazismo subi-se ao poder por meio de alianças políticas com forças conservadoras, foi obrigado a abrir mão de seu ideário inicial é obvio que isso teve efeitos muitos concretos, importantes para o historiador, sobre o que veio ocorrer naquela época, portanto é necessário saber muito precisamente em cada contexto quem esta falando, pois de outra forma teria o risco de cair em considerações genéricas e não de todo histórico.

A ciência e a razão de vários aspectos da história do século XX contem implicitamente uma concepção negativa determinada ingênua, genérica e histórica, acerca do que seja a natureza humana, entre ciência e tecnologia seriam mais difíceis de sustentar se os autores que nelas incorrem perguntassem de quem exatamente se fala.

As características da história e em sua fase pós-moderna ou da Nova História Cultural, que tendera a declinar podem ser em parte explicadas intrinsecamente, mediante aspectos inerentes à própria história da história, a mudança de rumo o corrida na história a partir dos anos de 1970 reflete as novas exigências geradas por seu próprio desenvolvimento interno.

Os resultados destes métodos historiográficos ainda estão em curso, mas já podemos observar que métodos antes tidos como ausentes pela historiografia tradicional, hoje são aplicados na história do século XXI, estes como a antropologia, história cultural e até mesmo a fragmentação da história.

Referencias bibliográficas:

CARDOSO, Ciro Flamarion. A história na virada de milênio: fim das certezas, crise dos paradigmas? Que História convirá ao século XXI?

DIEHL, Astor Antônio. Teorias da história: (uma proposta de estudos). Passo Fundo: UPF Editor, 2004. 134 p.




Autor: Lucas Cabral Ribeiro


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