Os nós do eu



Gislene Martins

A dificuldade de estar para o outro e no outro é algo tão natural quanto a negação desse fato. Por que é tão difícil sentir e agir com coletividade? Por que dói tanto envolver e ser envolvido, fazer valer o sentido da boa reciprocidade?

Muitos dizem que a primeira palavra que o homem aprende é o NÃO, pois o universo parece proibido ao filhote do homem que tem os olhos como frestas que deixam passar a curiosidade, o desejo de conhecer. As repetições: Não mexa nisso! Não faça aquilo! Não coloque o dedo aí! São verdadeiras doses de tormento. Não, não, não... Não há como esquecer esse advérbio palavrão, mas diante de toda força do não há uma palavrinha menor, porém de uma força espantosa: Eu. Conheces alguma que tenha tamanha petulância? Eu não! Ninguém consegue se livrar dela, pois não há como fugir; o seu eu é tão seu que nunca o seu eu será meu.

Na tentativa de conter o eu inventaram o nós, pobrezinho! Tão rejeitado que dá dó. É fácil dizer: Eu quero. Eu posso. Eu... Nós. Nós é muita gente, muita gente pra dividir e o Eu não gosta nenhum pouco dessa história, mas se deixasse o egoísmo de fora e agisse de forma inteligente veria que o nós é tão necessário que tem o dom de abrandar até mesmo a dor. É matemática pura. Qualquer problema dividido por 2, por 3, por X fica menor. Se for algo bom é mérito de todos, se não for, também.

Ah! Ah! Ah! Quando o eu se juntar ao tu, ao ele... teremos um nós de todo mundo e, no mundo do nós, diferentemente do mundinho apertado do eu, sempre cabe mais um, dois, três...


Autor: gislene martins


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