Nostalgia (Poesia)



 

Ao abrir os olhos da consciência,

Ao sair do meu sono-profundo,

Ao rejuvenescer as frias carnes do meu corpo,

Senti-me surpreso, dilacerado, imundo.

***

Ao ver de cima os restos de minha história,

Ao remexer os escombros das lembranças,

Eu chorava os meus cacos quebrados,

Eu recordava dos tempos de criança.

***

Naqueles tempos de sonhos vivos,

Naqueles dias em que ousava ousar,

Eu tinha vida, eu tinha brio,

Eu não ficava a lamentar.

***

Eu amava o sol e alegrava a chuva,

Ria de mim,  de coisas absurdas,

Eu chorava, eu gritava,

Eu rolava pelo chão.

***

 

 

 

Eu tinha medo,

Eu era frágil,

Mas, mesmo assim,

Não sabia ouvir não.

***

Hoje, governado, possuído,

Sou vencido pelo “não”,

Sou escravo de mim mesmo,

Já nem piso no chão.

***

Que saudades, que angústia,

De um tempo que não volta,

Chora triste o coração,

Desse velho frustrado.

***

Ao contrário, faz o tempo,

Me atropela pela porta,

Me amarra o corpo,

Tolhe-me a alma,

Faz-me de mim, jovem-velho,

Um escravo-livre, um vivo-morto.

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Autor: Paulo André dos Santos.


Autor: PAULO SANTOS


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