A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA PAZ



"Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá" (JO 14,27). Jesus nos deixou a sua paz para promovermos um mundo de paz, de alegria, de amizade e de amor.

Porém, nós seres humanos não estamos amando nossos semelhantes. Nós não estamos praticando a paz deixada pelo nosso Deus. Pelo contrário, estamos todos os dias provocando discórdias, guerras, injustiças, invejas, fome e mortes. E isso ocorre tanto na vida em sociedade, quanto na vida em família. Por desrespeito às opiniões alheias, nós nos posicionamos em guerra acreditando apenas em nossas verdades e não ouvimos o que a outra pessoa tem para nos dizer.

Muitas vezes o poder econômico gera mais guerras do que a paz. Os patrões pagam salários cada vez mais baixos deixando os trabalhadores dependentes de seu emprego e não usufruindo de toda a riqueza produzida por esta classe oprimida. Isso só aumenta o ódio da classe trabalhadora à classe dominante que sustenta a divisão de classes e o aumento da pobreza. Por causa do poder, muitos estadistas entram em guerra para ver quem domina determinada região por possuir algumas riquezas minerais como, por exemplo, o petróleo e a água. A expansão do agronegócio no campo faz com que os camponeses percam suas terras para os latifundiários, tendo de deixar o campo ou acabam se tornando empregados rurais. Essa injustiça no campo fez surgir o MST (Movimento Sem Terra), o maior movimento popular do nosso país. Fazendo protestos e ocupações, mostra para a sociedade a problemática do campo e colocam na pauta do dia a reforma agrária tão esquecida por nossos governantes e pela nossa sociedade. Mas, essas ações geram na elite muito ódio e, conforme vemos nos noticiários, muitos conflitos armados e mortes ocorrem no campo.

No trânsito vemos motoristas imprudentes dirigindo em alta velocidade e muitas vezes bêbados. Assim, muitos acidentes de trânsito ocorrem em nossas rodovias causando mortes e violência. Os grandes congestionamentos geram estresse e qualquer imprudência de outro motorista é motivo para fazermos gestos obscenos, xingamentos, humilhações e muitas vezes partir para a violência física.

O preconceito também é outra forma de violência. Preconceito contra os negros, os indígenas, os muçulmanos e os judeus estão ecoando cada vez mais forte no mundo inteiro. Ainda existem no mundo grupos neo-nazistas que pregam a supremacia de uma determinada raça sobre a outra.

As religiões que não se entendem e não se respeitam. Acreditam apenas em suas verdades e atacam os demais credos religiosos que não pensam de acordo com os seus dogmas. Isso gera mais intolerância e a divisão da sociedade. Principalmente, dentro do cristianismo temos muitas igrejas que não se respeitam. Guerras entre católicos e protestantes, e a disputa televisiva entre igrejas protestantes faz com que as pessoas deixem de ser instrumentos de paz para serem objetos de morte e de guerras.

Agora, não é só fora de nossas casas que ocorrem práticas de violência. Dentro de nossas famílias essas práticas também ocorrem com freqüência. É o marido que trai a esposa ou a esposa que trai o marido. É a falta de diálogo entre pais e filhos. É o desrespeito entre os familiares, seja por agressões verbais, seja por violência física, onde muitas mulheres acabam sendo vítimas de agressões de seus esposos.

Este artigo não tem a pretensão de relacionar todas as formas de violência que existem no mundo. Mas, tem a missão de questionar sobre as nossas ações. Será que eu estou sendo instrumento de paz no mundo? No meu trabalho? Na vida em sociedade? Na minha família? Sou uma pessoa que busca o diálogo? Sou uma pessoa que procura transmitir amor, felicidade e alegria para as pessoas?

Será que não estamos pensando apenas em nossas vidas e o resto que se dane? Será que não queremos apenas acumular riquezas, enquanto o nosso semelhante passa por situações de miséria? O que fazemos para mudar o mundo? Será que um mundo de paz é possível? Será que é possível acabar com a injustiça e esse capitalismo predatório que coloca milhares de pessoas na extrema pobreza, e que está destruindo o nosso meio ambiente?

A Campanha da Fraternidade deste ano traz à tona o debate sobre a segurança pública e a violência crescente no mundo todo. Mas será que não temos um pouco de culpa pelo mundo estar desta forma? A paz é fruto da justiça e precisamos acreditar que podemos colher esse fruto porque ele é bom, gera felicidade e confiança no ser humano. Por isso somos chamados de seres humanos. Não somos seres de pedra, nem seres primitivos. Somos humanos e precisamos exercer uma postura positiva neste sentido. Sentido este que leva ao amor ao próximo e a prática da não-violência pregada por Jesus Cristo, Gandhi e Martin Luther King.

A mudança está em nós mesmos. Somos responsáveis pela vida deste mundo. E esta sustentabilidade se dá através da pratica da paz, do perdão, do respeito e do amor.
Autor: Marcelo Castilho


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