O Final de 'LOST' é uma Incógnita



Li recentemente um bom comentário e muito informativo sobre o final da Série "LOST" em <http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2009/02/02/o_final_de_lost/>, sucesso mundial exibido pela Rede Globo e canais por assinatura. Pretendo aqui também contribuir com mais informações aos fãs, "botando lenha na fogueira", por assim dizer. Vou dar minha opinião, que, como todo bom palpite, tem sua base lógica para quem gosta de pensar. Com efeito, para isso, tenho que começar dizendo que o título deste artigo não deveria ser "O FINAL DE LOST...", mas sim "Um Suposto Final para Lost", e vou tentar explicar porque penso assim.

LOST é diferente. Diferente de tudo o que já se viu em matéria de Seriado de TV. Falo isso com uma experiência que vem desde os tempos do Planeta Mongo. Mas vamos ver se eu mesmo entendi o que pesquisei a respeito.

Os dois diretores principais, os autores ideológicos e os "ocasionais", também chamados "continuístas" (pode apostar, LOST tem tudo isso), e todos eles sob o palpite precioso de um velho amigo pensador de mão cheia que nunca aparece (um tipo de "Neuronerd" que ao escovar os dentes vê as cerdas da escova se dobrarem como "Crop Circles"), dicidiram, um certo dia, que LOST iria ser feito como uma "imensa GIF" – uma tecnologia imagética em "looping" interminável como na Roda de Lorenz – e não se esgotaria jamais ou "se esgotaria no não-esgotar-se", como as estrelas, que no fundo nunca se acabam mesmo quando viram buracos-negros, assinando embaixo da famosa frase de Lavoisier.

Assim sendo, a série LOST foi feita para nunca ter um fim, mas isto sem enfadar e sem frustrar seus milhões de telespectadores. E como se faria isso?... Ora, não poderia ser um "sem-fim" como foi a excelente série de Chris Carter ('Arquivo X'), o qual foi obrigado a encerrá-la não porque não tenha dado a resposta, mas porque "A Verdade que está lá fora" não permitia que a 'divulgação' fosse além de onde Carter chegou: a prova disso é o 2o Longa para o Cinema, recentemente exibido, o qual nada trouxe que incomodasse "os manipuladores da falsa fatalidade"!. Já em LOST não há assim um compromisso tão veemente contra os poderes constituídos, e por isso a Roda Congelada de Burro pode girar sem fim, seguindo a lógica de que a imaginação é literalmente infinita. [Este "divagar na imaginação" não é, pois, vetado nem censurado pelo "Governo invisível", por assim dizer, pelo contrário, até ajuda a confundir/camuflar ainda mais o que está acontecendo na Terra].

Portanto se a idéia é o looping de uma gigantesca GIF, e se a imaginação nunca será podada em seus infindáveis ramos, o time de continuístas tem o papel mais importante de toda a equipe de produção de LOST, e eles ainda se baseiam na idéia "GIF" daquele amigo QI que deu o mote para o "never-ending history". O que eu soube é que a série só morrerá quando os níveis de audiência baixarem tanto que ameace fazer a equipe entrar no vermelho, coisa que, de alguma forma, tem-se como uma maximização do conceito de meta-cinema, porque este tipo de final melancólico teria uma relação direta com certa entropia que paira subliminar em toda a série. Ver-se-ia isso ao pensar: "quando nenhuma das personagens gostar mais da ILHA, então ela afundará para sempre, para o lugar de onde nunca deveria ter saído, o Mistério Profundo".

Eis porque acredito que um bom continuísta poderia e poderá prolongar indefinidamente o seriado, e se pesquisar bem, encontrará e explorará mistérios cada vez mais intrincados, pondo neles o toque mais leve de beijos e romances entre as personagens principais, mantendo a atenção do público "menos letrado" (que é quem garante, afinal, as grandes audiências e as cifras mantenedoras da produção). E os mais letrados igualmente se banquetearão com isso, pois já tatearam mistérios terríveis como a "viagem consciencial" (que pode ser dentro ou fora do tempo, dentro ou fora do corpo), o deslocamento da matéria via manipulação de bobinas eletromagnéticas gigantescas sob inspiração de Tesla, o subproduto das duas coisas criando um ser imaterial visível e (in)controlável (como a fumaça negra), a maldição do embaralhamento da numerologia do destino que fez Hugo ficar milionário, a visão de fantasmas solidificados, a bilocação de pessoas vivas com a consciência dividida no tempo, o encerramento temporário de almas entre dois vórtices, etc, etc. E isto é só uma pequena e certamente imperfeita amostra das possibilidades de exploração de enredo pelos tais continuístas, que é gente muito bem paga para "não deixar a peteca cair".

É isso. Não sei se ajudei ou "baldiei o mei-de-campo", mas jogos com meios de campo confusos geralmente terminam em grande alegria para uma das torcidas ou em zero a zero, frustrando todo mundo. Aposto que LOST não vai dar zero-a-zero, e nem quero imaginar o que virá DEPOIS DA ÚLTIMA CURVA DA ESPERANÇA, como disse o poeta Costa Matos. Vamos "olhar e ver", como diziam os sábios.

Prof. João Valente de Miranda.


Autor: João Valente


Artigos Relacionados


O Chão

O Drama Da Perdição

O Deserto

Êxtase Do Fim

O Discurso / Mídia / Governo

Raça Barbet

Para AlguÉm Que EstÁ SÓ