Globalização e seus efeitos sobre a natureza: invasão do Mexilhão Dourado no reservatório da usina de Itaipu



O fenômeno da globalização tem por característica fundamental a integração e o intercâmbio invariável entre elementos peculiares de cada região do mundo. Sabe-se que a globalização teve seus primórdios no século XV, quando impelidas pelo período mercantilista iniciaram-se as grandes navegações com o objetivo de ampliar as fronteiras comerciais da época. E desde esses tempos a globalização desencadeou-se nos mais distintos campos – culturais, políticos, econômicos, etc. Tal homogeneização mundial, dentre seus pontos positivos e negativos, acabou por deflagrar o rompimento de certas barreiras, cujas significavam e exibiam a identidade de seus povos. Uma das figuras representativas que está seriamente sendo perdida é a identidade ecológica de cada território. Inúmeros ecossistemas, sob a influência da globalização, sofrem intensamente pela interferência desta comunhão internacional. Esse problema ecológico é retratado, especificamente, no caso do Mexilhão Dourado, espécie aquática que invadiu a América do Sul, e que atualmente afeta em particular o lago de Itaipu.

O Mexilhão Dourado – Limnoperma fortunei ( nome científico ) – é um molusco natural da China e Sudoeste da Ásia. Sua introdução acidental nos ecossistemas aquáticos sul-americanos ocorreu por intermédio dos navios mercantes, os quais pelas águas de lastro carregaram tragicamente o mexilhão e suas larvas. A primeira constatação de contaminação em águas latinas foi verificada no rio da Prata, em 1991, desde então sua disseminação e proliferação vem se acentuando cada vez mais, e nota-se que a espécie já pode até ser encontrada, segundo notícias, em bacias do Pantanal.

No reservatório de Itaipu especula-se que sua aparição tenha se dado pelo transporte de barcos – através de incrustações– com destino ao lago, considerada a mais provável. O mexilhão por si só se reproduz ligeiramente, entretanto, sua dispersão só alcançou patamares tão elevados por uma razão muito simples: não possuía um predador natural, fator que inibiria seu crescimento.

A incursão do Limnoperma fortunei atingiu negativamente várias atividades da usina de Itaipu e da região lindeira, como:

üobstrução de sistemas de resfriamento e perda de tanques-rede;

üinvasão de tubulações de abastecimento de água e de captação para a irrigação;

üperda de estruturas flutuantes destinadas ao lazer por excesso de peso, etc.

De modo geral, esse caso evidencia uma verdade, a verdade de quanto tênue é a linha divisora entre o equilíbrio ecológico e sua conservação, situação que nos conclama a ter sobre o planeta um notável respeito e conhecimento, de maneira sempre a estimar tanto o valor intrínseco da natureza bem como sua necessidade à sobrevivência da humanidade, qualificando o homem como parte de um contexto da Terra e não como um componente isolado dela, de forma que nossas ações sobre o ambiente, sejam ruins ou não, terão inevitavelmente um retorno, conforme prescreve a lei de ação e reação.
Autor: Eduardo Lied


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